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Prefeita de Jaru faz Nota de Repúdio contra preconceito de vereador

Quarta-feira, 16 Abril de 2014 - 09:20 | RONDONIAGORA


A prefeita de Jaru e presidente da Associação Rondoniense de Municípios (Arom), Sônia Cordeiro, divulgou Nota de Repúdio contra a atitude sexista do vereador José Cláudio Amarelinho em relação a nomeação da servidora Misa Oliveira Andrade Machado na gerência da Garagem Municipal. Em discurso na Câmara, o vereador perguntou qual o entendimento de uma mulher sobre peças de automóveis, ironizando a nomeação da servidora. “Uma mulher gente! Para ser diretora da garagem, é brincadeira, no nosso município de Jaru, por isso que tem coisa que não acontece nessa administração, porque não tem planejamento, aonde que uma mulher vai entender de peça?”, questionou o popular Amarelinho.


Na ultima segunda-feira (14), o nobre vereador, ao utilizar a Tribuna do Poder Legislativo Municipal, em um tom preconceituoso e ofensivo, descriminou quanto pessoa, quanto profissional e, sobretudo, quanto mulher, a servidora Misa Oliveira Andrade Machado, ao subestimar e desqualificar sua capacidade profissional no desempenho de funções consideradas por ele como exclusiva para homens.
“Eu, Sonia Cordeiro de Souza, prefeita do município de Jaru, venho por meio desta nota, manifestar o meu repúdio ao discurso do vereador José Claudio, popular Amarelinho, pelo que passo a expor:
Na ultima segunda-feira (14), o nobre vereador, ao utilizar a Tribuna do Poder Legislativo Municipal, em um tom preconceituoso e ofensivo, descriminou quanto pessoa, quanto profissional e, sobretudo, quanto mulher, a servidora Misa Oliveira Andrade Machado, ao subestimar e desqualificar sua capacidade profissional no desempenho de funções consideradas por ele como exclusiva para homens.
Tamanha foi à infelicidade do vereador, e digo infelicidade, pois em pleno século XXI continua com a mentalidade arcaica (IDADE DA PEDRA), quando em seu manifesto disse: “Uma mulher gente! Para ser diretora da garagem, é brincadeira, no nosso município de Jaru, por isso que tem coisa que não acontece nessa administração, porque não tem planejamento, aonde que uma mulher vai entender de peça?! Aonde que uma mulher vai entender de suspensão de carro?! Se com homem já estava ruim, com uma mulher vai ficar pior!”
Um discurso extremamente preconceituoso, que merece não só o meu repúdio como chefe do Executivo, mas o repúdio de toda a classe feminina, já que em pleno século XXI não podemos admitir tal conduta.
A tribuna da casa de Leis vem sendo utilizada para defender direitos, mas o senhor mostrou caminhar de forma contrária a de seus pares. A classe qual o senhor vereador tratou com tanto preconceito, também deveria ser representada por seu mandato, já que foi eleito pelo sufrágio universal do voto, e, dentre eles está inserido o voto de muitas mulheres, caso contrário não estaria na função eletiva de vereador.
Isso considerando que o maior colégio eleitoral brasileiro é representado por mulheres, informação esta do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
Ao longo de anos, houve uma luta de grande proporção, onde uma classe de mulheres se revoltou com a desigualdade de direitos e lutaram por salários iguais e jornadas de trabalho semelhantes as dos homens que desempenhavam as mesmas funções que elas, algumas chegando a perder a própria vida queimadas, tudo em prol de estarmos hoje vivenciando um estado democrático de direito onde trabalhamos e vivemos, com a garantia constitucional da liberdade e a segurança quanto ao direito de ir e vir e exercer a profissão escolhida em condições de igualdade e nos mesmos moldes salariais para com a classe masculina.
Tal manifesto gerou uma insatisfação em toda a classe feminina que em razão de esforço de mulheres que nos antecederam, terem galgado o reconhecimento do direito de igualdade já mencionado, o que inclusive resultou em uma data comemorativa específica destinada à classe feminina, qual seja o dia 08 de março, DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
Ademais, voltamos a frisar que em pleno século XXI, onde a mulher ocupa o seu lugar ao sol, desempenhando funções das mais altas categorias, umas junto à aeronáutica, outras no exército brasileiro, na marinha brasileira, fuzilaria naval, na policia federal, civil e militar, dentre outras tantas funções, que embora não no mesmo vulto, mas que desempenham com galhardia e altivez a função de caminhoneiras/carreteiras, mecânicas, eletricistas, engenheiras, ambientalistas, frente aos Tribunais do nosso País, na condição de magistradas, ministras e desembargadoras, todas, seja em que categoria profissional estejam, desempenham seu papel de forma brilhante, prestando à sociedade relevantes serviços.
Ainda somos minoria, mas essa é uma realidade que está mudando, e o vereador Amarelinho não faz parte dessa mudança e certamente não nos representa, pois com essa mentalidade, seguramente, ainda não entendeu que vivemos num país democrático onde temos assegurada a igualdade de direitos.
Só para recordar, o Brasil é administrado por uma mulher, a Petrobrás possui uma mulher como Presidente, o Conselho Nacional de Justiça tem à sua frente uma mulher que o Preside com galhardia. E aqui em Rondônia, no ano de 2007, uma mulher dirigiu pela primeira vez, o maior presidio do estado: o Urso Branco. Sem contar a polícia militar, instituição tão importante para o bem caminhar social, também já foi comandada por uma mulher, aqui em nosso estado.
Não desmerecendo outras instituições que possuem os seus comandos geridos por mulheres, temos o nosso município de Jaru, embora o senhor não admita, gerido por uma mulher.
Não poderia ainda, deixar de mencionar que dentro do poder Legislativo Municipal duas cadeiras são ocupadas por mulheres, as quais devemos o mais profundo respeito pelo trabalho que vêm desenvolvendo, de forma altiva e responsável, e, a quem o Senhor também discriminou.
Tem sempre sido utilizado um jargão muito popular que diz: “POR TRAZ DE UM GRANDE HOMEM TEM SEMPRE UMA GRANDE MULHER.” Mas confesso que penso um pouco diferente, pois pra mim, AO LADO DE UM GRANDE HOMEM, HÁ SEMPRE UMA GRANDE MULHER. Sendo assim, somos capazes não só de gerenciar uma garagem, mas comandar uma nação.
Seria, senão reparador, ao menos amenizador de vossa parte, nobre vereador, se ao menos tivesse a hombridade e a dignidade de se retratar junto à classe a qual de forma tão insana discriminou, já que para vir ao mundo, também foi necessário nascer do ventre de uma mulher.
Fica aqui, o meu repúdio ao discurso preconceituoso do vereador José Claudio, o “Amarelinho”, ante o desrespeito para com a servidora Misa Machado e com todas as mulheres que se sentiram ofendidas e discriminadas, por declarações tão pequenas.

Sonia Cordeiro

Prefeita Municipal de Jaru
Presidente da AROM - Associação Rondoniense de Municípios
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