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Bessa, os grampos e o braço político da Operação Apocalipse

Terça-feira, 09 Julho de 2013 - 18:52 | Gérson Costa


Li atentamente desde o final de semana o inquérito da Operação Apocalipse, óbvio, sem os três volumes extraídos pela Polícia Civil, aos quais nem os advogados de defesa dos réus (presos ou soltos) tem acesso.  As investigações sobre o golpe dos cartões de crédito são perfeitas. Nunca vi tramoia igual desde os tempos de Editoria de Cidades no Diário da Amazônia nos idos de 1996, quando descobri a fraude no seguro DPVAT com ajuda das seguradoras de veículos. Foi necessário o deslocamento de um fiscal do Banco Santander para averiguar a origem dos constantes roubos as instituições financeiras. Agora, convenhamos há mais gente graúda envolvida nesse escândalo. Como em sã consciência um comerciante, vendedor de carros ou mesmo o camarada do pet shop efetua vendas no cartão de crédito com valores superiores a R$ 100 mil? Seria para desconfiar, um cidadão qualquer chegar em uma concessionária de veículos, como a Sabenauto, Saga ou Nissey Motors e comprar uma Hilux SW4 com cartão de crédito. Não é à toa que essas três empresas são consideradas como “lavanderias” do dinheiro sujo obtido pela quadrilha do Beto Baba e Fernando da Gata, criminosos com nomes semelhantes aos personagens das pegadinhas do Mução.


- Porque a polícia não prendeu Beto Baba, Fernando da Gata ou seus comparsas com a mão na botija?
No tocante aos negócios do entorpecente, uma pergunta fica patente aos leitores do inquérito policial:
- Porque a polícia não prendeu Beto Baba, Fernando da Gata ou seus comparsas com a mão na botija?
É possível observar nas linhas do referido relatório do Serviço de Investigação as coordenadas geográficas dos locais da troca dos veículos adquiridos com o golpe dos cartões de crédito ou mesmo com o já conhecido FINAN (operação na qual a pessoa/fiador compra um carro em outro estado e roda em sua cidade de origem sem ser perturbado pelos bancos) por quilos e mais quilos de cocaína.  As autoridades chegam até a conclusão de numerário financeiro com cada operação do entorpecente – cerca de R$ 2 milhões. Mas, infelizmente, nenhuma grama do pó da alegria foi apreendida com os perigosos quadrilheiros.

Quando chega ao braço político, a Operação Apocalipse se fragiliza. Pelo menos dois erros já foram apontados e a cúpula de segurança pública insiste na sua verdade. Deuzimar Gadelha Lima foi preso no interior do Ceará acusado de ser um dos “laranjas” de Beto Baba e Fernando da Gata. O cidadão nada tinha a ver com a dupla de meliantes. Na verdade, seus dados foram falseados e o verdadeiro “laranja” está solto. Outro erro apontado é do filho do deputado estadual Hermínio Coelho, Roberto Rivelino Guedes Coelho. Consta no inquérito, como já disse anteriormente nas páginas não suprimidas pela Polícia Civil, que o Guga recebeu ligação de Beto Baba sobre um contra cheque do gabinete do vereador Eduardo Rodrigues. Na verdade, o tal Guga é outro. Trata-se de José Augusto Diogo Leite, cabo eleitoral de Eduardo Rodrigues e que hoje estaria lotado no gabinete do vereador Dimdim.

Ora, se houve interceptação telefônica, vigilância externa, inclusive com fotografias dos acusados, porquê prenderam duas pessoas erradas? Na melhor das hipóteses, se os dois Gugas (o filho do Hermínio e o cabo eleitoral José Augusto) estão envolvidos  porque só um foi preso? A Polícia Civil não sabia  do envolvimento de José Augusto e ficou sabendo apenas pela imprensa? Temerário o posicionamento do secretário Marcelo Bessa, fazendo desabafos no Facebook, condenando as palavras do deputado estadual Hermínio Coelho e assacando afirmativas contra jornalistas. A Operação Apocalipse, caro Bessa, iniciou com privilégios aos profissionais da Globo e o G1. O Rondoniagora não pôde entrar na Assembleia para fotografar e filmar o arrombamento dos gabinetes dos deputados citados pelo inquérito. E pasme o senhor, imagens e diálogos dos ditos volumes extraídos, como dito lá no início dessas considerações, agora vazam para aqueles que sofreram ameaças de retaliação. Antes de atacar a imprensa, o senhor secretário deveria tomar conhecimento do que andam falando sobre a fuga de Beto Baba. Falam até em R$ 50 mil pago pelo criminoso para escapar minutos antes da chegada dos policiais.

Sei não, mas concordo com o jornalista Rubens Coutinho. Se foram capazes de armar contra o presidente da Assembleia Legislativa, imagine nós, pobres jornalistas, caso a cúpula de segurança nos encare como ameaça para o projeto de reeleição do Governo do PMDB. Sem sombra de dúvidas, os cidadãos de Rondônia vivem numa grande grampolândia. Todos, senão a maioria, inclusive você leitor, pode estar nos grampos do Guardião. Típico dos regimes de exceção.  

* O autor é jornalista

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