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Mitos e verdades sobre a psicoterapia
Terça-feira, 26 Março de 2019 - 08:46 | por Juliana Maria de Oliveira
Fazer uma visita ao psicólogo ainda é uma dificuldade do ser humano. Alguns tabus e obstáculos são criados para justificar a falta de cuidado com o eu e com o outro. Inúmeras são as tentativas, de nós, psicólogos, para quebrar preconceitos, mostrar qual é o nosso papel na área da saúde e tantas outras em que esse profissional é indispensável. Procurarei aqui falar apenas sobre alguns mitos que envolvem a psicoterapia. Espero que, caso surjam outros questionamentos, esse texto sirva como incentivo para que você procure conhecer mais sobre a atuação do psicólogo.
Psicoterapia é para loucos, doentes e fracos: a psicoterapia é recomendada para qualquer pessoa. Essa busca pode partir do reconhecimento da existência de um problema e da consciência de que é preciso ajuda especializada para encontrar uma forma de superá-lo. Fazer psicoterapia demonstra o compromisso de uma pessoa com o próprio bem-estar. Seja para a resolução de um problema, para o autoconhecimento ou para tratamento de transtornos específicos que não devem ser taxados como loucura ou fraqueza.
Psicólogo apenas escuta e não fala: a figura do psicólogo sempre em silêncio faz parte do imaginário criado por filmes e outras formas de entretenimento. Tendo como base uma das mais famosas abordagens psicológicas, a Psicanálise, acaba reproduzindo erroneamente uma postura quase ausente do psicoterapeuta. Porém, dentro da Psicologia existem diversas abordagens, em muitas delas, inclusive nas abordagens de orientação analítica, o psicólogo tem uma postura ativa e colaborativa com o paciente, formulando questionamentos e fazendo pontuações que o ajudem no seu processo terapêutico.
Psicoterapia é para sempre: Não. Esse é um medo relacionado à ideia de que quem vai ao psicólogo é fraco. Ao contrário, quem procura a psicoterapia está interessado em aprender a ser melhor. E o psicólogo deve atuar também nesse sentido, construindo com o paciente novos modos de compreender e agir nas situações que ele traz. Algumas abordagens trabalham com uma duração pré-determinada do tratamento, outras dependem da iniciativa do paciente ou da percepção do psicólogo de que o paciente pode seguir sozinho. O psicólogo dispõe de ferramentas e teorias que contribuem para que o paciente seja autônomo no seu dia a dia e quando finalizar o processo terapêutico.
Psicoterapia é coisa de gente rica: a psicoterapia ainda enfrenta a ideia de que é uma atividade elitizada. Porém, esse é mais um preconceito que deve ser quebrado. Assim como médicos e outros profissionais da área da saúde, o psicólogo também atende por meio de Planos de Saúde. O atendimento psicoterapêutico também é oferecido de maneira gratuita em clínicas escola de universidades públicas e particulares. Na saúde pública esse atendimento ainda não é realizado, porém os profissionais do CAPS e Hospitais podem oferecer orientação para outros canais. Além disso, há uma gama de ótimos profissionais que atendem pela via particular. Muitas vezes, o preço é usado como justificativa para a desistência de buscar o autocuidado ou a resolução de problemas. Recomendo a pesquisa e a experiência de uma sessão para que este estigma seja desmitificado.
Psicoterapia é a mesma coisa que autoajuda: Não. A autoajuda oferece modelos gerais de interpretação de mundo que podem contribuir para a reflexão do sujeito sobre a vida. Por outro lado, a psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano. Que estuda o ser humano, sua subjetividade, levando em consideração aspectos biopsicossociais. Toda psicoterapia tem como base teorias, pesquisas, procedimentos, técnicas e estratégias que ajudam o paciente a construir e reconstruir sentidos e sua própria maneira de ser e atuar no mundo.
Estou tomando remédio prescrito pelo psiquiatra, não preciso ir ao psicólogo fazer psicoterapia: essa é uma ocorrência comum no âmbito da Saúde Mental. Se o profissional de medicina não tiver o cuidado de recomendar o acompanhamento psicoterapêutico em conjunto com a medicação as chances de uma recuperação autônoma se tornam mais complexas. A medicação ajuda sim o paciente, porém, o acompanhamento pelo psicólogo contribui para que a pessoa firme um compromisso com a sua melhora e tome os remédios corretamente e sem abandonar o tratamento.
Esses são apenas alguns do mitos que criam obstáculos na hora da busca por um profissional de psicologia. Se você tem mais dúvidas ou gostaria de compreender melhor como funciona a psicoterapia, procure se informar através de sites especializados, consultando pessoas que já passaram por essa experiência ou indo diretamente ao profissional psicólogo para uma conversa inicial.
*Juliana Maria de Oliveira – Psicóloga CRP 20/04976. Formada pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Especialista em Gestão Organizacional e de Pessoas pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Atende em Porto Velho-RO.