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Rochilmer: 70 anos de dedicação a Rondônia - Por Lúcio Albuquerque
Segunda-feira, 13 Setembro de 2010 - 14:07 | Lúcio Albuquerque
Parafraseando a Carta-Testamento de Getúlio Vargas, o cidadão Rochilmer Mello da Rocha, falecido nesta segunda-feira, literalmente saiu da vida física para tomar seu assento ao lado dos grandes vultos da história de Rondônia, à qual serviu durante toda sua existência de pouco mais de 70 anos, especialmente no último meio século, no jornalismo, na cidadania, na advocacia, como servidor público, como conselheiro, como empresário, como desportista, como político.
Rondoniense nascido em 1939, filho do casal Noêmia Mello da Rocha e Joaquim Pereira da Rocha, quando essa região ainda fazia parte dos Estados de Mato Grosso e Amazonas, casou na década de 1970 com a senhora Margarida Rocha e era pai de três filhos.
No final da década de 1950 o jovem Rochilmer, que aqui já fazia incursões no jornal O Guaporé, sai de Porto Velho e vai cursar Direito no Rio de Janeiro, onde participa de movimentos estudantís, faz parte do diretório acadêmico de sua faculdade e, mesmo sendo filho de uma família que tinha condições financeiras para mantê-lo, inicia-se no jornalismo contratado como repórter-setorista do diário Correio da Manhã, passando a fazer cobertura sindical e, na ocasião, ganha uma outra paixão, o jornalismo, num período em que se coloca, literalmente, no "olho do furacão" da época das propostas de reformas de base do Governo Jango.
Dentre as entrevists que participou ou realizou, Rochilmer sempre gostava de lembrar uma em que a fonte de notícias foi o humaitanese Almino Álvares Afonso, que deixara a liderança da bancada federal do PTB para ser, com pouoco mais de 35 anos, MInistro do Trabalho.
Concluído o curso de Ciências Jurídicas na Universidade do Estado da Guanabara (atual Estado do Rio de Janeiro), o agora advogado Rochilmer Rocha retorna a Porto Velho e passa a exercer sua função paralelo com a outra, de jornalismo, ainda em O Guaporé, onde atua como redator-chefe numa equipe comandada pelo jornalista Emanuel Pontes Pinto. Uma das colunas que Rochilmer gostava de lembrar era o "Bom dia, Doutor", ainda lembrada por alguns dos que viveram àquela época.
Ainda na década de 1960 o jovem advogado Rochilmer Rocha participa da fundação do grupo Pró-Rondônia-Estado e, junto com seu pai e irmãos, e alguns amigos, dá sequência ao seu envolvimento esportivo, só que agora como dirigente do Moto Clube, sendo que dentre outros grandes momentos vividos com o Moto ele sempre gostava de recordar a epoéia de levar o time porto-velhense a se apresentar, convidado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD, antecessora da atual CBF) a jogar no estádio do Maracanã, numa das preliminares da seleção brasileira que, naquele ano de 1969, buscava uma das vagas para a Copa do Mundo de 1970.
O jogo no Maracanã aconteceu dia 21 de agosto de 1969, contra a seleção da Petrobras, reforçada por jogadores do América e do Bangu que disputavam o campeonato carioca profissional. O time do Moto foi o primeiro da Amazônia em jogar no Maracanã e usou o vestiário da seleção brasileira, permanecendo ao lado dos jogadores durante o jogo do Brasil. O resultado foi 3 a 3 e nós ganhamos o troféu", lembrava sempre Rochilmer Mello da Rocha, destacando ter sido o empresário Sílvio Coelho quem conseguiu, junto à Confederação Brasileira de Desportos (CBD) que o Moto Clube fosse convidado.
Em 1972 Rochilmer Rocha torna-se um dos signatários do embrião da seccional da Ordem dos advogados do Brasil, e em 1974, quando a seccional foi oficialmente instalada, competiu-lhe a secretaria geral da nova entidade.
Com apoio de seu pai, empresário Joaquim Pereira da Rocha, Rochilmer instala em Porto Velho o jornal A Tribuna, inovando em equipamentos, pessoal, linha editorial e circulação, tendo entre seus redatores Vinícius Danin, Ivan Marrocos, Roberto Vieira, Ubiratam Sampaio (todos já falecidos); Eneas "Alicate", Dílson "Macaco", Montezuma Cruz, Edinho, Nonato Cruz, Jorcene Martinez, Paulo Correia, Lúcio Albuquerque, Roberto Gutierrez e outros.
Em 1980, atendendo convite do governador Jorge Teixeira, Rochilmer assumiu a chefia da Casa Civil do Governo do Território. Em 1987 tornou-se, por nomeação do governador Jerônimo Santana, nomeado para compor, como Conselheiro, o Tribunal de Contas do Estado devido à aposentadoria do Conselheiro José Renato da Frota Uchôa. No TCE Rochilmer exerceu diversas, inclusive sua presidência. Em 2009 aposentou-se por força de ter completado 70 anos de idade.
Sobre sua participação no TCE, Rochilmer Rocha disse que "O Tribunal foi uma grande escola. Nele pude desenvolver conhecimentos que já havia obtido na vida profissional, acrescidos à experiência amealhada nas outras funções que exerci". Destcava sempre que seu trabalho do TCE tinha como meta sempre o fortalecimento da gestão pública, a defesa do erário e a construção da cidadania".
Logo após a aposentadoria, Rochilmer disse a alguns amigos, especialmente a jornalistas que com ele trabalharam em A Tribuna, que pretendia retornar à atividade jornalística, com o lançamento de um tablóide inicialmente semanal. A roda da vida não o permitiu essa nova conquista.
* Autor é jornalista