Carnaval para bois e vacas – Por César Henrique Almada

De um tempo pra cá andei me perguntando como as pessoas em Porto Velho se acomodam com qualquer coisa, se satisfazem com qualquer produto e se sentem constrangidas para reclamar ou quando estão com alguém que reclama de algum produto/serviço. Quando vou a um restaurante, compro uma calça jeans, escolho um show, uma cerveja sempre faço a relação custo/benefício e custo/qualidade do que estou consumindo e, sim, reclamo!

Mas o objeto em questão é um pouco mais grave, é o descaso de uma empresa tradicional de eventos de carnaval na cidade, a decisão de um poder público que parece apenas querer atrapalhar uma tradição e mostrar quem tem poder, e a aceitação da população a uma solução precária e desrespeitosa levando em consideração o investimento alto para um lazer que nos priva de escolhas, apenas na aceitação do que for imposto pelo promotor do evento.

Mas o objeto em questão é um pouco mais grave, é o descaso de uma empresa tradicional de eventos de carnaval na cidade, a decisão de um poder público que parece apenas querer atrapalhar uma tradição e mostrar quem tem poder, e a aceitação da população a uma solução precária e desrespeitosa levando em consideração o investimento alto para um lazer que nos priva de escolhas, apenas na aceitação do que for imposto pelo promotor do evento.

A escolha de uma arena de rodeios para o carnaval fora de época, que agora tem um nome bonito para disfarçar (INDOOR), leva os foliões para seguir o trio comendo uma imensa nuvem de poeira, que é levantada no espaço muito apertado por onde o caminhão, com som em volume reduzido, fará seu trajeto. Os foliões como ratinhos de laboratório caminharão em círculos num terreno acidentado sendo alimentados e bebendo apenas aquilo que for permitido pelos promotores do evento, não é permitido levar comida nem bebida. Assim, caso queira beber uma cerveja, será obrigado a tomar uma cerveja aguada (que pra mim mais parece um laxante) sem opções de escolha. Água ou refrigerante? Apenas aquela que o patrocinador permitiu (isso não seria um monopólio digno de boicote? Ou alguma ação que realmente demonstre o poder do ministério público em favor da população?). É importante que todos saibam que cada vendedor ali dentro é responsável e paga para ter seu ponto de venda, tendo liberdade das marcas que quiser vender. Com outras palavras, em pleno momento de lazer quem gosta de Coca é obrigado a tomar Dydyo? Quem gosta de Skol é obrigado a tomar Crystal? (passei por isso na Flor do Maracujá, e foi péssimo, tinha que ir de 20 em 20 minutos lá fora busca cerveja).

Pensar que tudo é coisa ruim é fácil, pode-se elogiar em parte a segurança, em partes, pois sempre temos atrasos e problemas com horários reduzidos de shows, sem eficiência na fiscalização da entrada, sempre encontramos inúmeros menores consumindo álcool e drogas, e com a ação do juizado de menores, quem está ali, dentro da lei, acaba prejudicado. Ainda assim, falta fiscalização sanitária nas barracas que vendem alimentos, uma boa distribuição de banheiros químicos, a boa distribuição de pontos de vendas de bebidas. Falta em muito a educação dos seguranças, falta um espaço democrático para o grande público que não tem os quase 400 reais para um abadá, e fica muito longe da verdadeira alegria de um momento de lazer LIVRE que seria um carnaval.

É legal (perante a lei) pagar por um carnaval onde estaremos presos em uma arena de rodeios, sendo empurrados de um lado ao outro envoltos numa nuvem de poeira sendo alimentados e matando a nossa sede apenas com aquilo que os promotores do evento permitem ser vendido lá dentro, sem poder de escolha? Esperava uma população que desse mais valor ao seu dinheiro, um ministério público que se importasse mais com o direito da população e não de mostrar que tem o poder de acabar com uma festa tradicional, e um promotor de eventos que oferecesse um produto capaz de receber e agradar todos os amantes do carnaval. Quem quiser ser tratado dessa forma nem precisa pagar, temos pasto por todo estado, basta procurar um e lá ficar.

cesaralmadaro@hotmail.com