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Brasileiro encerra o debate quando as lágrimas secam - Por Ivonete Gomes
Sexta-feira, 08 Abril de 2011 - 15:51 | Ivonete Gomes
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“Lamentável, porém, que esse País que chora hoje pelas crianças assassinadas e chorou há quatro anos por João, sofra dos males crônicos da comoção efêmera e debates de ocasião. “
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O Brasil de 7 de Abril de 2011, de tristeza e perplexidade diante das cenas no Realengo, é o mesmo Brasil de 7 de Fevereiro de 2007 que viu o menino João Hélio, de 6 anos, ser arrastado pelas ruas cariocas, preso ao cinto de segurança do carro da família roubado por um menor de 18 anos. Lamentável, porém, que esse País que chora hoje pelas crianças assassinadas e chorou há quatro anos por João, sofra dos males crônicos da comoção efêmera e debates de ocasião.
O Brasil de 7 de Abril de 2011, de tristeza e perplexidade diante das cenas no Realengo, é o mesmo Brasil de 7 de Fevereiro de 2007 que viu o menino João Hélio, de 6 anos, ser arrastado pelas ruas cariocas, preso ao cinto de segurança do carro da família roubado por um menor de 18 anos. Lamentável, porém, que esse País que chora hoje pelas crianças assassinadas e chorou há quatro anos por João, sofra dos males crônicos da comoção efêmera e debates de ocasião.
A chacina no Rio reacendeu a discussão sobre armas de fogo e educação, da mesma forma que a maioridade entrou em debate no caso de João Hélio. A população queria pena severa ao ladrão de carros e ficou revoltada com o cumprimento da lei vigente criada para, de certa forma, proteger a criança e o adolescente. O menino do Rio, estraçalhado no percurso de sete quarteirões, morreu às vésperas do Carnaval e na Páscoa ninguém se propunha a continuar o debate acerca da maioridade penal.
Levados pela comoção passageira do povo, vezes também por oportunismo, parlamentares usam as tribunas da Câmara e do Senado para falar dos temas em evidência, mas tudo termina em nada. O senador por Rondônia Acir Gurgacz (PDT) precipitou-se ao chamar de vítima o assassino do Realengo. As críticas iniciadas pelos próprios pares no Congresso o levaram a uma explicação pública através do blog pessoal. Gurgacz foi infeliz ao antecipar, em suposição, que o massacre foi uma resposta violenta de alguém influenciado pelas condições (más condições) do ambiente escolar em que viveu. Pode não ter sido esse o motivo da explosão de violência do rapaz que chocou o Brasil, mas de qualquer forma, embora aquela escola esteja dentro dos padrões de qualidade do ensino impostos pelo Governo, é sabido que o sistema educacional do Brasil é falho. Não basta ensinar números e letras, a escola da era do estresse, da informação e dos valores familiares deturpados deve ir além. Depois de décadas de prática indiscriminada, somente no ano passado algumas instituições da rede privada iniciaram trabalhos de conscientização para combate ao bullling, termo usado para explicar assédio moral nas escolas.
Se para o parlamentar a origem está no sistema educacional, para alguns psicólogos e sociólogos ouvidos por grandes jornais, a carta suicida do assassino deixa pistas de fanatismo religioso. Termos que retratam a morte como sono eterno e fazem defesa ao sexo somente após o casamento, além de tratar “outros” como impuros, são usuais dentro de uma determinada religião. Os fiéis dessas igrejas espalhadas pelo mundo são mantidos numa regra rígida que limita o convívio social com pessoas de outras crenças – “os impuros” -, o que explicaria porque o assassino não se relacionava na escola e no trabalho, de acordo com relatos de ex-colegas e vizinhos.
Vê-se que há dois pontos que o Brasil não pode deixar de investigar para descobrir o que levou cidadão aparentemente pacato a invadir uma escola e matar mais de uma dezena de crianças: o primeiro é a educação, o segundo a religião. O segundo é muitíssimo delicado por tratar-se da liberdade de crença, mas nada impede um debate entre líderes religiosos e fiéis. O aconselhamento para evitar os excessos e a “pregação” da tolerância deveriam fazer parte de todos os encontros religiosos. Já no sistema educacional faltam psicólogos e orientadores preparados para serem conselheiros, não algozes.
Tudo pode e deve ser feito. O que não pode é brasileiro encerrar o debate quando as lágrimas secam. É o momento de tratar a violência como uma doença, traçando o diagnóstico e não permitindo a automedicação que não mais é que solução paliativa de resultado ineficaz.
Quem deve a quem?
Estranha a Portaria nº 449, de 21 de março de 2011, autorizando a viagem do servidor do Tribunal de Contas, Miguel Garcia de Queiroz, a Brasília. Na justificativa do ato, assinado pelo conselheiro-presidente José Gomes de Melo, o técnico é incumbido de participar dos trabalhos periciais dos “prejuízos causados pelo BERON e RONDOPOUP junto ao Banco Central e a RAET (Regime de Administração Especial Temporário)”. Não foram os interventores do BC que autorizaram a contratação de juros absurdos no mercado financeiro para tentar manter viva a instituição já falida? Pelo menos é o relatório do Senado, cujo projeto de Resolução determinou a imediata suspensão do pagamento da dívida do Estado de Rondônia com a União. Hoje mais de R$ 10 milhões mensais do Fundo de Participação dos Estados (FPE) deixam de entrar na Conta Única de Rondônia.
Briga de egos
A entrevista do governador Confúcio Moura (PMDB) ao Rondoniagora tornou pública a briga interna entre seus assessores, fator preponderante para saída do secretário Alexandre Muller da Saúde. A opção mais confortável para o chefe do Executivo era aceitar a indicação do senador Valdir Raupp (PMDB) e nomear Williames Pimentel, atual secretário de Saúde de Porto Velho. Mas esbarrou na condicionante de ter que exonerar também o adjunto José Batista, homem do núcleo forte do Governo com poderes maiores do que os próprios peemedebistas. Nesta sexta-feira, as chances de Batista assumir de fato a Sesau eram de 90% e Pimentel estaria já conformado. O anúncio deve acontecer sábado em Ariquemes ou na próxima semana em Porto Velho.
Outra sinecura
Outro que deve ser remanejado do “time”, como diz Confúcio, será Vicente Moura Cambuquira, coordenador geral de Apoio à Governadoria, amigo de muitos anos do chefe do Executivo. Ele meteu “os pés pelas mãos”, anda segurando nomeações, gritando com fornecedores, e dizendo por aí que jamais será destronado do cargo. Vicente esqueceu quando foi chefe da Delegacia Regional de Agricultura, onde deixou inimigos e gente com farta documentação capaz de causar um grande alvoroço entre os peemedebistas.
Em tempo
Agradeço aos internautas Pedro Francisco, Roberto Alves, Jorge Teixeira, Claudio Miranda, Luzia, Dedé o´Belo, Ivã Bezerra, Rubemar e a todos os demais que colaboram com o debate de alto nível no espaço de comentários.
ivonete@rondoniagora.com
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