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Pecuaristas e frigoríficos chegam ao primeiro consenso em reunião do Grito da Pecuária

Sexta-feira, 08 Abril de 2016 - 02:07 | Da Redacao


Pecuaristas e representantes de frigoríficos se reuniram nesta quinta-feira (7) para mais uma reunião da comissão de negociação do preço da arroba do boi em Rondônia. Após várias horas de discussão e apresentadas as possibilidades de uma possível melhora, um frigorífico confirmou que a partir da próxima semana já deve começar a pagar R$ 130 na arroba do boi. Além disso, um grupo de trabalho para discutir a cadeia produtiva como um todo deve ser formado.

De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon), Hélio Dias, o encontro desta quinta teve grandes avanços e, pelo menos os seis grandes frigoríficos, que estavam na reunião, já demonstram que começam a entender a necessidade de ajustes no preço da arroba do boi no estado. “A reunião foi positiva. Colocamos na mesa toda a clareza, a dificuldade em recompor o preço e houve uma sinalização muito forte. A gente sabe que o preço se ajusta pelo mercado, com a lei da oferta e da procura, mas temos avanços significativos. O próprio Distriboi já sinalizou que vai pagar, a partir dessa semana, R$ 130 a arroba. Isso quer dizer uma melhoria significativa entre pecuaristas e donos de frigoríficos nessas conversas”.

Para Hélio, que também é presidente da comissão de negociação, a participação dos frigoríficos nesses encontros é um reconhecimento do que está fazendo o Grito da Pecuária. “A oferta de boi em Rondônia é grande junto à classe produtora. E, diferente de outras regiões, não temos problema com seca. O problema da grande oferta é o que o faz o preço estabilizar ou até diminuir. Não é o cenário que queríamos ter. Por isso, nessa mesa de negociação, junto com os frigoríficos, estamos buscando uma melhoria da recomposição do preço. E já conseguimos melhorias. Muitos produtores estão conseguindo um preço melhor. E a redução de ICMS, que reduziu para valores acessíveis, tem atraído compradores de outras praças”, garante Hélio Dias.

O presidente da Faperon disse ainda que durante o encontro os empresários e pecuaristas definiram a criação de um grupo de trabalho entre a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e os produtores para avançar nas discussões sobre a abertura dos mercados para Europa, Estados Unidos e China. Ele explicou que a Abiec garantiu que até setembro a carne rondoniense deve chegar comércio norte americano e isso tudo agrega

A reunião

Na mesa de negociações ficaram frente a frente os pecuaristas e os representantes de frigoríficos. Após uma apresentação sobre os assuntos pertinentes, Hélio disse que na última reunião houve um mal-entendido sobre o tema a ser discutido. “Nós entendemos que seria abordado o preço da arroba do boi enquanto a pauta era formação da câmara setorial”, desculpou-se o presidente da Faperon.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, chamou a atenção a discutir a cadeia produtiva da pecuária, levando-se em consideração desde os trabalhadores até a venda e exportação da carne bovina. “Nós acreditamos, desde a primeira reunião, que a grande mudança vai ocorrer a partir da elitização dos países importadores credenciarem o estado de Rondônia. Hoje, as limitações são grandes e o histórico tem demonstrado que os preços médios são bastante menores que os estados que têm essas aprovações. Então, acho que essa foi a melhor reunião”, diz Camardelli anunciando que nos dias 23 a 28 de maio, um frigorífico vai receber a visita da comunidade europeia, deve ser auditada como se fosse um “frigorífico Europa”. “Acho que a gente pode ter uma grande notícia a curto prazo”. O presidente da Abiec sugeriu a ideia de fazer um grupo de trabalho para discutir problemas de pessoal do Ministério da Agricultura, estrutura, logística o que foi aceito por toda a comissão.

Sérgio de Souza Ferreira, secretário executivo da Associação Rural de Rondônia em Ji-Paraná disse que a reunião foi muito produtiva e já percebe melhoras no mercado da carne, inclusive com relação ao preço da arroba do boi. “Desde a primeira reunião do Movimento Grito da Pecuária, a gente vem notando uma evolução. É lento porque se está discutindo o mercado, mas com certeza tem melhorado muito, inclusive no mercado. A ideia é que daqui a gente vá discutir outros assuntos relativos a cadeia produtiva da carne. E isso só vai ser possível, com essa mesa de negociação, junto com os frigoríficos, que um não vive sem o outro”, disse.

Para Luiz Antônio Freitas, diretor do frigorífico Tangará, a reunião teve a abertura da cadeia produtiva, “haja vista a possibilidade de inúmeros obstáculos que a gente tem pra superar, e com essa integração com certeza vai acontecer. Agora, especificamente do preço, nós entendemos que preço é uma particularidade de cada empresa. Não existe como combinar um preço. Cada empresa mantem as suas políticas, com certeza já houve redução na oferta de animais do estado de Rondônia, os preços já houve melhoras. O mercado se ajusta por si só. Nós temos que ter bastante cautela, não podemos agir na emoção, porque o frigorífico depende do produtor e o produtor do frigorífico”, diz Luiz Antônio.

Uma outra questão que foi abordada durante a reunião, foi o aumento no preços dos insumos, por conta da alta do dólar e também os gastos com frete, que é considerado um complicador para elevar o preço da arroba do boi. A sugestão feita pela comissão, de se pagar, em média, R$ 134 não foi aceita pela maioria, mas muitos já saíram satisfeitos da reunião. “Se um frigorífico aceita pagar mais, os outros logo também seguirão o mesmo caminho”, finaliza Hélio Dias.

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