Política
Assembleia Legislativa cobra restauração de estradas e pede a demissão do diretor-geral do DER
Quarta-feira, 29 Abril de 2020 - 10:18 | da Redação
Em mais de quatro horas de sabatina no plenário da Assembleia Legislativa, os deputados estaduais cobraram a recuperação das principais estradas abandonadas há mais de 1 ano. Conduzida pelo presidente Laerte Gomes (PSDB) a Comissão Geral ouviu o diretor-geral do DER, Erasmo Meireles, acompanhado de coordenadores do órgão. Os parlamentares questionaram diversos pontos do trabalho do DER, apontando a falta de ação efetiva e mostrando um cenário completo das condições das rodovias, a maioria tomada por buracos e com pontes precisando de reparos, com as estradas de terra tomadas também por buracos e atoleiros. Os deputados Jair Montes (Avante), Luizinho Goebel (PV) e Adailton Fúria (PSD) pediram a exoneração imediata do diretor-geral Erasmo Meireles.
Os parlamentares questionaram a precária situação do asfalto das rodovias estaduais, citando que enquanto isso a imprensa divulga que o DER asfaltou batalhões, como o Bope, antiga COE da avenida Jatuarana, em Porto Velho. O mais sério é que veículos de comunicação também noticiaram que o dinheiro utilizado para a compra de insumos poderia ser oriundo do Fundo para Infraestrutura de Transportes e Habitação (Fitha). Foi alertado que os recursos do fundo não podem ser utilizados dessa forma.
O presidente Laerte Gomes pediu que fosse exibido, no telão do plenário, um vídeo com imagens da situação das rodovias de Rondônia, em todas as regiões, mostrando a dura realidade que motoristas enfrentam diariamente, enquanto esperam alguma ação do DER. Essas cobranças são feitas seguidamente aos parlamentares, durante o contato com a população em suas bases.
O deputado Luizinho Goebel (PV) apareceu no vídeo dizendo que existiam estradas em péssimas condições. Atrás dele havia um atoleiro imenso, que a princípio não parecia ser uma rodovia estadual sob responsabilidade do DER. Ele explicou que foi possível chegar até aquele ponto com uma caminhonete com tração nas quatro rodas, mas dali em diante nenhum veículo passava. O deputado Jair Montes disse ter carinho pelo diretor-geral do DER como pessoa, mas isso não acontece enquanto gestor, e em seguida perguntou se a indicação de Erasmo Meireles foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro. A resposta foi que o governador Marcos Rocha nomeou todos os secretários.
Depois disso Jair Montes perguntou se existia alguma comissão que recebia jeton. A resposta foi positiva. O parlamentar perguntou o valor dos jetons e se há mulheres de coronéis entre os que recebem os valores. Erasmo Meireles disse que o presidente recebe R$ 8 mil e os demais pouco mais de R$ 5 mil. Ele disse não saber responder o questionamento envolvem mulheres de militares. O deputado requereu que a pergunta fosse encaminhada por ofício ao DER. “Com todo respeito, coronel Meireles, o senhor não conhece Rondônia. O Estado é pujante e o povo precisa de estradas para transitar. Trabalho muito forte a região de Guajará-Mirim, Nova Mamoré, Candeias e Porto Velho, e es estradas estão ruins. Acredito que o governador Marcos Rocha pode aproveitar o senhor em outra área, mas no DER não tem condições. Sou da base do Governo, mas não tenho mais condições de lhe apoiar, pois a população não merece”, afirmou Jair Montes. Depois disso Jair Montes leu a relação de diversos policiais militares que estão lotados na estrutura do Governo, principalmente na Governadoria, que recebem jetons. Luizinho Goebel disse já ter solicitado a relação dos pagamentos de jetons e também os locais onde aconteceram a reunião. “Mas acredito que esses militares devem ser engenheiros, devem ser gente da área”, complementou Jair Montes.
O deputado Adailton Fúria (PSD) perguntou quantas vezes Erasmo Meireles percorreu as rodovias de Rondônia. Ele respondeu que a engenharia é precedida pelo reconhecimento, feito pelos técnicos e pelos engenheiros. “Um rio muda todo dia, aquela água que passa não é a mesma do dia seguinte. Ele foi interrompido pelo parlamentar. “Acredito que o senhor não conhece a realidade. Mas agora vai passar a conhecer”, acrescentou Fúria.
O deputado Geraldo da Rondônia (PSC) perguntou o que deu errado no Governo, pois passou-se 100 dias, depois seis meses, agora mais de um ano, e muita coisa não se concretizou. “Somos considerados para-choque, até pela ausência do governador no interior. É um homem de bem, sensato, evangélico, mas onde está a gestão dele? Mas as obras em estradas pararam. O que aconteceu para que quase nada acontecesse?”, indagou.
Erasmo Meireles respondeu que mesmo com os recursos e os equipamentos necessários, o resultado pode não ser o desejado. Ele afirmou que a situação das estradas pode melhorar, mas assegurou que o trabalho do DER foi feito nas rodovias. “Muito há de ser feito e temos restrições orçamentárias. Modificar a estrutura do Estado requer longo prazo. Iniciamos obras que estavam latentes há anos, como o anel viário e o Beira Rio, em Ji-Paraná”, adiantou.
Geraldo da Rondônia disse que o diretor do DER não respondeu. “Perguntei o que deu errado no Governo. Quantos quilômetros de estrada foram feitos? Quando teve a sabatina, o nome dele foi aprovado, mas agora ele está se esquivando de responder”, considerou. O diretor do DER disse que o governador Marcos Rocha encontrou um déficit de R$ 357 milhões ao assumir o cargo. “Em grande parte das rodovias temos um trabalho efetivo. Mudamos a tecnologia para fazer os tapa-buracos. Estamos fazendo muito, com pouco”, afirmou.
O deputado Laerte Gomes perguntou qual o prazo para iniciar a obra da cabeceira da ponte sobre o Rio Urupá. A equipe técnica do DER explicou que falta assinar o contrato. “É uma obra importante, de R$ 6,5 milhões, que está parada”, prosseguiu o parlamentar.
Em relação ao aeroporto de Ji-Paraná, Laerte disse que a empresa Azul só voltará com os voos quando a cerca for construída. O coronel Meireles alegou que existe uma ação judicial, por isso o DER está em tratativas com o Ministério Público, com a Defensoria Pública e com os posseiros, para que a cerca possa ser concluída.
“Só para informar o senhor, conversei com o advogado da parte. Eu o convenci e ele entrou com uma petição no Tribunal Regional Federal (TRF) pedindo que o desembargador liberasse a construção da cerca. O processo está em Brasília. Acontece que o desembargador negou, sendo que na peça o advogado abriu mão. É importante o senhor saber disso. A Advocacia Geral da União (AGU) pediu que a decisão fosse revisada. Saindo a revisão, será possível terminar a cerca”, disse o deputado Laerte.
Em relação à obra do PAC em Ji-Paraná, de saneamento, Laerte explicou que na semana anterior a empresa iria paralisar os trabalhos e demitir todos os 80 funcionários, porque não recebeu R$ 1,8 milhão. O atraso ocorreu porque no final de 2019 o Executivo não empenhou o recurso, sendo enviado o projeto de lei para a Assembleia Legislativa somente em março. “Pedi um voto de confiança, dizendo que o valor seria pago. Acontece que até agora o pagamento não aconteceu. E temos a denúncia de que os fiscais da obra não têm qualificação para executar essa atividade”, prosseguiu o parlamentar.