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“Lua de sangue “, ou eclipse total da Lua, será visível em Rondônia neste domingo

Sábado, 14 Maio de 2022 - 08:35 | por Telma Cenira Couto da Silva


“Lua de sangue “, ou eclipse total da Lua, será visível em Rondônia neste domingo

Um eclipse total da Lua poderá ser observado em todo o Brasil, caso as condições climáticas permitam. O fenômeno começará na noite de 15 de maio e terminará na madrugada de 16 de maio. Um eclipse da Lua proporciona um belo espetáculo no céu, é visível a olho nu e não causa qualquer dano à saúde.

O eclipse lunar total ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua ficam alinhados – ou quase alinhados – e a sombra que a Terra projeta no espaço encobre totalmente a Lua, na fase cheia. Quando este eclipse ocorrer a Lua estará se movimentando à frente da constelação de Libra, ou Balança.
Esse fenômeno passa por cinco fases distintas: começa com um eclipse penumbral – que não é detectado pelo público em geral; em sequência, ocorre um eclipse parcial – quando a Lua parece estar “mordida”; depois, a totalidade, quando a Lua fica totalmente encoberta pela sombra da Terra e, muitas vezes – mas não sempre – adquire uma coloração avermelhada. Após a totalidade, acontece um novo eclipse parcial e, posteriormente, um novo eclipse penumbral.

Um eclipse total da Lua, incluindo a fase penumbral, dura algumas horas. Este, em particular, terá duração de 5 horas, 18 minutos e 44 segundos, incluindo todas as suas fases. A fase da totalidade, quando a Lua ficará completamente dentro da região mais escura da sombra que a Terra produz no espaço, a umbra, durará 1 (uma) hora, 24 minutos e 52 segundos.

Em Rondônia, o primeiro eclipse penumbral começará, aproximadamente, às 21h32. Porém, na fase penumbral, o público não observará nenhuma mudança na Lua, já que ela apenas diminuirá o seu brilho.

Às 22h27 iniciará o primeiro eclipse lunar parcial, que é detectado pelo público. Nessa fase a Lua parecerá estar sem um pedaço.

Às 23h29 começará a totalidade, quando realmente acontecerá o eclipse total da Lua, que atingirá o seu máximo à 00h11 do dia 16. O eclipse lunar total terminará cerca de 00h53.

Em seguida começará um novo eclipse lunar parcial que terá o seu término em torno de 1h55. Nesse horário, terminará a fase visível do eclipse da Lua.

Logo após, acontecerá um novo eclipse penumbral, que não é detectado a olho nu, e que terminará às 2h50, aproximadamente. As variações nos horários citados são de, mais ou menos, 1 minuto.

Em 8 de novembro deste ano haverá um outro eclipse total da Lua visível em nosso planeta. Porém, a observação dos fenômenos astronômicos depende da localização do observador. Para todos os brasileiros só será possível a visão do primeiro eclipse penumbral. Mas, como já citado, um eclipse penumbral não é detectado pelo público em geral. Nessa data apenas os moradores do Acre e da região oeste do Amazonas conseguirão observar, com facilidade, um eclipse parcial da Lua. Em Rio Branco (AC) a Lua irá se por parcialmente eclipsada, já em Cruzeiro do Sul (AC) será possível assistir ao começo do eclipse lunar total, porém, quando a totalidade começar a Lua estará muito baixa no céu o que dificultará a observação desse fenômeno astronômico.

“Lua de sangue “, ou eclipse total da Lua, será visível em Rondônia neste domingo
foto: thought.com
Sobre a “Lua de Sangue”

A expressão “Lua de Sangue” não é usada em Astronomia para designar um eclipse lunar total. Essa expressão foi introduzida pelos pastores John Hagee e Mark Biltz e amplamente difundida na mídia. Eles atribuíram um significado espiritual aos eclipses totais da Lua na tetrada lunar que ocorreu em 2014-2015. Uma tetrada indica um conjunto de 4 eclipses lunares totais ocorrendo a cada 6 meses num intervalo de 2 anos. Isso não é comum. Após 2014-2015 a próxima tetrada só acontecerá em 2032-2033 (abril e outubro de 2032 e abril e outubro de 2033).
Hagee e Biltz sugeriram que algo dramático aconteceria no Oriente Médio, envolvendo Israel, que mudaria o curso da história no Oriente Médio e traria um impacto em todo o mundo – se referindo a um possível evento em que correria “sangue”, no sentido literal da palavra. A previsão, obviamente, não se concretizou.

Ademais, a Lua não fica necessariamente avermelhada num eclipse lunar total, embora essa tonalidade seja a mais comum. A escala Danjon é uma escala, de cinco níveis, utilizada para classificar o brilho e a aparência da Lua num eclipse lunar total, quando a totalidade atinge o seu máximo.

De acordo com o astrônomo André-Louis Danjon, durante o máximo a Lua pode ficar muito escura, quase invisível; ou, adquirir uma tonalidade cinza ou marrom; ou, ficar com uma cor de ferrugem, vermelho amarronzada; ou, mais avermelhada, com uma cor de tijolo vermelho; ou, ainda, com uma cor alaranjada.

A cor da Lua durante um eclipse lunar total depende do espalhamento e da refração das partículas presentes na atmosfera da Terra no transcurso do fenômeno.

O importante é ressaltar que, num eclipse lunar total a Lua não fica necessariamente da cor avermelhada forte para justificar, antes que o fenômeno aconteça, o nome “Lua de Sangue”. Porém, o público em geral costuma se interessar mais pelo assunto quando o título da matéria cita “Lua de Sangue” ao invés de eclipse total da Lua.

* Telma Cenira Couto da Silva é doutora em Astronomia pelo IAG – USP e professora aposentada da UFMT

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