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"Obras eleitoreiras" abandonadas na Zona Leste desde ano passado
Domingo, 10 Novembro de 2013 - 10:36 | RONDONIAGORA
UNIDADE DE SAÚDE É ARROMBADA E EQUIPAMENTOS, PIAS, FIOS E ATÉ PISO SÃO ROUBADOS
Todos os serviços públicos essenciais, incluindo segurança, saúde e educação, estão “contemplados” com o descaso na região de maior conflito social de Porto Velho: a Zona Leste. O abandono é total e as obras, sob a responsabilidade da prefeitura, são alvo de vândalos e críticas da comunidade, que promete um protesto barulhento nesta semana para cobrar providências do médico e gestor da cidade, Mauro Nazif.
A unidade de saúde que reforçaria o atendimento às famílias na região é considerada uma obra concluída desde janeiro deste ano. Cadeados e correntes foram partidos com o uso de ferramenta pesada, deixando o portão de ferro escancarado. A estrutura foi erguida com salas amplas e um espaço externo grandioso, com louças caras, luminárias de luxo, piso e forro de primeira qualidade. Ocorre que na última semana os vândalos terminaram o “arrastão” que vinha acontecendo dia após dia, aproveitando-se da falta de vigia. Todos os balcões em granito e as pias de inox foram arrancados.
Algumas peças (elas eram chumbadas na parede de concreto ) foram tiradas inteiras. Outras, os bandidos deixaram pelo caminho por que não conseguiram removê-las por completo. Papelões improvisam camas, onde usuários de drogas promovem orgias regadas a álcool e sexo. Preservativos usados e fezes humanas são vistos por toda parte e o interior do prédio está inundado em consequência das últimas chuvas. A porta de entrada, onde ficaria a recepção, em vidro temperado, também foi arrancada. O PVC do forro está estraçalhado na maioria das salas. A ação violenta dos marginais tinha um objetivo: furtar a grande quantidade de fios de cobre, que tem razoável valor. E eles conseguiram. Até mesmo parafusos e as tampas dos quadros de distribuição de energia foram levados. A bomba d´água, avaliada em R$ 5 mil, sumiu. Com um tesourão, a espessa corrente que guardava o equipamento foi apartada, e as conexões hidráulicas aparecem completamente destroçadas, dentro do posto de saúde e fora dele, numa área enorme coberta pelo mato, onde provavelmente seria pavimentada para estacionamento.
O agricultor Romanildo Soares, de 35 anos, apareceu com novas correntes e cadeados para pôr no portão de entrada do posto. A casa da mãe dele faz fundos com o prédio público e, por conta do muro baixo, os marginais já furtaram roupas, tênis e outros objetos de pequeno valor da residência. Minha mãe é uma idosa doente. Não merece passar por isso. Isso aqui tá tirando o sono da gente”, protesta o trabalhador. A reportagem do Rondoniagora acompanhou uma inspeção feita pelo presidente da Associação do Bairro Lagoinha, Edilson Silva. Na presença dos repórteres, ele tentou contato com o secretário de Saúde de Porto Velho, Domingos Sávio, sem sucesso. Uma atendente informou que mandaria”alguém” da prefeitura para “olhar o que está acontecendo”.
Asfalto ruim transforma via rápida em picadão
A Rua Maranguape foi "asfaltada" no final de 2012 e apresentada com pompas, pela prefeitura de Porto Velho, como uma alternativa ao transporte rápido de pacientes rumo ao Hospital de Base e Pronto Socorro. A obra foi entregue juntamente com a UPA da Zona Leste. Hoje, a Rua Maranguape apresenta um cenário desolador. Caminhões encalhados, crateras e desbarrancamento dos dois lados da pista indicam que o asfalto empregado ali é de uma qualidade abaixo da crítica. "Eu lembro do tapete que era. Meu Deus. Não entendo como uma obra acaba em tão pouco tempo", diz a funcionária pública Solange Vieira. Parte da rua tem afundamentos laterais que ameaçam residências. A espessura do asfalto é a de uma gilette deitada, ironiza o bicicleteiro Antônio José Monteiro. Ele recorda o discurso do então secretário de Obras, Jair Ramires, de que a obra salvaria vidas. As ambulâncias da UPA fazem hoje o trajeto tradicional, enfrentando semáforos e um trânsito abarrotado, pois os médicos desaconselharam o uso da Rua Maranguape quando há pacientes graves sendo transportados para outras unidades de saúde.
Escola infantil sem prazo para terminar
Outras duas obras iniciadas em março do ano passado permanecem inacabadas. A escola infantil, com capacidade para abrigar 4 mil crianças, é cercada por tapumes. Lá dentro, os serviços realizados sofrem deterioração do tempo e se desmancham por falta de acabamento. Um vigia contratado pela empresa responsável guarda a estrutura, cuja obra não tem prazo para ser retomada. A placa da prefeitura afixada á frente da escola diz que a unidade seria entregue em seis meses, portanto em setembro do ano passado.
Nem compensação é executada no bairro
O único espaço para esporte e lazer do Lagoinha já tem nome: Praça do Parque Ceará. A grande área, no entanto, vista por dentro, dá a impressão de que é uma obra de fachada. Nada foi executado, embora o aviso oficial, na grande placa vermelha da prefeitura, aponte o início dos trabalho ( março de 2012) e o prazo de conclusão (150 dias depois). A fiscalização federal, através do CREA, foi realizada, mas não chegou-se a conclusão alguma. A obra é resultado de compensação social pela ocupação da área verde do Loteamento Parque Ceará.