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Rondônia e os mistérios do cerrado amazônico

Sexta-feira, 25 Abril de 2025 - 17:49 | Redação


Uma biodiversidade pouco explorada

Quando se fala da Amazônia, a imagem que costuma surgir é a da floresta tropical densa, úmida e cheia de árvores gigantescas. No entanto, há um ecossistema menos conhecido, mas igualmente fascinante, que ocupa parte do território de Rondônia: o cerrado amazônico. Essa transição ecológica entre floresta e savana guarda espécies únicas, paisagens singulares e desafios ambientais pouco discutidos.

Embora o cerrado seja mais associado ao Centro-Oeste brasileiro, ele adentra a região Norte com peculiaridades próprias, formando um mosaico vegetal onde convivem buritis, ipês, palmeiras e áreas de campo aberto. Em Rondônia, especialmente nas regiões de Vilhena e Pimenta Bueno, esse bioma revela uma riqueza surpreendente e ainda subestimada.

Povos tradicionais e saberes invisíveis

Nas áreas de cerrado amazônico vivem comunidades tradicionais que mantêm práticas ancestrais de uso da terra, do fogo controlado e da coleta de frutos nativos como o pequi e o baru. Esses saberes, muitas vezes ignorados pelas políticas públicas, são fundamentais para a preservação do equilíbrio ecológico da região.

O conhecimento dessas populações sobre o solo, o clima e as espécies é transmitido oralmente, e vem sendo ameaçado tanto pela urbanização acelerada quanto pela chegada de grandes empreendimentos agropecuários. O desafio de Rondônia, nesse sentido, é integrar esses saberes aos projetos de desenvolvimento sustentável sem tratá-los como folclore ou curiosidade.

Fogo, expansão e resistência

Nos últimos anos, o cerrado amazônico tem enfrentado um aumento preocupante no número de queimadas. Embora o uso do fogo seja parte da cultura de manejo de algumas comunidades, o crescimento descontrolado das áreas de plantio e pastagem tem causado incêndios extensos que destroem não só a vegetação como também os ninhos de aves, tocas de animais e micro-organismos vitais ao solo.

Organizações locais e movimentos ambientais denunciam a lentidão do poder público na fiscalização e no combate ao desmatamento ilegal. Ao mesmo tempo, surgem iniciativas promissoras como brigadas voluntárias formadas por jovens das comunidades, que aprendem técnicas de combate ao fogo e se tornam protagonistas na proteção do território.

O potencial turístico pouco explorado

Apesar de seu enorme potencial para o turismo de natureza, o cerrado amazônico de Rondônia ainda é um tesouro escondido. Trilhas ecológicas, observação de aves e visitas a comunidades tradicionais poderiam movimentar a economia local de forma sustentável. No entanto, a falta de infraestrutura básica — como sinalização, hospedagens preparadas e guias capacitados — ainda impede que esse turismo aconteça em larga escala.

Há esforços pontuais de grupos independentes que promovem caminhadas, retiros ecológicos e atividades de educação ambiental. Esses projetos, embora pequenos, são sementes que podem florescer se receberem apoio institucional e visibilidade. Como curiosidade, muitos visitantes que passam por essa região relatam a sensação de estar em um lugar “fora do mapa”, onde a conexão com o tempo e com a natureza é radicalmente diferente da rotina urbana.

A economia local em transformação

Enquanto o agronegócio avança, parte da população de Rondônia busca alternativas econômicas mais compatíveis com a realidade ambiental do estado. A produção de mel, o cultivo de frutas nativas e o artesanato com fibras vegetais têm se destacado como opções viáveis de geração de renda.

Além disso, cresce o interesse de jovens empreendedores por tecnologias de finanças digitais. É comum encontrar pequenos produtores que utilizam plataformas como Quotex para aprender sobre investimentos e ampliar sua compreensão do mercado financeiro. Essa nova geração mistura tradição com inovação, sem abandonar o chão da roça.

Em alguns municípios do interior, práticas culturais continuam vivas mesmo diante da modernidade. Um exemplo curioso é a persistência de hábitos como consultar diariamente o Resultado do Jogo do Bicho, que permanece como uma tradição enraizada entre grupos familiares, mesmo sendo considerada uma prática informal.

Caminhos para o futuro

Rondônia se encontra diante de uma encruzilhada: seguir o caminho do extrativismo predatório ou assumir uma liderança no desenvolvimento sustentável da Amazônia. O cerrado amazônico, apesar de menos exuberante aos olhos imediatos que a floresta tropical, pode ser uma chave importante para essa virada.

Promover políticas de conservação específicas para esse ecossistema, valorizar os saberes das populações locais e investir em educação ambiental são estratégias que podem garantir não apenas a preservação do cerrado, mas também a construção de uma nova identidade regional.

O desafio é grande, mas Rondônia já demonstrou, em muitos momentos de sua história, que sabe resistir, inovar e surpreender. E talvez seja no silêncio dos campos abertos e na sabedoria de seus habitantes que estejam as respostas mais valiosas para um futuro mais equilibrado.


 

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