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Setor de serviços poderá salvar Rondônia
Segunda-feira, 02 Abril de 2012 - 12:21 | José Armando Bueno
O único setor da economia brasileira que avança sem olhar para o retrovisor é o dos serviços, e o que tem sustentado de forma consistente a geração de novos postos de trabalho. Mais, o setor de serviços apresenta rentabilidade 50% superior ao do comércio em todos os estudos sobre desempenho. Rentabilidade é o fator que determina a qualidade da saúde de qualquer empreendimento, jamais o lucro. Lucro é a obrigação básica de geração de qualquer negócio, depois do cliente. Sem cliente, não tem negócio. Sem lucro, não tem empresa. Com rentabilidade, é o universo eldorado dos empreendedores.
Toda economia em qualquer lugar do planeta, um dia começou pelas bases ou da indústria ou do comércio, mas o que garante o futuro é o setor de serviços. Uma economia baseada em produtos, que é o caso de Rondônia e especialmente Porto Velho, não terá futuro caso não incorpore o setor de serviços em sua estrutura. E rápido. A indústria tem requisitos muito bem definidos para sua instalação e manutenção competitiva, e neste particular estamos na idade da pedra. Em todo o país a indústria vem perdendo participação e trava guerra intergaláctica com os players do oriente. Alguns dos principais industriais chineses já transferem complexos inteiros para o Vietnã, Camboja e países periféricos com mão-de-obra mais barata, pois perderam competitividade na própria China. O comércio não garante posições econômicas longas, saudáveis e competitivas (leia-se lucro e rentabilidade), pois a competição transcendeu as ruas, os shoppings e as bibocas em todas as áreas. Compra-se de tudo pela internet, mais rápido, mais barato. Sobre o agronegócio, vou tratar mais lá na frente, pois envolve de forma sensível esta nossa Rondônia.
O setor de serviços é formado por uma teia gigantesca e complexa de atividades como alimentação (desde restaurantes, lanchonetes, bares, até empresas especializadas no fornecimento de refeições); escritórios de serviços administrativos (os mais diversos); informática e tecnologia (desde serviços para o setor, ao desenvolvimento de tecnologias, softwares, serviços de internet); comunicação e publicidade; locação de uma lista infindável de produtos e até fornecimento de mão-de-obra; reformas (desde encanadores, pintores até reformas da construção civil); logística e distribuição; serviços de reparos automotivos (uma lista enorme de negócios); transportes (desde transporte público até aluguel de veículos diversos, inclusive aeronaves); entretenimento (todo tipo de diversão, desde cinemas, teatros, atividades culturais, shows); profissionais liberais de todas as atividades. E a lista não para de crescer, mas uma área do setor de serviços é a base de toda a cadeia: EDUCAÇÃO. Explica-se: o principal insumo do setor de serviços é a mão-de-obra, que prefiro denominar cérebro-de-obra, pois um corpo sem cérebro que pense e saiba o que está fazendo, já sobra na indústria e no comércio, mas no setor de serviços inviabiliza qualquer iniciativa.
Em Rondônia o setor de serviços patina, não decola. A maior dificuldade está na falta de cérebros-de-obras que estejam bem qualificados e muito bem preparados. Cursos existem, mas faltam muitos ainda e a qualidade de boa parte é duvidosa.
Quando nossa economia, principalmente de Porto Velho pela estrutura demográfica, atingir taxa superior a 60% de participação do setor de serviços, poderá ter início um novo ciclo de desenvolvimento.
Para Rondônia crescer e sobreviver no longo prazo é fundamental que o setor de serviços tenha estímulos intensivos para o surgimento, desde a desburocratização e a desregulamentação responsável, até a definição de um novo desenho de ocupação dos espaços urbanos, o estímulo e o fomento através de recursos financeiros. Mais especialmente, a criação de um ambiente de negócios favorável. Os agentes públicos responsáveis por tudo isso estão centralizados no governo do estado e nas prefeituras. A inoperância (leia-se incompetência) para a criação de bons ambientes de negócios em Rondônia é gritante. Empreendedores correm riscos, mas riscos calculados, e muitos deles (e eu os conheço) estão preferindo levar seus recursos e novos negócios para outras praças como Rio Branco, Manaus, Cuiabá, Florianópolis, Maceió e por aí vai.
O agronegócio, que poderia estimular sobremaneira o setor do comércio e potencializar sobremaneira o de serviços, também patina. O negócio da pecuária está nas mãos da maior empresa de carnes do mundo. Quando se tem praticamente um único comprador para um negócio, isso se torna uma escravidão branca. A piscicultura floresce, mas ainda carece de infraestrutura e cadeia produtiva integrada para prosperar além das ilhas de eficiência existentes em Rondônia. A agricultura de base familiar com explosivo e grandioso potencial de crescimento, não tem um plano, ou tem planos ruins demais. Qualquer negócio só pode surgir e florescer quando se tem mercado, clientes. No caso específico da agricultura, tenho insistido na necessidade estratégica para a criação de centrais de abastecimento, uma em Ji-Paraná, outra em Porto Velho. O poder de compra e de organização do mercado das centrais de abastecimento é sobejamente conhecido em todo o mundo e no Brasil, menos em Rondônia, um dos dois únicos estados que não tem tal estrutura. Até o Acre tem uma, pequena sim e proporcional à sua estrutura, e que funciona muito bem.
Então meus amigos, leitores, apoiadores, críticos, gestores, prefeitos e o governador, tudo está à frente para ser feito, todas as oportunidades estão claramente postas, mas falta a ação. Sem ação, nada acontece. Temos todo o potencial para interromper o desastre de um novo fracasso econômico de Rondônia, claramente sinalizado, por não ter aproveitado o ciclo atual. O setor de serviços poderá ser a plataforma de salvação e redenção de Rondônia até 2020. Vamos trabalhar?
Quer falar comigo? Escreva para: buenoconsult@gmail.com
P.S.: Nesta segunda-feira tem início o programa de Gestão de Metas com Indicadores de Desempenho. Ainda tenho algumas vagas. Quer participar? Ligue 8466-7005. É preciso treinar intensivamente, suar a camisa, para não sangrar no campo de batalha, como diz o cantor e compositor inglês Colonel Red. E o campo da batalha dos negócios em Rondônia está cada vez pior. Vamos treinar? Veja abaixo a programação.
http://issuu.com/buenoeduca/docs/programa2012-1
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