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Adoção diminui em Rondônia: Vara ensina autonomia para jovens não selecionados até 18 anos
Domingo, 04 Setembro de 2022 - 09:15 | por Thaynara Godinho, especial para o Rondôniagora
A Vara de Proteção à Infância e Juventude de Rondônia vem realizando ações dentro do lar de acolhimento de crianças doadas para adoção e ressocialização. Desde a alfabetização, cuidados com a saúde, eles também criaram um sistema de cuidados psicológicos para todos que dependem do ambiente para viver.
No local do acolhimento é trabalhada autonomia de cada pessoa, além de ações estratégicas identificando e apresentando diversas áreas para que possibilite a entrada de cada um no mercado de trabalho.
Essa estratégia serve para que o jovem-adulto já tenha caminhos para seguir, caso não tenha sido adotado até a maior idade (18 anos), fazendo com que ele possa ter renda, lar e independência como adulto na sociedade.
Uma pequena parte desses jovens-adultos não se enquadra nesse aspecto devido à saúde mental fragilizada e uma independência sem desenvolvimento mesmo com os estímulos. Sendo assim eles não são inseridos na sociedade, e continuam na instituição mesmo após a maior idade.
Um dos fatores que as mantém com outras crianças ali dentro é o fato da capital não possuir repúblicas destinadas para essas pessoas conviverem com outras também da maior idade, levando mais uma dificuldade aos que enxergam “parceiros” indo para novos lares enquanto os mesmos ficam sabendo que mais nada será possível.
Segundo a Maria de Fátima chefe da Seção de Colocação Familiar do Núcleo Social da Vara, esses casos são menores e mesmo sem condições de encaminharem para outros lugares, o lar acolhe para que o indivíduo fique bem onde cresceu.
“A maioria vai sendo trabalhada para autonomia e auto-independência a partir dos 18 anos, fazemos isso para elas seguirem suas vidinhas após o encerramento do acolhimento institucional”.
Queda na procura
Nos últimos anos tem diminuído drasticamente a procura por adoção em todo estado de Rondônia. Segundo a equipe da Vara de Proteção, os números já não eram tão positivos trazendo no máximo 17 adoções por ano. Hoje o processo final de entrega não chega a mais de 10 por ano, fazendo uma nova preocupação surgir e dando a possibilidade de trabalharem outras estratégias.
Para resolver esse impasse a equipe trabalha bastante com a reassociação. É uma prática menos burocrática já que a guarda será passada para alguém de dentro da família, mas que tenha condições financeiras e psicológicas para acolher a criança.
Burocrático e necessário
O processo de adoção é realizado de uma forma ampla e protetora para que a criança ou o adolescente que for encaminhado, seja certamente entregue a uma família que consiga suprir todas suas necessidades sociais e emocionais.
Para isso existe todo um processo de filtro, começando pelo sinal de interesse dos futuros pais, nessa situação os interessados devem ir presencialmente apresentar a proposta de adoção e o motivo do interesse. Com a documentação em mãos, estudos são realizados verificando o histórico desse candidato mostrando se está ou não apto para abrigar a criança.
Após toda documentação ser aprovada, a própria Vara oferece cursos para a adoção, ensinando os futuros pais ou mães cuidados básicos, situações rotineiras, dicas de comunicação e até mesmo de como segurar o bebê dependendo da idade. Além das técnicas, as entrevistas presenciais são realizadas e somente após essas aprovações eles estarão enfim na fila de espera.
Na fila os pais aguardam até que uma criança ou adolescente sejam disponibilizados de acordo com o perfil dos candidatos. Quem faz essa triagem é o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, acionando os pais e permitindo que possam levar o tão esperado filho para o próprio lar.
“ A adoção pra mim é uma modalidade de encontros de vidas que podem acontecer em diversas modalidades de relações, uma delas na relação parental, entre pai, mãe e filhos. Nessa condição seria um parto, parto adotivo já que não existe diferença”, diz psicóloga chefe da Seção de Colocação Familiar do Núcleo Psicossocial da Vara de Proteção à Infância e Juventude de Porto Velho , Maria de Fátima Batista de Souza, na foto ao lado, treinando candidatos.
“Os cuidados de socialização acontecem em todos os lugares, não existe nada de diferente. Nas escolas, no condomínio, no bairro onde moramos, todas são situações adotivas, ações de convivência e aceitação social”, finaliza.
Uma nova vida
Valdenia Guimarães (foto) entrou nessa fila há mais de 11 anos, conquistando o grande sonho de ser mãe do pequeno Vinicius, recebendo ele em seus braços com apenas 2 anos de vida.
Anos se passaram e a mãe novamente procurou o atendimento em busca de conhecer e criar sua filha mais nova. Flor chegou com apenas 5 meses de vida e completou tudo que faltava na vida de Valdenia.
A mãe que é assumidamente LGBTQIA+ se orgulha de quem se tornou ao lado dos tão amados filhos, ensinando o que é certo e errado, também deixando claro que sua opção sexual nunca será prejudicial à sua e nem outras famílias.
Primeiros passos
Segundo informe do Tribunal de Justiça, Quem deseja se inscrever para se tornar um adotante, deve procurar o Juizado da Infância em sua comarca e colher informações sobre os procedimentos para participação no Curso de Preparação para a Adoção, que possibilita que a pessoa faça parte do Cadastro Nacional de Adoção, passo essencial para a conquista da nova família.