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Famílias do Conjunto Cuniã alegam não terem como pagar aluguel; prazo para desocupar é até domingo
Sexta-feira, 18 Agosto de 2017 - 12:58 | por Vanessa Farias
As 67 famílias que moram nas construções inacabadas do Conjunto Cuniã vivem um dilema. Faltando apenas três dias para o fim do prazo definido pela Justiça para que desocupem os prédios localizados no Bairro Esperança da Comunidade, à Avenida José Vieira Caúla, em Porto Velho, elas alegam não terem condições de pagar um aluguel.
Tudo começou há cerca de seis anos, quando as famílias invadiram o local para se livrarem do aluguel. A obra fazia parte de um conjunto de metas habitacionais com recursos federais destinados ao município no valor de R$ 6 milhões, mas não foi concluída e ficou abandonada pela gestão do PT.
Segundo a secretária municipal de Regularização Fundiária e Habitação (Semur), Márcia Luna, um levantamento foi realizado e constatou-se que, apenas seis famílias que residem no local foram aprovadas e sorteadas nos programas habitacionais populares, e aguardam as chaves da casa própria. “Essas irão receber, através da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família um auxílio moradia para que possam alugar um lugar para morar até receberem suas casas”, explicou.
Mas para os moradores do lugar, a decisão é injusta. “Me diz o que eu vou conseguir alugar com R$ 200 de auxílio. Eu não tenho para onde ir e eles disseram que esse valor só vai sair daqui a 30 dias, depois que já tivermos saído daqui. Eu estou desempregada, meu marido também, e temos dois filhos. Fui sorteada em 2014 para o Condomínio Cristal da Calama e até hoje vivo à espera. Já fui lá ver minha casa, fiquei apaixonada, não queria mais nem sair de lá, era um sonho, que infelizmente até hoje não se realizou”, conta Jaqueline Calderon, de 23 anos.
Roberta Oliveira, de 30 anos, vive no Conjunto Cuniã há três anos e se revolta de ter que sair do local. “Isso aqui é uma maravilha para quem não tem como pagar aluguel e energia ao mesmo tempo. Acham que se tivéssemos como morar em um lugar melhor estaríamos aqui? Eu vou dar um jeito de sair neste final de semana, só não sei como vou dar conta de pagar o aluguel e sustentar meus quatro filhos”, diz a diarista.
Dona Cláudia Ribeiro vende roupas para ajudar o marido que ganha um salário mínimo para sobreviver. “Essa decisão agora nos pegou desprevenidos. Não sei para onde vamos”, lamentou.
O autônomo José Conceição de Souza, mora com o pai idoso há mais de cinco anos, quando invadiram um dos apartamentos. “Meu pai recebe um benefício de idoso, mas nem saiu o pagamento dele ainda para que a gente consiga pagar a entrada do aluguel. Eu fui atrás, mas está tudo caro, não sei o que faremos”.
José diz ainda que havia uma decisão que dava o prazo até 15 de janeiro de 2018 para que saíssem, até para poupar as crianças que estudam em escolas próximas ao local de terem que sair da escola atual no meio ano letivo. Mas a secretária Márcia Luna afirma que a recente decisão é da 2ª Vara de Fazenda Pública e que todos foram notificados com antecedência para que saiam até o dia 20. “A ordem de despejo é para o dia 21, e a prefeitura estará lá dando o suporte com caminhões e carregadores que darão o apoio aos que não conseguirem fazer a mudança antes do dia”.