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Capacitação e oportunidade de trabalho possibilitam a reinserção de reeducandos à sociedade, destaca Sejus
Segunda-feira, 29 Junho de 2015 - 14:50 | Montezuma Cruz / Decom / Governo
Os degraus da reinserção social de reeducandos começam pela sua ocupação em algum tipo de trabalho. Por força da lei, cerca de 600 deles estão contratados por empresas públicas e privadas em Rondônia. Grande parte foi treinada e capacitada para diferentes atividades, notadamente artesanais e da construção civil.
O atual quadro dessa situação foi mostrado nesta sexta-feira (26) pelo secretário-adjunto de Justiça, João Bosco Costa, com ênfase para objetivos pedagógicos da política penitenciária estadual, apoiada e fiscalizada pelo Ministério da Justiça e Conselho Nacional de Justiça (CNJ), depois de diversas crises prisionais ao longo de uma década.
Costa apelou à sociedade para melhor compreensão da legislação e de direitos à reinserção, mencionando o mote “ninguém nasce marginal”.
“Em respeito à Lei de Execuções Penais, o modelo adotado pelo governador Confúcio Moura pretende superar dois problemas que ainda persistem em grande parte dos estabelecimentos penais brasileiros: superlotação e falta de oportunidade de trabalho”, assinalou.
“O desencarceramento e a volta ao convívio da sociedade são possíveis, por meio do teatro, da religião, do voluntariado, da participação comunitária; o trabalho interno ocupa a mente de quem está no regime fechado, e beneficia sobremaneira os que estão o regime semiaberto, em vias de concluir a pena”, disse Costa.
Para ele, o apoio de associações de proteção e assistência a condenados, como a Acuda e a Apac, reforça as metas de reinserção social e da segurança da sociedade em Rondônia. As melhorias são acompanhadas pelo Conselho Nacional de Política Penitenciária.
“A Sejus acredita que, no momento em que não houver reincidência, a pessoa deixa de cometer atos de violência interna e rebeliões. A sociedade precisa ver isso”, apelou.
Na visão de Costa, a complexidade do sistema prisional pode ser atenuada pelo enfrentamento de dificuldades. Lembrou que o governo responde à intervenção da Corte Interamericana de Justiça para que Rondônia tomasse medidas corretivas a situações, até de barbáries [a exemplo das execuções de apenados por eles próprios, no Presídio Urso Branco em 2006].
Ele lembrou que desde 2005 o CNJ exige dos estados ações mais fortes e eficazes, e a partir daí, os presídios [Aruana e Vale do Guaporé entre eles] não mais se limitam a projetos arquitetônicos; obrigatoriamente, eles passam a ter salas pedagógicas, oficinas de trabalho, gabinetes de saúde e saneamento próprio.
A situação de saneamento prisional é agora administrada pela Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd) e a saúde da população carcerária está sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde. Um dos avanços notados desde 2014 foi a pesquisa de casos de tuberculose e a melhor maneira de controlá-los internamente.
FÁBRICA E FAZENDA
Contratos de trabalho firmados entre a Superintendência de Gastos Públicos (Sugespe) e Secretaria de Justiça com repartições governamentais e empresas privadas se beneficiarão brevemente de galpões industriais nos quais trabalharão apenados e reeducandos. A praça do bairro Três Marias [zona leste] foi feita também por reeducandos.
“Da Colônia Ênio Pinheiro sairão tubos, bloquetes, manilhas e reforma de móveis”, reiterou.
Conforme o secretário-adjunto, dentro do princípio da responsabilidade conjunta, no âmbito da União, Poder Judiciário, Departamento Penitenciário Nacional e municípios, os poderes públicos agem desde a sentença ao tempo de prisão, acompanhamento penitenciário e remissão de pena.
Sejus e Sugespe procuram parceiros para desenvolver o projeto Fazenda do Futuro, numa área de 300 hectares. Além da biblioteca e do artesanato, outra recente conquista é a garantia do funcionamento da cozinha industrial, onde os próprios apenados e reeducandos produzirão alimentos, supervisionados por nutricionistas.
Segundo Costa, as diretrizes nacionais de justiça são executadas sob o olhar de conselhos, da Sejus, do Ministério Público, da Vara de Execuções Penais e do CNJ. “Ninguém faz nada sozinho”, reconhece.
No próximo dia 8 de julho, a Assembleia Legislativa Estadual promoverá audiência pública para debater esse novo horizonte para apenados e reeducandos em Rondônia. A pauta possibilitará o debate do ponto de vista pedagógico e do trabalho.