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Rio Acre sobe e desabriga 1,7 mil em Rio Branco
Quinta-feira, 14 Abril de 2011 - 17:17 | RONDONIAGORA
O Rio Acre não para de subir em Rio Branco, a capital do Acre, onde o prefeito Raimundo Angelim (PT) decretou situação de emergência na terça-feira (12) por causa do crescente número de desabrigados pela enchente.
O nível do rio amanheceu nesta quinta-feira (14) com 15,89m de profundidade. A Defesa Civil já removeu 410 famílias de suas casas em 11 bairros. Existem 1.715 pessoas desabrigadas, que foram levadas para o parque onde anualmente é realizada a Feira Agropecuária do Acre.
Segundo dados da Secretaria de Ação Social de Rio Branco, são 944 pessoas de zero a 18 anos desabrigadas, sendo 742 com idades acima de 19 anos. Existem 393 crianças de zero a seis anos, 12 gestantes e 439 menores entre sete e 15 anos.
Mais de cinco mil residências foram atingidas pela enchente, o que não significa que todos os moradores estejam desabrigados.
- Em todas essas residências a água chegou ao menos no quintal - explica o assessor de Comunicação Oly Duarte.
O prefeito Raimundo Angelim anunciou que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, estará em Rio Branco na sexta-feira (15), para lançamento nacional do Cartão da Defesa Civil, que permitirá aos municípios e Estados em situação de calamidade pública acesso aos recursos do governo federal para enfrentar eventuais desastres naturais com menos burocracia.
A maior enchente do Rio Acre ocorreu em 1997, quando a Defesa Civil registrou a cota de 17,22m de profundidade. Em 2006, o nível do rio chegou a 16,72m.
Desmatamento
Nas últimas décadas os rios da região se mostram cada vez mais instáveis. Durante o inverno amazônico, de novembro a abril, as águas sobem. Moradores de áreas baixas são afetados, geralmente em fevereiro e março.
A enchente em abril é considerada atípica, pois costuma ser o mês da vazante de rios e igarapés. No período de estiagem, cada vez mais extremas na região, o nível dos rios baixa tanto que afeta o abastecimento de água e até de gêneros alimentícios e de combustíveis em várias cidades.
Segundo o engenheiro florestal Ecio Rodrigues, da Universidade Federal do Acre, o comportamento dos rios é conseqüência do modelo de ocupação que ocorre ao longo das bacias hidrográficas.
- É simples entender que, com as constantes enxurradas, as chuvas que caem sobre uma terra desmatada, que não tem a proteção da floresta, levarão uma boa quantidade de barro e areia pra dentro do rio.
Rodigues explica que o barro e areia alteram a profundidade do rio, deixando-o mais raso e, por isso, em menor condição de receber a quantidade de água que recebia antes.
- Por outro lado, a ausência da floresta, sobretudo na margem dos rios, denominada mata ciliar, diminui a capacidade da bacia hidrográfica de reter água por mais tempo, fazendo com que as secas sejam cada vez mais grave.
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