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Homem que bate em mulher não poderá ingressar no serviço público de Porto Velho

Sexta-feira, 22 Março de 2019 - 06:54 | da Assessoria


Homem que bate em mulher não poderá ingressar no serviço público de Porto Velho

Durante coletiva de imprensa, na tarde desta quinta-feira (21/3), o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, anunciou que vai emitir um decreto e, posteriormente, encaminhar projeto de lei à Câmara Municipal, proibindo a contratação, em cargos comissionados, de homens que batem em mulher. A medida foi anunciada após o assassinato da professora Joselita Félix, servidora municipal.

Ele garante que, nesta próxima semana, publicará o decreto com a proibição e também encaminhará o projeto de lei para apreciação da Câmara. Tão logo o projeto seja aprovado pelos vereadores, o decreto será revogado e passará a valer a lei.

“Vamos exigir uma certidão negativa relativa a Lei Maria da Penha. Essa medida vai valer tanto para servidores do quadro, no momento de ocuparem cargo em comissão, quanto para o comissionado que não é servidor do quadro”, afirmou Hildon Chaves.

O prefeito informou ainda que existe um anteprojeto da vereadora Joelna Holder, que trata do mesmo assunto, mas que prevê proibição apenas para os casos após o trânsito em julgado. “Eu entendo que não, que o fato de já está respondendo, instaurou inquérito policial, nós entendemos que já é aplicável e não precisa esperar a conclusão do processo. No caso da professora Joselita Félix, que era do quadro da prefeitura, foi registrado uma vez na delegacia e depois aconteceu essa tragédia”, lamentou.

Recadastramento

Ainda de acordo com o prefeito, será feito um recadastramento de todos os homens que ocupam cargos comissionados. Quem tiver histórico de violência contra mulheres será exonerado imediatamente.

Educação

Hildon Chaves disse ainda que pretende criar mecanismos para que os alunos da rede municipal de educação recebam orientações nas salas de aula sobre a não violência contra as mulheres.

Confira a seguir as considerações do prefeito na coletiva:

"A violência contra a mulher é uma chaga social que deve ser combatida por todos. Dados do Ministério Público Estadual apontam para um aumento crescente nos casos de violência contra as mulheres, em Porto Velho. Só no ano de 2018, foram registrados 2.331 casos. Isso é inadmissível.

Segundo a Secretaria de Governo Federal, por volta de doze pessoas são vítimas de feminicídio diariamente, e são contabilizados mais de meio milhão de casos de estupro por ano no país, sendo que apenas 10% chegam à Justiça. São dados como esses que tornam o Brasil o quinto país no ranking mundial de violência contra a mulher.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 35% dos homicídios de mulheres no mundo são cometidos por seus companheiros. A Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) projeta que 70% das pessoas do sexo feminino já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência ao longo de suas vidas.

O caso envolvendo a professora Joselita Félix, ocorrido recentemente em Candeias do Jamari, reflete bem esses números. Temos que ajudar a pôr um fim a esses casos de violência. Nesse contexto, a partir de agora, a Prefeitura de Porto Velho não permitirá que homens violentos ingressem nos quadros da administração pública municipal.

Além de certidões negativas relativas a Lei da Ficha Limpa, para contratação de servidores comissionados, passaremos a exigir também que o servidor não esteja inserido em questões relacionadas a Lei Maria da Penha. Sendo mais claro, não contrataremos homens que batem em mulher. Os que já estão contratados, passarão por um recenseamento. Não haverá tolerância nem meio termo. Transgrediu a lei Maria da Penha, está fora do serviço público municipal.

Essa é uma das medidas adotadas pelo Município para punir quem age com covardia. Outra medida será a inserção de valores contra a violência no âmbito escolar. Temos que encontrar um jeito de inserir, na educação, esses aspectos, para o combate à violência. Se educarmos quando criança, certamente teremos homens mais comprometidos com o bem-estar social, menos machistas e mais pacíficos."

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