Cidades
Obra tira 100 mil do isolamento
Domingo, 23 Março de 2014 - 11:47 | RONDONIAGORA
Estrada Parque vai permitir escoamento da produção e ajudar vítimas das cheias de Nova Mamoré e Guajará-Mirim
Cerca de 100 mil pessoas residentes nos distritos, assentamentos e pequenos lotes de terra ganharão uma nova via de escoamento da produção e transporte nos próximos 10 dias. Uma grande frente de homens e máquinas do Departamento de Estradas de Rodagens (DER) já está na BR-421 para construir 11,5 quilômetros dentro do Parque Natural Guajará-Mirim, cuja liminar de interdição foi derrubada na Justiça Federal e a obra autorizada pelo governador Confúcio Moura (PMDB). Essas famílias vivem hoje em completo isolamento porque não há uma ligação terrestre entre Buritis e Nova Mamoré, apesar de parte da estrada, que está fora da unidade de conservação, estar construída.
Segundo cálculos do diretor-geral do DER, Lucio Mosquini, que conheceu a pé o trecho junto com uma equipe de engenheiros, cerca de 150 quilômetros serão economizados entre Porto Velho e Nova Mamoré. “Mas não é apenas a redução da viagem entre os dois municípios, mas o grande benefício é tirar do isolamento centenas de famílias”, explicou o diretor do DER. E ele não está errado. Muitas pessoas, vítimas de acidentes nessas localidades, acabaram falecendo por falta de estrada de acesso rápido aos centros de saúde do Estado. O DER enviou para o local 20 equipamentos e 40 servidores para cumprir em 10 dias o serviço.
O trecho tem 3 pontes sobre os rios Vertente, Oriente e Formosa. Lucio determinou a construção de pontes de madeira para garantir o acesso na região. Na jornada a pé junto com engenheiros, Lucio atravessou um dos rios em uma pequena balsa improvisada de madeira puxada por um cabo de aço. O deputado estadual Edson Martins (PMDB-Urupá), que acompanhava o grupo, acabou caindo no rio. “Veja que perigo os moradores daquela região são expostos todos os dias para viajar neste trecho”, observou Mosquini.
A dificuldade de acesso é tão grande que para o leitor ter um exemplo Jacinópolis, distrito de Nova Mamoré, fica 700 quilômetros da sede do município. Isso ocorre hoje porque não há uma estrada aberta ligando a cidade ao município, realidade que agora vai mudar com a decisão da Justiça Federal em permitir a abertura do acesso pelo Parque Guajará-Mirim.
Morador da região desde 2006, Darli Berguer, 49, espera há 10 anos pela abertura da estrada. “Acredito que a abertura da estrada deve impulsionar a economia da região. É lamentável que tenha havido a enchente do rio Madeira e posterior isolamento de Nova Mamoré e Guajará-Mirim para que as autoridades de Brasília autorizassem a abertura da estrada”, explicou o lavrador. José Marcos Gular, agropecuarista, morador da região há 12 anos, acredita que a estrada vai mudar tudo para a região. “Buritis e toda sua região, principalmente Jacinópolis, deixam de ser fim de linha”, brinca.
Economia na região baseada na pecuária
A economia na região beneficiada com a abertura da chamada Estrada Parque tem grande potencial de crescimento. Hoje a base do sustento das famílias são pequenas lavouras e a criação de gado. Em 2013, a Agência de Defesa Sanitária do Estado (Idaron) cadastrou 110 mil cabeças nas propriedades do distrito de Jacinópolis e não estava incluso os animais inscritos no escritório de Buritis, mas que são alimentados naquele distrito. “Tudo muda com essa estrada”, comemora o pecuarista Mauro Pacheco, morador da Linha Eletrônica. Só na região há 3 postos de combustível e um quarto está em fase de implantação. “Agora a tendência é crescer mais ainda”, acrescentou.
Um triste fato foi relatado pelo agricultor José Carlos. Ele fala que o senhor Orlando do Areireiro, fundador de Jacinópolis, sofreu um infarto no meio da mata quando seguia para Nova Mamoré onde tentaria sua aposentadoria. Seu corpo foi amarrado em uma motocicleta para ser transportado de volta ao distrito para o enterro. “Foi muito desesperador”, explicou José Carlos.
Obra em 10 dias
O governador Confúcio Moura (PMDB) e o diretor do DER, Lucio Mosquini, conversaram com moradores da região e ouviram dezenas de relatos do sofrimento dos agricultores e pecuaristas com a falta de estrutura. Confúcio garantiu que em 10 dias as obras estarão concluídos inclusive com as pontes instaladas. “Esse também é nosso compromisso”, enfatizou Mosquini.