Polícia
PARA POLÍCIA, VEREADORES RECEBERAM PROPINA PARA ARQUIVAR CPI EM CACOAL; CONFIRA TODOS OS PRESOS
Sábado, 09 Maio de 2015 - 09:45 | RONDONIAGORA
A Polícia Civil explicou neste sábado como aconteceram as investigações que culminaram com a descoberta de uma organização criminosa em Cacoal comandada pela chefe de gabinete da Prefeitura, Maria Ivani e pelo presidente da Câmara, Paty Paulista. Os dois e mais sete foram presos durante a Operação Detalhes.
Segundo o delegado, houve também, já comprovadamente, acerto de pagamento de propina a agentes públicos e envolvimento de empresários do ramo imobiliário. “Há também indícios de lavagem de capitais, há indícios também de outros delitos na administração pública, durante investigação foi também levantado informações, evidências de que o resultado da CPI recente, votada pela Câmara de Vereadores foi um resultado direcionado de forma ilegal, ilegítima, através de pagamento ou vantagens indevidas a vereadores. Então há vários ramos, linhas de investigação que foram feitas e deflagrou toda essa operação que a gente colocou o nome de “Detalhes”, declarou Arismar Araújo.
Ação conjunta entre a Polícia Civil e Ministério Público de Rondônia, a Operação “Detalhes” porque em um dos áudios obtidos com autorização judicial, a chefe de gabinete Maria Ivani se refere ao povo de Cacoal como “apenas um detalhe”. De acordo com o delegado Arismar Araújo, foram realizados apenas na manhã de sexta-feira, nove mandados de prisão temporária, dez coercitivos e 27 de busca e apreensão. Foram presos a chefe de gabinete Maria Ivani de Araujo Sousa, o ex-procurador do município José Carlos Rodrigues dos Reis, o presidente da CPL Silvino Gomes da Silva, o vereador Paty Paulista (presidente da Câmara), os empresários João dos Reis Bonilha e Marcos Henrique Stecca, o policial civil Richardson Palacio e o lobista conhecido como Gigi.
De acordo com Vinicius Lucena as prisões temporárias foram necessárias para o bom andamento das investigações, “obter mais elementos de informação, para que a gente pudesse dar substrato para o nosso inquérito policial e consequentemente dar subsídios para o Ministério Público oferecer uma denúncia robusta, para que futuramente a gente obtenha a condenação destes investigados que foram presos e conduzidos à Delegacia”.
O ESQUEMA
Conforme explicou o delegado regional de Cacoal o esquema consiste, basicamente, em direcionamentos de licitações e em especulação imobiliária. Nesse sentido a chefe de gabinete se comprometia em levar edificações públicas para determinados locais, valorizando todo o seu entorno. “Essa questão de aprovação de loteamentos, parte disso passava pela mão da Maria Ivani, que controlava essa questão. Como ficou provado em uma dessas doações que foi recebida pela prefeitura, de uma área para a edificação do Hospital Municipal, que já está aprovada e inclusive já existe uma verba destinada. Imagina um hospital edificado em um local, o que traz de valorização para o entorno. Então nesse caso específico a corrupção está nessa questão. Eu levo essa obra para determinado local, valorizo esse entorno. É daí que ela recebeu essa promessa de propina, inclusive notícias de que já teria sido efetivada pagamento de uma parte”, explicou Arismar. Segundo o delegado, neste caso, a propina chegaria à 4 milhões e meio de reais.
APREENSÕES
Durante as ações de sexta-feira, que envolveu 86 policiais, entre agentes, delegados e escrivães, foram apreendidos diversos documentos, que serão analisados e processados. “As mídias serão verificadas, e degravadas aquilo que for de pertinência com o procedimento. Foram apreendidas também armas de fogo, (3 armas de fogo, sendo uma calibre 38, uma calibre 12 de fabricação e utilização restrita e outra de calibre 32”, informou o delegado.
A CABEÇA
Questionado sobre quem seria o principal articulador do esquema, o delegado Arismar Araújo foi enfático: “Sem dúvida a Maria Ivani, que se associou principalmente ao presidente da Câmara de Vereadores, Paty Paulista, e conseguiram montar essa organização criminosa".