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Vítimas da cheia reclamam de mudança para o Parque dos Tanques
Domingo, 30 Março de 2014 - 11:53 | Vanessa Farias
“Estou me sentindo um lixo, e ainda querem nos tirar o mínimo de dignidade que temos aqui na escola, para nos mandar para um aglomerado de barracas de lona. Querem nos varrer para lá, com a promessa de que teremos 80 banheiros, assistência médica, e outras coisas que só acredito vendo. A cozinha comunitária, nem aqui onde somos um grupo menor não funcionou, imagine lá”, disse a idosa Maria das Graças, 62 anos, a respeito do alojamento que está sendo preparado no Parque dos Tanques para os desabrigados da enchente em Porto Velho.
Dona Maria perdeu a casa no bairro São Sebastião II, onde morava com o esposo, José Ribamar Teixeira, 66, mais duas filhas e quatro netos. A família calcula que além do prejuízo com a casa, as perdas sejam de 90%. “Todos os meus móveis, geladeira, camas, colchões, parte das roupas, utensílios de cozinha, tudo ficou lá, se perdeu”, lamenta a idosa.
Assim como a família de dona Maria das Graças, outras 22 famílias estão ocupando a Escola Castelo Branco, na região central da cidade. Dona Maria espera ser contemplada com uma casa nova através do cadastro no programa de casas populares do governo do Estado, em parceria com o governo federal.
Divididos por sala de aula, entre os desabrigados alojados no local estão 11 crianças, 17 adolescentes, 47 adultos e três idosos. A rotina no abrigo não é de tão fácil convivência. Eles dividem água, comida e todas as doações que chegam para o grupo, mas cada família prepara suas próprias refeições.
“Começamos com a cozinha comunitária, onde era feito o revezamento entre os grupos que preparariam as refeições do dia, mas eles começaram a se desentender, e então decidimos separar. Alguns usam o próprio fogão, que conseguiram salvar ao sair de suas casas, e outros usam o fogão da escola, ou os que foram doados”, explica a assistente social do Município, Vera Lúcia Durães, responsável pelo abrigo.
Expectativa
Segundo Vera Lúcia Durães, muitas famílias ainda esperam poder retornar para suas antigas residências, como é o caso de Ana Paula Batista da Silva, 20, recém-casada, moradora do Ramal Maravilha, na margem esquerda do Rio Madeira. Ela diz que perdeu aproximadamente 80% dos móveis. “Minhas coisas eram todas novas, mas mesmo com esse prejuízo, espero poder recuperar minha casa”.
Semusa alerta para cuidados nas áreas que estão alagadas
De acordo com os números apresentados pelo secretário municipal de Saúde na última quarta-feira (26), Domingos Sávio, já são 17 casos confirmados de leptospirose em Porto Velho. Dos 63 casos analisados até a data, três estavam em análise e quatro foram descartados. Sávio afirmou que 10% dos casos confirmados estão relacionados a pessoas que viviam em áreas alagadas.
Com relação à dengue, de janeiro até a última quarta-feira foram registrados 93 casos na capital. Segundo o secretário, o trabalho preventivo vem sendo realizado nas áreas de maior índice desde dezembro de 2013, mas a população deve se ater aos cuidados básicos para evitar a proliferação do mosquito transmissor.
Há uma equipe, que segundo o secretário, já passou em 128 borrarias da cidade recolhendo 1.200 pneus que devem ser colocados em local adequado.