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Mar revolto

Sábado, 22 Março de 2014 - 08:16 | Gessi Taborda


Mar revolto

Então, dizem, o filósofo caipira saiu vai anunciar (pode até ser) no final do presente mês sua decisão de disputar a reeleição. Isso mesmo: Confúcio não aguentou toda a pressão que vinha sentindo em seu próprio partido para não fugir da raia. Não será candidato por ter reduzido seu alto índice de rejeição popular. Deve ter se convencido de que a “Oposição” rondoniense é altamente desqualificada para enfrentar a candidatura chapa-branca.


DOR DE CABEÇA

DOR DE CABEÇA

Se os luas-pretas do PMDB soubessem (ou quisessem) interpretar realisticamente o sentimento de fastio da população, poderiam até perder o sono preparando-se para um possível desastre eleitoral. Isso, claro, se algum dos nomes anunciados até agora como pretensos candidatos de “oposição” tivessem a capacidade de encarnarem o espírito mudancista sinalizado pelo eleitorado rondoniense.
E o filosófico governador do PMDB resiste a evitar os enormes riscos para seu sucesso eleitoral. Anunciar, nesse momento, um reajuste abaixo da inflação para os servidores do estado, abaixo inclusive do índice (dá para acreditar?) anunciado até pelo Mauro Nazif é de uma insensibilidade inacreditável. É aumentar ainda mais a resistência dos servidores públicos ao seu nome. Certamente esse reajuste salarial não evitará movimentos paredistas de servidores. A classe não se deixa levar por argumentos estapafúrdios, como a cheia do Madeira.

MESSIANISMO

No fim das contas não temos como negar um fato importante: a “Oposição” é péssima no estado. Não tem apresentado argumentos capacitando-a a chegar ao governo (faltam programas e definições) e ainda se mantém na planície. A ponto do deputado Maurão de Carvalho se prender ao messianismo de acreditar que sua suposta candidatura ter o aval divino.
Que fique claro: o eleitorado não deve escolher o próximo governo levando-se em conta seu alinhamento com as seitas religiosas ou mesmo com a igreja católica. O processo eleitoral não será (ainda) uma disputa entre um padre e um pastor.

LIMITAÇÕES

As supostas candidaturas de deputados estaduais ao governo rondoniense perdem força quando passam a ser vistas como patrocinadas pelo ex-governador e (ainda) senador Ivo Cassol. E não porque Cassol tenha perdido sua liderança política e sua importância eleitoral depois de sofrer condenação na Justiça, tornando-se inelegível.
Verdade seja dita: Maurão de Carvalho (mesmo sendo pessoa simpática e afável) ou Neodi Carlos (sem glamour político nenhum) acabam contribuindo para a descrença na classe política, pois tiveram seus nomes relacionados com muitas notícias negativas em passado recente da vida do parlamento rondoniense, gerando inclusive pendências nas sendas do judiciário.

NOCAUTE

O deputado José Hermínio consolidou sua imagem de opositor no exercício desse seu primeiro mandato no parlamento estadual.
Assim que assumiu a presidência da Assembleia, conseguiu com a estratégia do ataque um impacto ainda maior na sua imagem pessoal de algoz dos corruptos.
Mas essa tática não contribuiu para definir e garantir o seu nome na relação de quem deverá disputar o governo.
Hermínio, um homem humilde e de ficha limpa. Não mete a mão no dinheiro público. Ele passou a ser rifado dentro do PSD. O partido, criado por Gilberto Kassab, para não ter ideologia política, certamente é incapaz de aceitar o acirramento de críticas, insinuações.

DISTORÇÕES DO ENSINO

O Tribunal de Contas da União realizou auditoria na rede pública de educação e revelou uma situação vexatória no ensino brasileiro. Apenas São Paulo e Roraima ficaram fora dessa auditoria, que foi realizada entre março do ano passado e fevereiro desse ano.
Foram avaliados aspectos relativos a quatro eixos: cobertura, professores, gestão e financiamento do Ensino Médio. O levantamento indicou a carência de 32 mil professores com formação específica nas 12 disciplinas obrigatórias. Significa que aulas de química, física e sociologia, entre outras, estão sendo ministradas por docentes que pouco sabe sobre as respectivas matérias ou, o que é pior, não estão sendo ministradas por professor algum.
O estudo também revela que mais de 60 mil professores concursados estão fora da sala de aula, ocupando cargos de direção e funções administrativas ou cedidos a órgãos diversos. Cerca de 5 mil atuam em áreas que nada têm a ver com a educação. O mais preocupante, porém, é a quantidade de professores que quebram o galho, ministrando aulas sem ter formação na disciplina para a qual foram designados. Desta forma, não há como qualificar a educação.

BRUXA SOLTA

Quem conhece as entranhas das operações policiais na caça de corruptos anda dizendo nos bastidores que este mês pode terminar como um flagelo para políticos e “empresários” envolvidos em negócios suspeitos. A detecção de supostos desvios de recursos federais na área governamental fará desembarcar por aqui uma nova operação para prender gente graúda.
Em instituições do parlamento era visível o nervosismo com o tititi de nova ação dos homens de preto nos próximos dias. Quem viver verá.

DINHO

A cassação do prefeito Dinho, de Candeias do Jamary, certamente pode contribuir para o fim de um longo ciclo político iniciado ali por Lindomar Garçom. É uma triste maneira de encerrar uma carreira brilhante de alguém que sem eira e nem beira começou como vereador e primeiro presidente da Câmara Municipal de Candeias. Lindomar – hoje um personagem abatido no cenário político – não falou nada sobre o assunto que pode ser a pá de cal na vida política da família.

ELES NÃO APRENDEM

A prática de atos de corrupção no estado é cada vez maior. É cada vez maior o número de prefeitos de pequenas cidades pegos com as calças arriadas. Se em Candeias do Jamary o prefeito Dinho foi cassado, em outros pequenos municípios prefeitos são afastados por determinações judiciais exatamente pelo envolvimento nessas práticas, como aconteceu com Ernan Amorim, no pequeno município de Cujubim.
A situação é tão catastrófica que o Ministério Público Federal anunciou ontem ter expedido “recomendação” ao prefeito de São Felipe do Oeste, José Luiz Vieira, para não superfaturar na contratação de obras financiadas com recursos federais.

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