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Ética Social
Segunda-feira, 03 Agosto de 2009 - 17:45 | RONDONIAGORA
Ética é um guia de comportamento e, guardadas as proporções, tem semelhanças no desempenho social aos Princípios Gerais do Direito. A ética pode ser definida, sumariamente, como valores-guia de uma relação espaço-temporal, em uma determinada sociedade. Assim, a ética trata de costumes (ethos) e de valores reinantes, predominantes, expressos e aceitos globalmente.
Por meio de um exemplo, tentaremos indicar como se pode (ou não) operar nesta área de conflitos ou choques contínuos entre costumes, práticas sociais aceitas e que comprometem com responsabilidade social a todo o grupo social.
Michael Owen, um empresário inglês altruísta do século XIX, procurou formas ideais de harmonizar a realidade capitalista com princípios socialistas e de Justiça Social. O resultado prático foi chegar muito cedo à falência, porque procurava contornar o capitalismo e o realismo político com meios não-capitalistas. Owem queria humanizar a exploração da mais-valia do trabalho com fórmulas e meios sociais imaginava que seria capaz de aliar práticas sociais capitalistas com princípios socialistas. É óbvio que seus atos estavam em evidente desajuste com os valores predominantes de sua época.
O exemplo nos revela que Michael Owem via a realidade não como era, mas como queria que fosse. Também nos revela que o ethos vivido naquele momento era capitalista (assim como atualmente) e que a ética, como conjunto de valores morais, não poderia desafiar a realidade imposta ao chamado chão de fábrica. Seus ideais, sua ética, eram e ainda são válidos, contudo, o exemplo nos revela que a ética também demonstra valores sociais expressos e aceitos pela sociedade global, em determinada época.
Neste caso, a ética pode ser definida como uma zona de choque entre o ideal expresso por valores-guia, como princípios duráveis, e as práticas sociais predominantes em determinada relação espaço-temporal. O ideal de Owem era comprometido com a ética, como valores-guia de uma sociedade mais justa e amplamente respaldado pelo sentido da responsabilidade social empresarial, todavia, os meios empregados eram desproporcionais e desorientados em relação ao fim desejado.
Portanto, enganam-se os que pensam a ética do ponto de vista estritamente individual, idealista, reclusa na vontade e interesses de uns poucos indivíduos, e sem ressonância ou responsabilidade social. Também se enganam os que procuram no exemplo desculpas para um agir sem respeito ao trabalhador e ao cidadão, pois o caso apenas revela que os meios não foram acertados mas, de modo algum, nos diz que o ideal de Justiça Social não tem significado nos dias de hoje.
Vinício Carrilho Martinez Professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Coordenador de MBA na RIOMAR; Pós-doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP); Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP); Doutorando em Ciências Sociais; Mestre em Direito e em Educação; Bacharel em Direito e em Ciências Sociais.
Marcus Vinícius Rivoiro Professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Coordenador do Curso de Direito da FARO; Coordenador de MBA na FARO; Mestre em Direito; Bacharel em Direito.
Por meio de um exemplo, tentaremos indicar como se pode (ou não) operar nesta área de conflitos ou choques contínuos entre costumes, práticas sociais aceitas e que comprometem com responsabilidade social a todo o grupo social.
Michael Owen, um empresário inglês altruísta do século XIX, procurou formas ideais de harmonizar a realidade capitalista com princípios socialistas e de Justiça Social. O resultado prático foi chegar muito cedo à falência, porque procurava contornar o capitalismo e o realismo político com meios não-capitalistas. Owem queria humanizar a exploração da mais-valia do trabalho com fórmulas e meios sociais imaginava que seria capaz de aliar práticas sociais capitalistas com princípios socialistas. É óbvio que seus atos estavam em evidente desajuste com os valores predominantes de sua época.
O exemplo nos revela que Michael Owem via a realidade não como era, mas como queria que fosse. Também nos revela que o ethos vivido naquele momento era capitalista (assim como atualmente) e que a ética, como conjunto de valores morais, não poderia desafiar a realidade imposta ao chamado chão de fábrica. Seus ideais, sua ética, eram e ainda são válidos, contudo, o exemplo nos revela que a ética também demonstra valores sociais expressos e aceitos pela sociedade global, em determinada época.
Neste caso, a ética pode ser definida como uma zona de choque entre o ideal expresso por valores-guia, como princípios duráveis, e as práticas sociais predominantes em determinada relação espaço-temporal. O ideal de Owem era comprometido com a ética, como valores-guia de uma sociedade mais justa e amplamente respaldado pelo sentido da responsabilidade social empresarial, todavia, os meios empregados eram desproporcionais e desorientados em relação ao fim desejado.
Portanto, enganam-se os que pensam a ética do ponto de vista estritamente individual, idealista, reclusa na vontade e interesses de uns poucos indivíduos, e sem ressonância ou responsabilidade social. Também se enganam os que procuram no exemplo desculpas para um agir sem respeito ao trabalhador e ao cidadão, pois o caso apenas revela que os meios não foram acertados mas, de modo algum, nos diz que o ideal de Justiça Social não tem significado nos dias de hoje.
Vinício Carrilho Martinez Professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Coordenador de MBA na RIOMAR; Pós-doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP); Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP); Doutorando em Ciências Sociais; Mestre em Direito e em Educação; Bacharel em Direito e em Ciências Sociais.
Marcus Vinícius Rivoiro Professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Coordenador do Curso de Direito da FARO; Coordenador de MBA na FARO; Mestre em Direito; Bacharel em Direito.