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Brasileirão, um campeonato de tiro (muito) longo
Terça-feira, 17 Maio de 2022 - 07:10 | da Redação
É um campeonato de futebol. Mas poderia ser uma maratona. Ou uma prova de Iron Man. Para quem quer que se pergunte, o Brasileirão é, antes de tudo, uma competição de resistência. É normal que um certame de liga, em formato de turno e returno, seja um torneio de tiro longo. Mas, como costuma acontecer no Brasil, as distâncias são maiores. Então, por aqui, o tiro é muito mais longo.
Vários técnicos e jogadores já se manifestaram sobre o acúmulo de jogos mas, até o momento, não conseguiram demover os responsáveis. Resta, portanto, fazer o melhor com o que a realidade apresenta.
O Campeonato Brasileiro é uma competição que tem chamado a atenção não só em território nacional, mas em todo o mundo. Ele se destaca até mesmo nas casas de prognósticos, mercado em constante evolução que oferece diversas modalidades de apostas no Brasileirão – tanto jogo a jogo, quanto para o resultado final do torneio, que tem Atlético Mineiro, Palmeiras e Flamengo como principais favoritos. Junto a eles, forças como São Paulo, Corinthians e Internacional correm por fora, e pagam mais. Mas todo esse favoritismo pode se diluir ao longo dos meses, por motivos variados. Veja alguns e descubra por que o campeão brasileiro merece ser louvado.
Copas, torneios, campeonatos
A constante reclamação de excesso de jogos está diretamente ligada à quantidade de competições. O Brasil ainda mantém torneios regionais longos, no início do ano, que consomem boa parte da pré-temporada e apertam o calendário do Brasileirão. O quadro é ainda pior para quem disputa as primeiras fases da Copa do Brasil, com jogos únicos e, muitas vezes, em lugares longínquos. A solução óbvia seria diminuir ou eliminar os torneios regionais, mas isso é uma ideia que não costuma agradar as federações. O resultado é que o sucesso é castigado – quanto mais um time avança nas competições, mais sobrecarregado ele fica. Não raro alguns técnicos priorizam um campeonato em detrimento a outro.
Tapetões e tribunais
Um favoritismo também pode ser abalado por questões completamente alheias ao campo. A seleção da Rússia, por exemplo, foi impedida de disputar as Eliminatórias. O Chile contesta a classificação do Equador para a Copa, com base em uma suposta inscrição irregular. Algo parecido que aconteceu com o Sport de Recife em 2021. Imagine o craque do seu time afastado do torneio por uma suspensão de tribunal...
(Un)fair-play financeiro
O Brasileirão não dispõe de dispositivos de fair-play financeiro. Isso abre portas perigosas, com dirigentes que gastam hoje o dinheiro que esperam ter amanhã. Mas que nem sempre chega. Muitos conseguem vencer torneios, mas não sem deixar uma conta salgada para o próximo mandatário, que vai precisar administrar não só o time, mas também uma dívida absurda.
Janela da esperança
Outro fator que altera favoritismos é a falta de sincronia dos calendários no Brasil e Europa. Isso faz com que em junho e julho se abra a principal janela de transferência para o Velho Continente, o que normalmente leva os talentos mais promissores para Espanha, França, Inglaterra... é bem verdade que se entra pela mesma janela que sai, e alguns talentos podem ser repatriados.
Rodando o elenco
Com jogos a cada três dias, sem suficiente tempo para recuperação e descanso, é esperado que as lesões aconteçam ao longo do ano. Para evitar isso, é preciso bons profissionais de fisiologia e um elenco amplo o bastante para permitir um rodízio de jogadores. Mas não bastará trocar, será preciso que a nova peça mantenha o padrão de desempenho, ou o time vai sofrer quando precisar poupar. Os maiores clubes costumam ter elenco suficiente, mas nem sempre o departamento médico consegue dar conta.
Somado a isso, há o desgaste acumulado ao longo do ano– mental e psicológico. Por isso é comum ver as equipes oscilando conforme o campeonato avança. As mais bem preparadas conseguem minimizar essas variações, enquanto outras entram em parafuso e deixam o título escapar. Como se vê, o futebol do Brasileirão nunca foi uma ciência exata. Mas, no Brasil, ele é muito mais volátil. Mas certamente muito mais divertido.