Cidades
Escola organiza desfile para lembrar Dia Nacional da Consciência Negra
Segunda-feira, 21 Novembro de 2016 - 09:06 | da Redação
A Escola Estadual Monteiro Lobato, em Ouro Preto do Oeste, promoveu um animado desfile para a escolha da Garota e Garoto Afro Cultura. A estudante Kaoane Victoria Venâncio Ribeiro, de 13 anos, do 6º ano, e o aluno Guilherme dos Santos Souza, 14 anos, aluno do 7º ano, foram eleitos em uma escolha bastante democrática. O desfile faz parte da programação alusiva ao Dia Nacional da Consciência Negra, que é comemorado no último domingo (20), no Brasil.
Kaoane e Guilherme são dois belos adolescentes bastante conscientes do papel que irão exercer na escola a partir da conquista do título, e ambos têm a missão de elevar ainda mais a personalidade dos demais alunos com estereotipo afrodescendente no âmbito escolar, que ora ou outra se sentem discriminados. O desfile foi marcante, e a equipe gestora da instituição está de parabéns.
Valorização
O racismo e o preconceito estão presentes no ambiente escolar brasileiro, infelizmente ainda são encontrados em salas de aula, e de maneira silenciosa crianças e adolescentes de cor sofrem bulling severo, e os que não têm uma personalidade mais forte, ou uma condição social mais favorável, se abalam psicologicamente prejudicando o seu desenvolvimento escolar e social.
A vida escolar de muitos estudantes negros é marcada por eles lidarem com essas diferenças, pois são xingados, sentem-se humilhados e expostos à situação vexatória que transfere sentimento de desvalorização e rejeição a própria imagem.
A aluna Kaoane Victoria reviveu momentos terríveis de seu período escolar quando assistiu reportagem recente sobre a postagem de uma cidadã norte-americana, Pamela Ransey Taylor, ter publicado em seu perfil do Facebook que comparava a primeira dama Miclhelle Obama a uma “macaca de saltos”, após a eleição do candidato republicano Donald Trump.
A adolescente ouro-pretense revelou durante o desfile em sua escola que já foi comparada a animais, e já ouviu xingamentos tipo “preta do capeta” e “diabo negro”. “Sofri por cinco anos por isso, aí fui deixando, não fui ligando pra quem me xingava e passei a ouvir as opiniões boas. Superei e isso diminuiu”, contou a adolescente.
Já com os alunos do sexo masculino os ataques discriminatórios também acontecem, porém são menos hostis, e se dão no âmbito de brincadeiras com resposta à altura, conforme revela o Garoto Afro Cultural Guilherme. “É mais na brincadeira, e às vezes quando é ofensiva a gente sente e não tem como não ficar chateado”.
O diretor da escola, Luiz Carlos Polini, destaca que as diretrizes curriculares estabelecem que a diversidade cultural do país deva ser trabalhada no âmbito escolar, mas infelizmente há situações equivocadas por membros da sociedade em que vivemos valorizando outro estereótipo, resultando de maneira negativa na invisibilização do negro. “Ocorre diariamente um efeito bastante perverso, onde as crianças negras nunca se veem e o que elas olham é sempre diferente delas”, aponta o professor Polini.
Para o gestor, o Dia da Consciência Negra também coloca em pauta a importância de as escolas discutirem a temática negra.