Artigos
Ausência
Quarta-feira, 04 Junho de 2014 - 09:34 | Gessi Taborda
Tirando a presença de poucos colegas deputados, o café organizado por Maurão de Carvalho teve absoluta falta de presença de lideranças da sociedade interiorana, como prefeitos, representantes de entidades civis organizadas, que pudessem realçar a musculatura política de quem está se achando pronto para a disputa do governo. Embora Ivo Cassol e seus principais aríetes no Congresso não se fizessem presentes, deputados amigos de Maurão (e ele próprio) como Luiz Cláudio (convidado para Vice) encheram de elogios o ex-governador e (ainda) senador Ivo Cassol que, como contou Maurão, não compareceu por causa de um compromisso jurídico em Brasília.
BRAVATAS
Particularmente sou da opinião de que Maurão de Carvalho é muito mais competitivo do que Jaqueline Cassol. Mas não vejo, em nenhum dos dois, o perfil de oposicionistas ao governo que ai está. No caso de Jaqueline, apenas uma bela jovem sem maior militância política, é perfeitamente compreensível seu distanciamento da polêmica eleitoral.
Esse não é o caso de Maurão. Ao longo dos vários mandatos (quatro) nunca mostrou uma posição crítica em relação ao Poder. Não dá para saber se o deputado sabe fazer – quando precisar – oposição ao governo.
E certamente, não serão bravatas (“vou ganhar no 1º turno”, disse no seu discurso do café com a imprensa) que farão dele o catalisador dos votos de quem está cansado do governo do PMDB.
CHAMEM O SHERLOCK
A trama em torno do assassinato de Naiara Karine parece mais roteiro de cinema. Sobre um personagem central da tragédia, um suposto Bruno Cassol, praticamente nada se descobriu até hoje. Este é um detalhe que poderá assombrar a anunciada pré-candidatura de Jaqueline Cassol (irmão do ex-governador) à sucessão estadual.
Essa trágica e sangrenta novela rondoniense desafia os “Sherlocks” locais. E há, também, outro detalhe interessante: a qualificação do agente penitenciário que supostamente andou fazendo ameaças à testemunhas numa audiência de instrução, perante a magistrada. Além de agente penitenciário, o camarada é chamado de “empresário” do setor de vigilância privada. Será que ele era dono de alguma empresa que prestou serviço a órgão público?
CABEÇA DE POLÍTICO
Difícil interpretar o pensamento do médico e prefeito (fazer o que?) Mauro Nazif. Se não for uma charada, é mais uma pisada de bola desse prefeito que vai descendo a ladeira e perdendo seu capital eleitoral e político com uma rapidez impressionante.
Ele (o tal Nazif) mandou uma mensagem à Câmara Municipal inchando ainda mais a folha de servidores da municipalidade. Dessa vez, o prefeito que prometeu (enquanto esteve em campanha) uma gestão transparente e austera, está propondo a criação de mais 29 cargos comissionados para a Secretaria Municipal de Saúde, numa pasta que não consegue resolver a questão de falta de remédios e médicos nas principais unidades de atendimento.
AÇÃO DO MP
O prefeito, diz o vereador Everaldo Fogaça, não tem como justificar essa decisão. E mesmo assim, supõe-se que a proposta de Nazif acabará sendo aprovado, em consequência da dócil maioria que o prefeito tem na Casa.
Como se sabe, em período eleitoral a legislação é rígida em relação à contratação e demissão no serviço público. Daí, a esperança é que o Ministério Público imploda esse esquema de ampliação da asponagem municipal.
ERA MENTIRA
O acordo supostamente firmado entre Lula e Valdir Raupp para garantir a aliança do PT ao PMDB rondoniense nesse processo sucessório foi uma simples mentira, como andou afirmando – aliviado – o padre Ton, pré-candidato petista que, diante do perigo de ser rifado do processo chegou, nesses dias, a ameaçar sair do PT. A garantia, de acordo com o padre, foi dada pelo presidente nacional do PT, Ruy Falcão, em encontro com os petistas rondonienses.
Raupp que chegou a documentar fotograficamente seu encontro com Lula (que é quem verdadeiramente dá as cartas no PT) onde teria firmado o acordo da adesão do PT à candidatura confuciana não se manifestou. Enquanto o “barbudo” de Rolim se fecha em copas, Padre Ton volta a sentir-se firme como candidato do PT para enfrentar Confúcio.
SAMBA
Numa roda de samba realizada domingo, ouvi uma adaptação do samba cantado pelo saudoso Jair Rodrigues, feita por um sambista ligado à área da saúde: “vem chegando a madrugada ô, o Confúcio vai caindo”. Por essas e outras, mesmo sem grandes concorrentes é melhor o filósofo caipira fazer uma viagem a Codó (MA) para se encontrar com os pais de santos usados pela família Sarney.
SEGUNDO PLANO
Políticos rondonienses envolvidos no processo eleitoral devem aproveitar esses dias para descansar. Com o início da Copa do Mundo, as eleições já passam ao segundo plano. Política partidária já não é o assunto da preferência da maioria da população. Em tempos de Copa no Brasil, piorou. E assim, até o governador Confúcio, segundo fonte palaciana, deverá reduzir significativamente o ritmo da pré-campanha, sem saber ainda, com toda certeza, quem será seu principal adversário na refrega.
REALIDADE
Se um marciano chegar ao nosso planeta hoje e assistir aos telejornais do dia terá a certeza de que o nosso mundo está um caos. Dirá que é final dos tempos, a visão do inferno. A violência é real, assim como os problemas em praticamente todas as áreas do serviço público. Mas é preciso acreditar que notícia boa também vende, ou melhor, também provoca mudanças positivas por meio de um bom exemplo. Isto é educação. Claro que, em ano eleitoral, fica difícil não ter qualquer tema, positivo ou negativo, contaminado pelo fogo cruzado da campanha.
TÁ DANADO
O governo está terminando e ninguém analisa, com profundidade, o enorme prejuízo perdido que foi perder a grande oportunidade de modernizar e garantir avanços econômicos sustentáveis para Rondônia com a construção das hidrelétricas. Ao contrário de tirar proveito disso, o governo (pasmem!) acabou promovendo uma renúncia fiscal bilionária em favor do tal consórcio hidrelétrico. Será que Rondônia ainda vai querer um governo desse padrão?
E ai surge Maurão, sonhando ser a terceira via dessa disputa. E quem é destaco para organizar o exército desse gladiador messiânico? Miguelzinho Sena. Com um timoneiro desses será difícil enfrentar um mar revolto.
SEM BOLO
E Porto Velho vai se aproximando do seu primeiro centenário. Mais um aniversário dessa cidade (98) aconteceu. Sem bolo, sem velas, nesse clima de abandono, de caos, de desamor. Meu Deus! Chega a dar vergonha constatarmos que a gestão pública de nossa cidade parece uma piada, uma piada de péssimo gosto. Ridículo aquilo que chamam de projeto urbano (difícil de sair do papel) que não muda praticamente nada nas visíveis deficiências dessa senhora que se aproxima de seu primeiro centenário.