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Governo vai analisar sugestões discutidas na ALE sobre o uso do Palácio Presidente Vargas

Sexta-feira, 07 Junho de 2013 - 10:58 | RONDONIAGORA


“O governador Confúcio Moura sabe da importância de debater com o segmento da cultura sobre o uso do Palácio Presidente Vargas, que poderá ser transformado em um Museu de Cultura após a transferência dos servidores para o Palácio Rio Madeira”, afirmou a secretária estadual dos Esportes, da Cultura e do Lazer (Secel), Eluane Martins, durante a audiência pública realizada nessa quinta-feira (6) na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE) para discutir a destinação do prédio.



A proposta foi apresentada pelos deputados estaduais, Adelino Follador (DEM) e Epifânia Barbosa (PT), que presidiu a reunião, destacando a iniciativa do Poder Legislativo em promover essa discussão com os diversos segmentos para que, conjuntamente, elaborem um documento para ser encaminhado ao governo como sugestão de uso. “A nossa intenção é que o espaço possa ser utilizado para preservar e destacar a nossa cultura e a nossa história. Criar um museu é o desejo de todo o segmento da cultura de Rondônia”, disse a deputada.

Já Adelino Follador lamentou que a história e a cultura de Rondônia estejam perdendo muito pela falta de espaços e de investimentos no setor. “É importante que haja mais recursos orçamentários e é preciso assegurar para 2014 o financeiro para a manutenção do museu. Estou à disposição para discutirmos isso na próxima peça orçamentária”, garantiu.

Ao anunciar que a Superintendência Estadual de Turismo (Setur) está sendo estruturada e que terá um departamento para cuidar exclusivamente do patrimônio histórico de Rondônia, o superintendente Basílio Leandro afirmou que a discussão é importante para se debater o direcionamento a ser dado ao prédio após a transferência da sede do governo para o Palácio Rio Madeira. “Quando o gestor público escuta a população ele erra menos, e o Turismo e a Cultura não podem caminhar separados. O governo do Estado vai deixar sua marca nestas duas áreas”, disse.

Para o coordenador geral de Patrimônio do Estado, Álvaro Lustosa Júnior, o estabelecimento de políticas públicas para o setor cultural precisa de uma soma de esforços. Ele sugeriu que fosse feita uma carta na audiência com sugestões, “pois nenhuma medida será tomada sem o consenso da sociedade”, e apontou que independente da destinação do Palácio, o gabinete do governador seja preservado para solenidades.

“A destinação do palácio para um espaço museológico é quase uma unanimidade. Um museu vai trazer para a comunidade a sua história. Queria ressaltar dois pontos: primeiro que não se faz somente com o espaço, mas é preciso recursos para a sua manutenção; depois, é preciso a capacitação de pessoas para cuidar dos nossos espaços”, citou a presidente da Fundação Cultural de Porto Velho (Funcultural), Jória Lima.

A realização da audiência também foi destacada pelo historiador e jornalista, Anísio Gorayeb Filho, lembrando que “é a segunda vez que o assunto é debatido na Casa de Leis”. Ele fez questão de frisar que “o importante não é a quantidade, mas a qualidade dos participantes do evento” e defendeu a transformação prédio em Museu Cultural, mantendo-se o nome Presidente Vargas e o gabinete do governador para solenidades oficiais.

Representando o Instituto Histórico Geográfico e Academia Rondoniense de Letras, a historiadora Yêda Borzacov disse não concordar que o palácio seja transformado em museu, porque esse já existe e sugeriu que no prédio sejam criadas novas seções para o governo trabalhar, como o folclore, uma biblioteca específica, artes visuais e outros segmentos culturais. A historiadora ainda pediu para que a decoração do prédio valorize artistas da região, com atrações específicas do Estado, a exemplo do trabalho dos seringueiros.

“Muitas vezes a cultura fica no esquecimento, e isso traz um atraso considerável na vida do cidadão”. A declaração foi feita pelo produtor cultural, Chicão Santos, ao agradecer a iniciativa dos deputados em discutir a questão. “Rondônia já avançou bastante na legislação, mas precisa ser colocado em prática, de imediato, o marco regulatório”, afirmou.

Chicão entende que não adianta destinar prédios para a cultura se não existe dinheiro, nem lei de fomento e produção cultural e defendeu que a Secel tenha orçamento para atender às ações e políticas públicas da cultura do Estado e não para as demandas de eventos da própria pasta.

Para o folclorista Aluízio Guedes, não adianta colocar nos locais pessoas qualificadas sem apoio para dar continuidade aos projetos culturais. Já o jornalista cultural, Sílvio Santos, o Zé Katraca, acredita ser preciso valorizar as personalidades que dão nome aos prédios e locais históricos, além de se preservar os monumentos e os espaços de cultura e história. “Sei que é da vontade do governador Confúcio Moura transformar o Palácio em Museu da Cultura. Defendo que haja a preservação do gabinete do governador e que haja a preservação do nome, além do respeito às cores e o cuidado com a sua manutenção”, observou.

A professora Berenice Simão considera que existe pela frente “um árduo trabalho na construção de políticas públicas e captação de recursos para que os espaços não fiquem sem atividades, a exemplo de outros existentes na Capital”. Ela também defende a transformação do espaço em museu por ir “ao encontro da ação do governo Federal que incentiva a criação de espaços para museus e a valorização da cultura local”.

Apesar da existência de um museu em Porto Velho, a professora Nazaré Silva disse que esse espaço físico vai atender a outras áreas da cultura, como a criação de uma biblioteca específica e a pesquisa, pois existe um acervo de informações que a sociedade precisa conhecer e o atual museu não tem biblioteca por falta de espaço. “Tenho certeza que esse museu sendo instalado no prédio do Palácio, a biblioteca pública José Pontes Pinto vai voltar ao prédio original. A sociedade cobra a volta de um espaço tradicional”, disse afirmando estar muito feliz, pois em quarenta anos de vida em Rondônia essa foi a primeira vez em que o povo se reuniu para debater a cultura do Estado.

Para a chefe do Centro Acadêmico de Biblioteconomia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Miriã Santana, o importante é dar o primeiro passo, que é o museu e a valorização das bibliotecas para que seja respeitada a memória do Estado. Ela citou que na Secel existem cerca de quarenta mil livros de história, mas que não têm espaço para serem colocados.

“Me incomoda uma cidade que tenha artistas tão produtivos e uma história tão rica, mas que não tem espaços culturais adequados. Estamos lutando para a criação de um Fundo para atender à cultura. A necessidade de um teatro é urgente”, afirmou o diretor da Companhia Beradeira de Teatro, Rodrigo Vrech, sugerindo um Centro de Memórias e não apenas um museu, mas um espaço multicultural, com diversas salas, audiovisual, de teatro, de antropologia, com manutenção constante e presente das atividades.

Por sua vez, Oscar Dias Knigthz, músico e carnavalesco, defendeu que haja compromisso e responsabilidade com a questão cultural. “Não basta apenas querer, mas tem que fazer. Espero que o Museu de Cultura se estabeleça e que a sociedade rondoniense tenha esse espaço para marcar um novo tempo na preservação da nossa história e nossa cultura”.
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