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Eleições, Arte e Universidade - Por Rafael de Andrade

Sábado, 18 Setembro de 2010 - 11:44 | Rafael de Andrade


Eleições, Arte e Universidade - Por Rafael de Andrade

“Um poema, em minha opinião, está em oposição à obra cientifica por ter como objetivo imediato o prazer”


Participei dos debates que ocorreram entre as duas chapas concorrentes ao DCE, hoje no Auditório Paulo Freire no Campus de Porto Velho e sai de lá com a mesma descrença habitual que carrego. A meu ver, contrariando o discurso comum que cerca a teoria marxista (uma pseudo-opinião-intelectual), os rompantes nascem na individualidade do ser e se transformam em ondas – anjos e demônios, Fausto e Mefistófeles na manhã ensolarada, Dorian e seu retrato maldito, Oswald e sua ponta de lança irônica – que podem levar à massa ou uma forma mais coerente de organização popular a uma ação que realmente desemboque em algo útil ou prazeroso (sendo a arte a questão prazerosa). Logo, um bom leitor de Drummond entenderia que não creio tanto em representações dos estudantes e minha experiência na Universidade Federal de Rondônia me levou a observar de longe as ações das gestões dessas representações estudantis com certo receio: não sendo contra, mas vendo que estas não tocavam no ponto em que realmente queria chegar enquanto estudante e escritor.

Não faço campanha a favor de chapa alguma, avisei a todos os membros das comissões em campanha que iria cobrar promessas e principalmente as “portas abertas à conversas” que ambos me prometeram – prometeram a todos nós, estudantes. Com a leitura dos ‘panfletos’, tive minha preocupação confirmada: as propostas para as artes (em especial à literatura, meu foco principal) são fracas e/ou evasivas. Assim, participei do debate a fim de propor minha pergunta a ambas as chapas e o fiz. Questionei como elas pretendiam em suas gestões, desenvolver e fomentar as artes – como criações dos discentes, como prazer dos discentes – seus meios e seus fins.

Propuseram apoio à projetos em andamento, organizados por entidades da própria universidade. Sim, tudo bem. Mas enquanto à independência do movimento estudantil? A arte, enquanto imitação de uma dada realidade, como representação de uma força, de um sentimento vivido pelo ator/autor (Aristóteles; Tolstoi), enquanto produção independente, voz revoltosa e incansável dos estudantes seria silenciada e burocratizada pela voz da autoridade? Não consigo conceber tal independência, se nossa voz é silenciada desta forma. Roubamos das mãos, expressões, vozes e mentes dos estudantes toda vontade.

Participei dos debates que ocorreram entre as duas chapas concorrentes ao DCE, hoje no Auditório Paulo Freire no Campus de Porto Velho e sai de lá com a mesma descrença habitual que carrego. A meu ver, contrariando o discurso comum que cerca a teoria marxista (uma pseudo-opinião-intelectual), os rompantes nascem na individualidade do ser e se transformam em ondas – anjos e demônios, Fausto e Mefistófeles na manhã ensolarada, Dorian e seu retrato maldito, Oswald e sua ponta de lança irônica – que podem levar à massa ou uma forma mais coerente de organização popular a uma ação que realmente desemboque em algo útil ou prazeroso (sendo a arte a questão prazerosa). Logo, um bom leitor de Drummond entenderia que não creio tanto em representações dos estudantes e minha experiência na Universidade Federal de Rondônia me levou a observar de longe as ações das gestões dessas representações estudantis com certo receio: não sendo contra, mas vendo que estas não tocavam no ponto em que realmente queria chegar enquanto estudante e escritor.

Não faço campanha a favor de chapa alguma, avisei a todos os membros das comissões em campanha que iria cobrar promessas e principalmente as “portas abertas à conversas” que ambos me prometeram – prometeram a todos nós, estudantes. Com a leitura dos ‘panfletos’, tive minha preocupação confirmada: as propostas para as artes (em especial à literatura, meu foco principal) são fracas e/ou evasivas. Assim, participei do debate a fim de propor minha pergunta a ambas as chapas e o fiz. Questionei como elas pretendiam em suas gestões, desenvolver e fomentar as artes – como criações dos discentes, como prazer dos discentes – seus meios e seus fins.

Propuseram apoio à projetos em andamento, organizados por entidades da própria universidade. Sim, tudo bem. Mas enquanto à independência do movimento estudantil? A arte, enquanto imitação de uma dada realidade, como representação de uma força, de um sentimento vivido pelo ator/autor (Aristóteles; Tolstoi), enquanto produção independente, voz revoltosa e incansável dos estudantes seria silenciada e burocratizada pela voz da autoridade? Não consigo conceber tal independência, se nossa voz é silenciada desta forma. Roubamos das mãos, expressões, vozes e mentes dos estudantes toda vontade.
Sim, apoio a música, os shows, eventos ‘culturais’, onde podemos dançar e “curtir um som”. Freqüento, apoio e acho vital. Mas “arte e cultura” não se encerram por ai. E os futuros cientistas sociais que participam de ambas as chapas compreendem bem o que quero dizer. E no mais, as respostas foram cheias de promessas.
A Universidade – como nós a queremos, e não o grande colégio que temos agora – é um espaço caótico, onde inúmeros feixes de força das mais variadas fontes nos atravessam, gerando uma grande diversidade de pensamentos e experiências – e se juntarmos a vontade e o artista, nós temos então o que o russo denomina enquanto arte, que não nasce da terra ou verdade, mas destas forças canalizadas.

Renovo então, temporariamente minha crença: que o diretório central dos estudantes, representante discente, será a vanguarda de um movimento da Universidade Federal (que não é colégio) que não gastará suas prensas somente com propaganda política – para dizer o que fez ou deixou de fazer – mas que impulsionará a criação artística, não algo vindo dos professores, mas nascido no ventre do corpo discente.

Por fim, reafirmo: não estou escrevendo a favor de chapa um, dois ou setenta. Escrevo por uma arte independente. Uma arte contra a morta, contra a dócil, pela contaminação de todos os estudantes daquilo que eles sentem, quer seja revolta, intelectualidade, dor ou prazer. Pela “liberdade” que se constrói à marteladas, onde o “artista desfruta de sua pessoa enquanto perfeição” (Nietzsche, em Crepúsculo dos Ídolos ou Como Filosofar à Marteladas).

Grito como Dostoievski: “que a beleza ainda salvará o mundo” e talvez, a Universidade Federal de Rondônia.

* autor é escritor e graduando em Ciências Sociais - UNIR

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