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Com Ordem de Serviço e dinheiro na conta, gestão Léo Moraes ignora ligação do sistema de climatização da nova rodoviária
Terça-feira, 15 Abril de 2025 - 10:01 | Redação

A nova rodoviária de Porto Velho, construída após mais de quatro décadas de espera, tornou-se símbolo de uma disputa política movida por vaidade, revisionismo e prejuízos diretos à população. Em seus primeiros 100 dias, a gestão do prefeito Léo Moraes (Podemos) tem adotado medidas sistemáticas para apagar os marcos da administração anterior, especialmente os do ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB).
O caso mais emblemático dessa tentativa é justamente o terminal rodoviário, uma das maiores obras públicas da última década na capital rondoniense. Desde as eleições de 2024, a equipe de Léo Moraes manifesta incômodo com o protagonismo de Hildon na entrega da obra. A polêmica começou ainda em dezembro, quando uma ofensiva articulada com o CREA tentou impedir a inauguração do terminal. Curiosamente, o engenheiro que liderou a ação hoje ocupa o cargo de secretário municipal de Obras.
Embora o sistema de climatização tenha sido completamente instalado ainda em dezembro, a ligação elétrica das condensadoras ficou pendente devido ao recesso da fabricante, o que impediu a finalização da obra sem comprometer a garantia do equipamento. A empresa Madecon, responsável pela instalação, aguardava apenas o retorno técnico da central.
Campanha de "desinauguração"
Com a posse do novo prefeito, a estratégia escalou: aliados da atual gestão passaram a reivindicar a obra como se fosse um feito da administração Léo Moraes. Nas redes sociais, circula a ideia de "desinauguração", com remoção de placas que registram Hildon Chaves como idealizador da obra. O mesmo ocorreu em unidades de saúde e outros equipamentos públicos entregues no fim do governo anterior.
As substituições de placas, além de simbólicas, violam princípios legais de registro histórico e ferem a continuidade administrativa — um dos pilares da gestão pública republicana.
População sob calor escaldante
Mais grave do que a disputa por protagonismo é o abandono funcional da rodoviária. Apesar da ordem de serviço assinada e do recurso financeiro já disponível em conta, a gestão atual ainda não realizou a simples ligação das condensadoras do sistema de climatização. O resultado é um ambiente sufocante, que tem gerado desconforto extremo a passageiros, funcionários e visitantes.
Relatos de usuários apontam que, apesar da estrutura moderna, o terminal virou um "forno" durante o dia. Especialistas veem a omissão como um ato deliberado de sabotagem administrativa: uma tentativa de impedir que a rodoviária opere em pleno funcionamento enquanto ainda for associada à gestão anterior.
Memória pública como alvo
A tentativa de apagar legados de gestões passadas não é novidade na política brasileira, mas em Porto Velho o cenário assume contornos alarmantes. A conduta não só empobrece o debate democrático, como compromete a preservação da memória institucional e penaliza diretamente a população.
"A vaidade política está se sobrepondo ao interesse público. É inadmissível que uma obra financiada com dinheiro do contribuinte esteja sendo subutilizada por disputa de egos", alerta um urbanista ouvido pela reportagem.
Enquanto isso, o prefeito Léo Moraes intensifica sua presença nas redes sociais, com ações midiáticas que buscam fortalecer sua imagem, mesmo que isso signifique paralisar entregas prontas, reescrever narrativas e colocar em segundo plano o bem-estar da população.
O que está em jogo não é apenas uma placa: é o respeito à história, à verdade e ao direito dos cidadãos a uma gestão eficiente, transparente e comprometida com o interesse coletivo.