No dia do servidor público, legista e merendeira falam do amor à profissão em Rondônia

Neste domingo, 28 de outubro, dia em que os eleitores vão às urnas escolher governador e presidente da República, é comemorado o dia do servidor público. Em homenagem a esses profissionais, o Rondoniagora conversou com dois profissionais que desenvolvem um papel muito importante na área médica e na educação.

O primeiro a contar um pouco da sua trajetória profissional foi o médico legista Lucas Levi que é funcionário público há cinco anos. Ele diz que ser a realização de um sonho fazer medicina legal, pois ele veio de uma família onde todos são da área da saúde. “Durante o curso de medicina eu me apaixonei mais ainda pela profissão de médico legista porque lá eu pude conhecer o brilhante e importante trabalho que esse profissional desenvolve na área de investigação policial”, disse o médico.

Ao se deparar com um corpo humano pela primeira vez no exercício da profissão, Lucas conta que já não teve problemas, pois na faculdade ele já adquiriu a experiência estudando outros corpos. “Na faculdade a gente já ver corpo humano, mas tem uma diferença porque ele parece mais um boneco porque não tem sangue. Agora no IML não, o corpo já vem com sangue ou hematomas para ser avaliado. Nós procuramos fazer um trabalho técnico deixando o emocional de lado avaliando o corpo para saber a causa da morte e tentar contribuir com a justiça”, diz.

Questionado se já está acostumado com a profissão, o médico legista diz que está habituado porque segundo ele, tem coisas que mexe realmente com o emocional do profissional. “Os abusos sexuais me abalam muito principalmente quando temos que fazer exame na pessoa que é suspeita de cometer aquele crime. Mas não podemos nos abalar para não ter risco de prejudicar uma pessoa com um laudo de maneira errada”, enfatizou Lucas.

Os desafios da profissão são muitos, mas o funcionário público da ênfase na falta de recursos para melhor ainda mais as condições de trabalho dos profissionais. “Nós temos uma equipe na capital, mas no interior a realidade é outra porque não tem IML em nenhum lugar. Todos os médicos fazem as necropsias no hospital ou funerária de forma improvisada. Tem cidade que tem um ou dois médicos apenas para atender toda a população e isso que precisa ser melhorado”, enfatizou.

Para Lucas Levi, a profissão de médico legista é importante para a sociedade porque ela ajuda a esclarecer crimes para punir os culpados conforme a lei manda. “A gente sempre fala que o médico legista e a perícia são o braço direito do juiz porque tem certas coisas que ele não pode fazer e delega o perito. Então, a serviço do direito a medicina vai fazer isso, ela vai avaliar e reunir elementos para polícia chegar ao júri para que seja julgado o caso”, diz.

Como todas as profissões, a responsabilidade na hora de desenvolver qualquer tipo de função é fundamental. “O perito tem fé pública então o que ele colocar no laudo dele é verdade. O profissional não pode achar e nem pensar que poderia ser ele tem que ver e repetir no laudo o que foi constatado. Nós médicos legistas, não pode fazer deduções”, concluiu Lucas.

Por outro lado, a funcionária pública há 34 anos, Maria das Dores Lima Pimenta Lírio, de 57 anos, destaca os trabalhos desenvolvidos como secretária, bibliotecária, zeladora e merendeira. Ao longo de sua carreira profissional ela já prestou serviços nas escolas Orlando Freire, Juscelino Kubitschek, Daniel Neri, São Luiz e por último na escola Mariana onde trabalha atualmente.

Para ela, preparar o lanche dos alunos é algo de muita satisfação principalmente ao ver o sorriso de casa um após se deliciar da sua comida que segundo ela prepara com muito carinho. “Eu estou trabalhando na cozinha porque eu amo cozinhar e servir o próximo. Por ser uma pessoa muito prestativa, eu aceitei o convite e estou aqui até hoje fazendo uma das coisas que mais gosto que é cozinhar”, disse Maria das Dores.

Mas como as demais profissões, existem alguns desafios a enfrentar no exercício na profissão e o que a funcionária destaca é a falta de efetivo. “Eu estou trabalhando na cozinha há mais de um 1 ano e até hoje o Estado não encaminhou outros profissionais para me auxiliar e dividir as tarefas. Essa é a dificuldade que eu enfrente na minha profissão que por sinal deveria ser muito valorizada, mas infelizmente nossa realidade é outra”, lamenta.

Ao ser questionada sobre algo que marcou sua carreira profissional, Maria das Dores volta ao passado e relembra que em 2003 foi recontratada pelo estado após ser demitida pelo ex-governador que ordenou que os profissionais que não concursados fossem demitidos. “Esse momento com certeza vai ficar guardado pra sempre na minha vida porque se hoje eu sou funcionária pública e vou passar para o quadro federal. Hoje eu posso levar o sustenta para minha família graças a muita luta e determinação”, relembrou a merendeira.

Durante sua trajetória como funcionária pública, ela recorda um momento de muita tristeza ocorrido em 2015, quando Maria das Dores ficou trancada dentro da biblioteca onde ela trabalhava. “Eu estava trabalhando, a aula acabou mais cedo, a diretora não me avisou e simplesmente fechou a escola me deixando trancada. Eu entrei em desespero, mas gritei por socorro o marido de uma professora acionou a polícia para me socorrer. Até hoje eu não sei se foi propositalmente ou não o ocorrido, mas ficou marcado na minha vida”, contou.

Nesse dia especial, Maria das Dores deixa uma mensagem para os funcionários públicos de todo o Estado e pede mais dedicação. “De todos os anos de profissão eu sempre me dediquei e dei o meu melhor porque eu amo o que faço. Hoje, eu quero parabenizar todos os servidores públicos e peço que eles continuem desenvolvendo seus trabalhos com muito amor e muito mais dedicação”, finalizou.