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Amazon Fort é um dos alvos da Polícia em investigação de corrupção em Florianópolis

Sexta-feira, 19 Janeiro de 2024 - 10:32 | com informações do NDmais


Amazon Fort é um dos alvos da Polícia em investigação de corrupção em Florianópolis
© Leo Munhoz/ND

A empresa Amazon Fort, do empresário Carlos Gilberto Xavier Faria, sediada em Porto Velho e com contratos com o poder público, é um dos alvos da operação “Presságio”, desencadeada na quinta-feira (18), em Santa Catarina e Rondônia e que investiga corrupção envolvendo políticos em um contrato de recolhimento de lixo em Florianópolis. Segundo a imprensa local, a Amazon Forte recebeu em dois anos R$ 29 milhões. A contratação aconteceu sem licitação, mas antes mesmo de ser escolhida, a empresa fazia anúncio de contratação de mão de obra.

As investigações foram realizadas pela Delegacia de Investigação de Crimes Ambientais e Crimes contra Relações de Consumo (DCA/DEIC). A operação “Presságio” cumpriu 24 mandados de busca e apreensão nas cidades de Florianópolis, Brasília e Porto Velho, além de quatro ordens de afastamento de cargo público, de servidores comissionados do município de Florianópolis. As buscas foram realizadas nas residências dos investigados e em seus locais de trabalho. Nos locais, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, especialmente telefones celulares e documentos relacionados aos fatos sob investigação.

CONFIRA REPERCUSSÃO DO CASO NA IMPRENSA DE SANTA CATARINA:

Operação Presságio: pagamentos de Florianópolis à empresa alvo dobraram em 1 ano
 

Empresa terceirizada e secretários da prefeitura são alvos da Operação Presságio, que apura suspeitas de fraude à licitação e corrupção em Florianópolis
 

ANA SCHOELLER E GABRIELA FERRAREZ

A Amazon Fort, empresa terceirizada contratada pela Prefeitura de Florianópolis para coleta de lixo, recebeu, ao todo, R$ 29 milhões do município entre 2021 e 2022. O valor desembolsado quase dobrou de um ano para outro. A empresa e secretários da prefeitura são alvos da Operação Presságio, deflagrada na quinta-feira (18). A ação apura suspeitas de fraude à licitação e corrupção.

O montante foi pago entre janeiro de 2021 e maio de 2022 e consta no Portal da Transparência de Florianópolis. Entre um ano e outro, o valor pago aumentou 85%, passando de R$ 10,4 milhões, em 2021, para R$ 19,4 milhões, em 2022.

O Grupo ND tentou contato com a Amazon Fort via e-emails e telefones ao longo de quinta-feira, mas não obteve retorno. O texto será atualizado em caso de manifestação da investigada.

Conforme a prefeitura, os R$ 29 milhões pagos à empresa terceirizada estão “abaixo do valor do mercado”, e que inclusive, era metade do cobrado pela Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital), autarquia responsável pela coleta e destinação do lixo na Capital.

O que é a Operação Presságio

Na manhã de quinta-feira, a DEIC (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) realizou uma operação contra secretários e servidores comissionados da Câmara. Todos já foram exonerados pelos respectivos poderes.

Os alvos da Operação Presságio foram:

Ed Pereira, secretário Municipal de Turismo, Cultura e Esporte;
Fábio Braga, secretário Municipal do Meio Ambiente;
Samantha dos Santos Brosse, esposa de Ed Pereira e assessora parlamentar no gabinete do vereador Marquinhos (PSC); e
Gustavo Silveira, assessor da Mesa Diretora da Câmara.

A Câmara de Vereadores de Florianópolis também foi alvo da operação da Polícia Civil com mandados relacionados aos assessores parlamentares. No local, foram apreendidos malotes, documentos e aparelhos eletrônicos. A Câmara e vereadores não são alvos da operação.

A investigação teve início em janeiro de 2021, após a constatação de um crime ambiental de poluição em um terreno próximo à Passarela Nego Quirido, na região central da capital catarinense.

Durante a greve de janeiro de 2021 da Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital), a Amazon Fort, uma empresa terceirizada com sede em Porto Velho (RO), ficou encarregada encarregada pela coleta de lixo e realizou transbordo de resíduos de maneira inadequada, a poucos metros da Baía Sul.

A empresa foi contratada emergencialmente e sem processo licitatório, tendo como justificativa a greve da Comcap, declarada em 20 de janeiro de 2021.

Operação Presságio da DEIC mira em secretários municipais – Foto: Divulgação/DEIC/NDSegundo a Polícia Civil, chamou a atenção o fato de a Amazon Fort ter vagas para o serviço em Florianópolis dias antes de a Comcap deflagrar a greve. O anúncio ocorreu em 29 de dezembro de 2020. As oportunidades eram especificamente relacionadas à coleta de resíduos.

Essa antecedência tem relação com o batismo da investigação. A operação se chama “Presságio” devido à suspeita como a empresa estabeleceu o contrato com o município, indicando uma previsão de eventos futuros. O contrato foi assinado em 19 de janeiro de 2021, um dia antes da decretação da greve.

Segundo as investigações, os envolvidos teriam arquitetado um esquema ilícito para contratar a Amazon Fort como terceirizada durante a greve da Comcap.

Mesmo após o término da greve, a empresa continuou prestando serviços de coleta, sem licitação, por aproximadamente dois anos. A greve da Comcap durou 10 dias, enquanto o contrato vigorou por 17 meses.

A Operação Presságio ainda revelou outros arranjos ilícitos, incluindo repasses de valores de uma secretaria municipal, por meio de contratos de fomento, para uma instituição não governamental.

O que dizem os citados

Fábio Braga e Samantha Brosse não responderam aos pedidos de posicionamentos do Grupo ND. O espaço segue aberto.

Ed Pereira usou as redes sociais para comentar a operação. Ele sugeriu tom político na operação.

“Eu quero acreditar que é pura coincidência que em 2024, ano de eleição que essa investigação avance e que o meu nome acabe envolvido no processo. Inclusive, um dos agentes que participou da operação lá em casa parecia bem interessado pelo meu futuro político, ao ponto de afirmar que eu era candidato a vice-prefeito”, comentou.

Gustavo Silveira disse, através de sua defesa, que foi alvo de mandado de busca e apreensão e que está à disposição da investigação.

“Gustavo não tem nada para esconder de ninguém e vai responder a todas as perguntas. Essa é a atitude de quem não deve nada, né? Ele quer se apresentar o mais rápido possível para encerrar esse problema gigante que causa uma dor de cabeça“, afirma o advogado Marlon Bertol, que defende Gustavo.

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