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Advogado da família do bebê Nicolas Naitz defende continuidade de inquérito

Segunda-feira, 01 Dezembro de 2014 - 11:02 | RONDONIAGORA


O advogado Renan Maldonado, que defende a família do bebê Nicolas Naitz, desaparecido desde o meio do ano em Porto Velho, deve entrar na Justiça pedindo a continuidade das investigações. A Polícia Civil reuniu a imprensa na última semana e anunciou que o corpo do bebê foi incinerado por engano, mas segundo entende o advogado, há ainda muitas dúvidas. Veja manifestação encaminhada por ele à imprensa nesta segunda-feira.



"No fim do mês de novembro o Delegado Jeremias em entrevista afirma que o inquérito está concluído, pois haveriam provas que o bebê fora incinerado na empresa Amazon Fort, isso segundo os depoimentos de diversos funcionários que realizaram o manuseio de um saco plástico no dia 23 de maio de 2014 teriam constatado, sem contudo ver, um objeto que seria um bebê. Depois disso, o suposto bebê teria sido incinerado, havendo inclusive visualização de seu crânio, que se perdeu haja vista ter ido com as cinzas para uma empresa de aterro em Minas Gerais.

Em que pese os esforços do Delegado, com a devida vênia, na opinião deste advogado, as provas coligidas no Inquérito não levam, necessariamente, a essa conclusão. Senão vejamos:

a) A suposta coleta do bebê Nicolas teria sido feita pelo agente coletor José Maria, que teria levado o bebê até o caminhão de lixo em um saco diverso do devido, além de não pesar, como manda o protocolo. Acontece que em seu depoimento José Maria afirma categoricamente que não recolheu o suposto corpo do bebê; pois recolheu somente 1 (um) membro feminino e 1 (um) feto. Afirma que não abriu a “geladeira” onde estaria o suposto corpo do bebê, que a enfermeira do Regina Pacis teria deixado na noite anterior.

b) O vigilante João Francisco, vigilante do dia dos fatos, afirmou que o agente coletor, José Maria, teria levado um saco com um invólucro de 30 cm, que poderia ter sido o bebê Nicolas. Acontece que seu depoimento não é confiável, pois também diz que somente entrou no recinto o agente coletor no dia 23/05, quando o pai do bebê entrou às 10h e o Senhor Raimundo Acácio também afirmou ter entrado às 7h30min do mesmo dia, sendo que os dois afirmam que viram o “pacote” formado por lençol na câmara fria do Necrotério do HB.

c) Na noite anterior a enfermeira do Centro Regina Pacis, as 21h:20min do dia 22/05, deixou um “pacote” fechado na gaveta do necrotério do Hospital de Base. No dia seguinte, após a coleta, o agente funerário Leonardo, às 14h do dia 23/05, foi recolher o corpo do bebê, mas encontrou o mesmo invólucro e então chamou o senhor José Dória, assessor do HB, que ao ver o embrulho disse: “aí está o bebê”, então Leonardo sacudiu os lençóis e demonstrou que o bebê não estava, quando houve o escândalo do desaparecimento.

Tais fatos, colhidos por meio dos depoimentos, deixam, no mínimo, a dúvida se realmente o bebê chegou no Hospital de Base. Isso porque, como visto a enfermeira deixou o invólucro com o suposto bebê na gaveta do necrotério na noite do dia 22/05, que foi visto no dia seguinte às 7h30 por um funcionário do HB, depois às 10h pelo próprio pai. Sendo que o coletor, que realizou a coleta às 13h do dia 23/05, nega que tenha aberto a gaveta e o agente funerário, que constatou o desaparecimento, encontrou os lençóis embrulhados juntamente com outro servidor já às 14h.

Ora não se pode deduzir que alguém tenha levado o bebê sem qualquer indicio para tanto. O fato de ter funcionários da Amazon Fort que possam ter manuseado um bebê no mesmo dia do desaparecimento, não significa que seja, necessariamente, o bebê Nicolas. Pois sequer foi provado que este bebê entrou no Hospital de Base.
E mais, sequer foi realizada perícia no forno incinerador da Amazon Fort, pois há vários depoimentos de funcionários que afirmam que seria impossível restar um crânio, quando a temperatura ultrapassa os 700° Celsius.

Pelo contrário existem sérias dúvidas de que realmente tenha o bebê Nicolas saído do Hospital Regina Pacis.

Até o momento não foram sanadas as seguintes perguntas:

a) Como um bebê nascido forte e saudável, segundo os enfermeiros que ajudaram em seu nascimento, veio a falecer de forma tão misteriosa?
b) Por que as enfermeiras do Hospital Regina Pacis encaminharam o bebê para o necrotério do Hospital de Base, quando o normal é liberar o corpo para que a família realize o enterro?
c) Por que o bebê, supostamente falecido às 18h do dia 22/05, ficou na UTI até às 21h e não foi transferido para o oratório (lugar apropriado para que a família o veja)?
d) Quem é o motoboy que entrou no Regina Pacis às 21h16min, ou seja, logo após a saída da enfermeira com o “pacote” lacrado?
e) Por que deixaram entrar um motoboy de capacete na UTI, quando segundo os funcionários do Hospital isso não ocorre, e mais: com uma enorme bolsa, que poderia levar um bebê, e por lá permanecer mais de 10min?
e) Quem realizou o invólucro do bebê, quando duas enfermeiras, em depoimentos contraditórios, dizem ter realizado?
f) As imagens do Centro Regina Pacis, mostram a enfermeira levando em uma só mão o corpo envolto em um pano achatado, quando o bebê nasceu com mais de 2,8kg. Como acreditar que seria o bebê?
g) Por que a médica pediatra atestou que a causa da morte do bebê foi parto na ambulância, quando ela sabia que o parto foi no Hospital de Candeias?

Essas são apenas algumas perguntas das dezenas sem respostas, que somente uma investigação exaustiva poderá sanar. São inúmeras contradições nos depoimentos colhidos, fatos suspeitos que deixam qualquer pessoa perplexa e horrorizada.

Saliente-se que a família não acusa qualquer um dos funcionários ou pessoas arroladas no Inquérito. Mas não se conformará enquanto restarem sérias dúvidas se o bebê está ou não vivo. Pois se trata aqui de uma vida desaparecida, um filho, que suposições e deduções não podem jamais servir, aí sim, para golpeá-lo com uma suposta morte.
A família, desse modo, lutará pela verdade, mas vinda com provas realmente fidedignas, que não ocultem ou protejam qualquer pessoa, ainda que tenham, o maior ou menor, status na sociedade rondoniense.
Portanto, firmes na crença de que o Inquérito não chegou a verdade dos fatos, clamam para as autoridades competentes que intensifiquem as investigações, que não escolham suspeitos, e que esgotem todas as possibilidades investigativas desse doloroso desaparecimento.
"

Rondoniagora.com

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