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No aniversário de 103 anos de Porto Velho, memorialista conta história da capital de Rondônia
Segunda-feira, 02 Outubro de 2017 - 06:00 | por Marilza Rocha
De um município acanhado, dominado pelos americanos em 1914, sem uma população expressiva, Porto Velho se transformou numa metrópole, tem um dos maiores portos do Brasil, é rica em turismo e o agronegócio movimenta a economia das agroindústrias. É assim a definição da cidade pelo memorialista Anísio Gorayeb, que também é jornalista e economista.
O município era acanhado, não tinha uma população expressiva, mas já tinha o domínio americano porque até então o idioma de porto Velho era o inglês. Só para se ter uma ideia, toda a documentação da Madeira-Mamoré era em inglês. Na época os diretores da ferrovia eram todos americanos. Anísio Gorayeb lembra que o primeiro jornal impresso em Porto Velho foi publicado em inglês no ano de 1909, e chamava-se “Porto Velho Times”.
Foi no dia 2 de outubro de 1914 que a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas aprovou a Lei 756 para criação do município de Porto Velho. O então governador do Amazonas, Jonatas Pedrosa, queria que Porto Velho, deixasse de ser distrito de Humaitá. A partir dessa data a cidade passou a ser um novo município do Estado do Amazonas. Isso em plena primeira guerra mundial.
O município era acanhado, não tinha uma população expressiva, mas já tinha o domínio americano porque até então o idioma de porto Velho era o inglês. Só para se ter uma ideia, toda a documentação da Madeira-Mamoré era em inglês. Na época os diretores da ferrovia eram todos americanos. Anísio Gorayeb lembra que o primeiro jornal impresso em Porto Velho foi publicado em inglês no ano de 1909, e chamava-se “Porto Velho Times”.
Com a criação do município foi nomeado o primeiro prefeito, que naquela época chamava-se de superintendente. Propositadamente foi nomeado um major do Exército, para enfrentar os americanos, uma vez que eles tinham concessão da exploração de toda a região. Esse major, que foi nosso primeiro superintendente, chama-se: Fernando Guapindaia de Souza Brejense. Segundo relatos do memorialista, o prefeito de Humaitá nunca veio aqui incomodar os diretores da Madeira-Mamoré, eles faziam o que bem entendiam na cidade e região.
Foram eles que fizeram as primeiras casas, os grandes casarões de madeira de pinus, as ruas, enfim eles fizeram a cidade e com a criação do município começou um grande impasse na divisão de poder entre o prefeito e os americanos.
Só para se ter uma ideia a cidade foi literalmente dividida. Para evitar conflito Porto Velho tinha uma rua divisória que era a Presidente Dutra, onde foi construída uma cerca, sendo da Presidente Dutra (perto da Unir) até o rio Madeira era o lado americano. Dali pra cima o lado era brasileiro.
Mas em 1922 em comemoração ao centenário da independência do Brasil foi construído do lado brasileiro um Obelisco. Hoje fica no centro da praça Getúlio Vargas em frente ao palácio do governo, do lado brasileiro depois surgiu o palácio e em volta do obelisco a praça.
Posteriormente a cidade começou a se desenvolver e a rua divisória perdura até 1931, ano que foi nomeado o primeiro diretor brasileiro da ferrovia Madeira Mamoré, que foi o então tenente Aluízio Ferreira. Só então acabou com a rua divisória e Aluízio Ferreira dizia que aqui tudo era Brasil.
O major Guapindaia foi o primeiro prefeito nomeado de Porto Velho e ficou no comando até janeiro de 1917 porque em novembro de 1916 tinha sido eleito o primeiro prefeito, que era o médico chamado Joaquim Augusto Tanajura.
A partir daí Porto Velho passou a ter uma vida mais fervorosa e o interessante que ainda não existia uma sede da prefeitura. Na época eram usados os casarões de madeira e somente em 1924 é que o município consegue comprar o sobrado que pertencia ao português João Soares Braga, localizado na ladeira comendador Centeno (Rua José Bonifácio) como era conhecida.
A prefeitura funcionou no local durante 40 anos e depois a Câmara dos Vereadores instalou-se no mesmo prédio em 1970. Foi a partir daí que o povo começou a ter orgulho da cidade que de fato existia um prédio de alvenaria de dois pavimentos. O trecho compreendido entre as ruas José do Patrocínio até a Barão do Rio Branco foi o primeiro trecho calçado de paralelepípedo porque era a rua da prefeitura de Porto Velho.
Autor do livro “Doces Lembranças” que conta um pouco da história de Porto Velho nos anos 60 e 70, o memorialista Anísio Gorayeb, destacou que a Capital de Rondônia vem se desenvolvendo a passos largos, tem uma agricultura diversificada, aqui tudo de planta e se cria, tem as riquezas do rio Madeira, as florestas.
Na opinião dele só falta um pouco de atenção dos órgãos públicos para melhorar o cartão postal da cidade e a questão do saneamento básico. Mas ele disse que acredita na determinação do novo prefeito Hildon Chaves.