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O negacionista quer virar herói

Segunda-feira, 21 Junho de 2021 - 17:59 | por Gérson Costa


O negacionista quer virar herói

Assistindo aos vídeos institucionais produzidos pelo Palácio Rio Madeira sobre a ação do último final de semana no pátio do CPA, percebe-se claramente a tentativa do governo de responsabilizar a prefeitura de Porto Velho pelo atraso na imunização dos cidadãos da capital. O secretário Fernando Máximo, que dias antes se desdobrou para retirar dezenas de pacientes dos corredores do Pronto Socorro João Paulo II após circular um vídeo com imagens de doentes em macas espalhados por todo canto do prédio, falou em “intervenção” para acelerar a vacinação. Em outras reportagens, especialmente à CBN, Máximo culpa a morosidade das prefeituras pelo baixo número de vacinas enviadas a Rondônia pelo Ministério da Saúde. Ora, se não vacina, é porque não precisa, assim é a lógica pensada pelos negacionistas entrincheirados no mais alto escalão do Governo Federal.

Máximo deu o exemplo de outras duas intervenções. A primeira em Guajará-Mirim, onde há uma investigação em andamento sobre possíveis privilégios a pessoas próximos do gestor daquela cidade. Lá foram aplicadas 4 mil doses no mutirão chamado “SOS Vacinação”. A segunda ação do Estado ocorreu em Candeias do Jamari no sábado, quando foram vacinadas 2.674 pessoas. As duas cidades realmente precisavam de intervenção. A primeira porque quase perdeu a validade dos imunizantes e a segunda porque pediu ajuda em razão da estrutura de Saúde não ser suficiente para uma campanha desse porte.

Agora Porto Velho não pediu ajuda e nem precisava de intervenção. Vejamos os números. Na sexta, sábado e domingo, a Capital vacinou 13.174 pessoas, dos quais 2.019 só no domingo no drive thru organizado pela Semusa no pátio do Prédio do Relógio para imunizar os professores. No mesmo dia, o Governo também realizou uma ação semelhante voltada aos educadores, alcançando 805 pessoas.

O curioso, no caso do estado, foram as postagens do governador Marcos Rocha, “amigo pessoal” do Bolsonaro – segundo ele mesmo diz – o maior negacionista do País, liderando a campanha de vacinação. Li postagens no Twitter de colegas de rede social zombando da atitude do chefe do Executivo, notadamente política para faturar capital eleitoral já pensando em 2022, quando disputará um segundo mandato.

Hoje é segunda-feira, e a prefeitura continuará vacinando. Amanhã começa a faixa acima dos 45 anos, graças a Deus, porque me incluo nessa fase. E o Governo? Continuará vacinando também? Ou foi apenas no domingo para rivalizar com o Hildon Chaves, potencial adversário político do governador nas eleições de 2022? Mas algo que precisa ser dito nessas poucas linhas é o inequívoco sucesso do marketing digital do Poder Executivo nas redes sociais. Uma pessoa desavisada quando abre o Facebook jura que houve vacinação aos professores, só por causa do governo. E Marcos Rocha agora de negacionista quer ser o herói da vacinação.

*Gérson Costa é jornalista

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