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Criança vítima de enchente em Porto Velho é adotada por família de São Paulo
Terça-feira, 06 Novembro de 2018 - 11:07 | do TJ/RO
Elizabete viveu uma tragédia. Ainda bebê, caiu da cama nas águas da grande enchente de 2014, em Porto Velho. Teve lesões na cabeça pela queda e pela perda de oxigênio em decorrência do afogamento. Ficou meses no hospital. Os médicos lutaram muito, mas tinham consciência de que o quadro era muito grave, de difícil recuperação.
Elisabete enfrenta, a partir de então, novos percalços. O primeiro deles é o próprio abrigo, não preparado para suas necessidades especiais. Um bebê que se alimenta por sonda, com dificuldades locomotoras, inspira todo um cuidado que o Lar do Bebê, por mais que tivesse profissionais dedicados e amorosos, não conseguia suprir.
Sem condições econômicas e, principalmente, psicológicas de cuidar da filha, os pais abriram mão e a Justiça finalmente decretou a perda do poder familiar, não sem antes tentar mantê-la no seio da família. Quando isso acontece a criança deve ir para uma unidade acolhedora (abrigo) até que seja adotada.
Elisabete enfrenta, a partir de então, novos percalços. O primeiro deles é o próprio abrigo, não preparado para suas necessidades especiais. Um bebê que se alimenta por sonda, com dificuldades locomotoras, inspira todo um cuidado que o Lar do Bebê, por mais que tivesse profissionais dedicados e amorosos, não conseguia suprir.
Outro grande obstáculo era o perfil para adoção. Com todas essas dificuldades, apesar de ser uma criança na faixa etária preferida pelos pretendentes a pais adotivos, Elisabete tinha característica que, na realidade dos abrigos, é fator desencorajador para muitos.
Felizmente, a menina sorridente e amorosa mostra que sua história será mesmo de superação. O sistema de proteção à criança conseguiu uma vaga para Elisabete na Casa Família Roseta, especializada em crianças com necessidades especiais. É nesse local acolhedor, com profissionais e voluntários abnegados, que ela encontra um ambiente propício para seu surpreendente desenvolvimento nesses seus 4 curtos anos de vida.
E no início deste ano, o improvável mais uma vez vem mostrar a todos que é tônica da vidinha de Elizabete. Após uma campanha feita pelo Juizado da Infância e da Juventude de Porto Velho, uma família de São Paulo se interessou em adotar Elisa, como é mais conhecida por todos.
A família se habilitou, fez curso de preparação, passou por todas as etapas exigidas no processo de adoção e, nesta semana, veio buscar a filha. Momento de grande emoção para todos os envolvidos.
Despedida
A despedida, na última quinta-feira, na Casa Família Roseta, foi uma grande celebração ao amor e à solidariedade. Débora e Renato, seus novos pais, e o irmãozinho Pedro Gabriel foram recebidos com festa por cuidadores, voluntários, profissionais das instituições e do sistema de Justiça. A juíza Sandra Merenda e o promotor Marcos Tessila, acostumados a histórias dramáticas no cotidiano de trabalho, não contiveram a emoção de ver o encontro de Elisa com sua nova família.
“Trata-se de um exemplo exitoso de adoção, no qual o acompanhamento da Justiça garante à criança o direito à convivência familiar e aos pais a segurança para o desenvolvimento integral aos seus filhos”, defendeu a juíza.
O esforço do 2º Juizado da Infância e da Juventude de Porto Velho tem sido no sentido de quebrar os tabus da adoção, incentivando a adoção de crianças maiores, adolescentes ou com necessidades especiais, e tem obtido ótimos resultados com essas ações estratégicas, como no caso de Elisabete.
Poemas, canções, orações e depoimentos derramados marcaram esse momento, que representa um novo futuro para Elisa.
“Estamos muito felizes pelo carinho e afeto de todos. É muito bom saber que nossa filha teve todo esse amor de vocês. Podem ter certeza que, além do nosso amor, terá todo o esforço e empenho para se desenvolver muito mais”, disse o pai de Elisa. Renato contou que sua família e igreja estão em oração pela filha. Débora, a mãe, também emocionada, agradeceu pela ajuda e prometeu manter a todos informados sobre Elisa, afinal, “apesar da distância, os laços afetivos não podem ser rompidos”.
Os olhos espertos da menina, sua alegria e empolgação ao brincar com o irmãozinho, sua evidente satisfação em encontrar uma família, demostram que o improvável não é, definitivamente, um adjetivo no futuro de Elisa.