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Governo deve mais de R$ 180 milhões sem nenhuma obra concluída com recursos próprios - Por Ivonete Gomes
Quarta-feira, 15 Outubro de 2014 - 15:47 | Ivonete Gomes
Relatórios de Gestão Fiscal e compensações revelam rombos nos cofres públicos e obras feitas pelas usinas
Como chamar o chefe do poder Executivo de uma unidade federativa do Brasil, um governador, de mentiroso? Por educação e respeito não o faremos. Vamos somente analisar o conceito da palavra mentira, navegar por alguns números e chamar a atenção do leitor para o maior ensinamento do marqueteiro nazista, Joseph Goebbels, de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.
Mentira é uma afirmação ilusória que se faz na tentativa de que o ouvinte acredite nela. Mentir é falar ou dizer algo contrário à verdade. É alguma coisa mais ou menos parecida com o que Confúcio Moura fez no dia 1 de novembro de 2010 ao afirmar que José Batista, tido como algoz dos servidores públicos no governo Bianco, não faria parte do seu governo. Aos mais esquecidos, Batista foi o secretário adjunto da Saúde de Moura preso na Operação Termópilas, a mesma que levou para a cadeia o ex-presidente da Assembleia, Valter Aráujo, e o afilhado de Confúcio, Rômulo da Silva Lopes, por desvio de milhões da Saúde pública.
Mas, deixemos o passado de lado para analisarmos do presente, comparando o que diz o governador de Rondônia nas propagandas e o que mostram os relatórios de Gestão Fiscal e de compensação das usinas no Madeira.
Confúcio Moura x Tribunal de Contas do Estado. Quem diz a verdade?
Confúcio Moura afirma ter assumido um governo endividado em mais de R$ 450 milhões. Já o relatório de gestão fiscal do Poder Executivo no período de janeiro a dezembro de 2010 mostra que Rondônia, além de não ter dívidas, tinha em caixa mais de 3 milhões de Reais, mesmo após a inscrição de despesas em restos a pagar. (confira abaixo). “O regime encontra-se equilibrado, uma vez que as contribuições são suficientes para cobrir os compromissos do exercício” – disse o Tribunal de Contas do Estado em Decisão do Pleno sob o Número 146/2011. Confira:
Confúcio Moura x Relatório de Gestão Fiscal. Quem diz a verdade?
Confúcio Moura alega que Rondônia está com contas equilibradas e em pleno desenvolvimento. Mantém o discurso de probidade e austeridade.
Não é isso que mostram os números do Relatório de Gestão Fiscal e o Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa apresentados no dia 04 de agosto deste ano. Na página 01 do documento o rombo é claro.
O governo tem dívidas que ultrapassam a casa dos 274 milhões, mas só tem 87 milhões em caixa. O déficit, portanto, passa de 186 milhões. São compromissos que o governador Confúcio Moura dificilmente conseguirá quitar porque são rombos que surgiram já no primeiro ano de gestão quando ele usou dinheiro fictício para manipular a Lei Orçamentária Anual. (http://www.rondoniagora.com/noticias/governo-usa-dinheiro-fantasma-e-causa-rombo-de-quase-ru-169-milhoes-2012-10-20.htm).
Técnicos do Poder Legislativo encaminharam os números para o Ministério Público do Estado, inclusive com denúncias de suplementações sem autorização dos deputados.
Dessa forma, descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, Confúcio Moura, que tanto preza a Lei da Ficha Limpa estará impedido por ela a ser candidato nas próximas eleições. Não se trata de ilação, mas de pura matemática já que dinheiro não dá em árvores.
Ao se comparar a Juscelino Kubitschek, o governador de Rondônia chega a ofender a imagem do político visionário que construiu a capital do País. Rondônia está parada e ficando cada vez mais endividada.
Melhorias na Saúde: Confúcio Moura ou as usinas do Madeira?
O governador alardeia melhorias no setor da Saúde que vão de reformas e ampliações nas maiores unidades hospitalares a compra de equipamentos.
Na verdade, o relatório de obras realizadas pelas usinas como forma de compensação mostra que nada foi feito pelo governo. Foram as usinas que construíram a cozinha/refeitório do Hospital de Base, adquiriram central de materiais de esterilização, reformaram a psiquiatria, ergueram o novo bloco da UTI e da enfermaria, o estacionamento externo, o bloco de estacionamento externo, abrigo para resíduos sólidos, instalações de prevenção e combate a incêndios, além de reforma dos corredores principais, construção de bloco de almoxarifado, salas de aula, auditório, alojamento médico e bloco de lavanderia. Ou seja, Confúcio Moura não fez absolutamente nada de melhorias no Hospital de Base.
O governador também diz que construiu o Hospital Cosme Damião. Outro “equívoco” do nobre Confúcio. Quem fez e bancou a obra orçada em R$ 5 milhões, 933 mil, 952 reais e 83 centavos foram os consórcios das usinas do Madeira. Aliás, Jirau e Santo Antônio pagaram até pela aquisição de material permanente da UTI Neonatal do Ary Pinheiro.
Resta-nos saber onde foram aplicados os recursos próprios do estado.
Por fim, se por respeito não se pode chamar um governante de mentiroso, resta-nos a esperança de que Confúcio Moura seja apenas, e tão somente, um homem ou equivocado ou mal assessorado e que o povo não sofra da lavagem cerebral das ladainhas repetidas mais de mil de vezes.
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