Projeto de artesanato sustentável ajuda gerar renda a pessoas que fizeram tratamento de hanseníase

Voltar a atuar formalmente no mercado de trabalho não é fácil para quem luta contra a hanseníase. Para ter uma nova fonte de renda, 20 pessoas que fizeram tratamento da doença estão participando do projeto Geração de Renda para potencializar habilidades na área de artesanato bio sustentável, promovido pela Agência de Vigilância em Saúde (Agevisa) em parceria com ONG NHR Brasil.

As sequelas que hanseníase deixou na vida de Rosângela Moreira, de 47 anos, a impossibilitou de trabalhar formalmente como técnica de laboratório e ela encontrou no artesanato uma forma de gerar renda para sua família futuramente. “Eu estou aprendendo pela primeira vez a fazer colar, brinco e suporte para óculos. Futuramente eu poderei ganhar dinheiro vendendo meus produtos. Na minha antiga profissão eu tinha que trabalhar em pé, mas as sequelas da hanseníase me impediram e eu fiquei desempregada. Com esse curso eu pretendo seguir um novo caminho”, diz Rosângela.

Marizete Alves da Silva, 37 anos, mora na Zona Rural do município de Ji-Paraná e veio para a Capital fazer o curso com o objetivo de aumentar a renda familiar “Eu recebo o auxílio doença porque eu fiquei impossibilitada de trabalhar e perdi a sensibilidade da mão esquerda. Com esse curso eu vou poder fazer vários objetos do caroço de açaí e folhas da minha região, além de ganhar um dinheiro extra. Eu estou muito feliz com esse curso e espero que ele abra portas pra uma nova profissão”, espera.

Trabalhando como artesã há mais de 21 anos, a professora Cristiane Oliveira, explica que no primeiro dia de aula os alunos conheceram todos os tipos de sementes que podem ser usadas para a fabricação de cordões, pulseiras, brincos e anéis. “Tudo que eu aprendi com minhas especializações em artesã eu passo para eles, mostro que eu vivo disso e que eles vão ter futuro sim com o artesanato. Todos vão sair daqui com uma nova fonte de renda para ajudar a família”, explica Cristiane.

A professora disse ainda que após conhecer as sementes, os alunos passam a conhecer a proposta de cada uma delas e, principalmente, como trabalhar cada uma. “Com isso, os alunos passam a ver o mundo como uma forma de oportunidade. E eu vou mais além, mostrando outras dicas de produtos usando as mesmas técnicas de montagens”, diz Cristiane Oliveira. 

A técnica da coordenadoria estadual do programa de hanseníase, Albanete Mendonça, destaca que a intensão do curso é que todos aproveitem o que tem na região, desde a semente, folhagem e frutos, para que seja reaproveitado e transformado em artesanato. “Esse é um grande evento no sentido de ver essas pessoas não só com essa perspectiva de renda, mas também com a alegria estampada no rosto e esperança de novas oportunidades que eles terão de hoje em diante”, afirma Albanete.

A técnica da coordenadoria enfatiza a importância do projeto para que os envolvidos possam a ter uma nova fonte de renda fora do mercado de trabalho formal. “Primeiramente eles vão passar a ter cuidado com a natureza e ao invés de desperdiçar vai aproveitar tudo que a nossa natureza fornece nessa região amazônica. Nós observamos que muitas pessoas tiveram dificuldades de entrar no mercado de trabalho e essa é uma forma de formalizar seu trabalho como artesã porque é uma perspectiva de novos horizontes”, enfatiza.

O curso começou na última quarta-feira (27) e encerra nesta sexta-feira (29) com a exposição dos produtos.