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Bolo de 1 trilhão de dólares...
Sexta-feira, 02 Maio de 2014 - 09:59 | David Nogueira
Sejamos sinceros, quem não tem um sonho escondidinho de visitar determinado lugar, cidade ou país? São sonhos e vontades carregados por anos a fio. Geralmente são pensamentos recorrentes acompanhados de falas solitárias, mentalmente trocadas com as serenas montanhas ou o poderoso mar e suas ruidosas ondas. Esses sonhos, embora não sejam fruto da civilização moderna, parecem estar intrinsecamente ligados ao DNA dos latinos, mas não só. A constatação desse distúrbio coletivo e a observação dos seus desdobramentos criaram as condições básicas para que alguns ganhassem dinheiro tendo como foco sonhos e sorrisos a serem realizados em terras distantes.
2. Números de sorrisos
Em março deste ano, a revista americana Time publicou os dados disponíveis de 2012 da Organização Mundial de Turismo (órgão ligado à ONU) sobre a movimentação de pessoas em lazer pelo mundo. A lista dos países mais procurados e visitados não revelou grandes surpresas, no entanto indicou algumas inversões de prioridade. Por qual motivo uma pessoa escolhe ir para o local A e não para o B? Que motivos fizeram despertar desejos e alimentaram altos devaneios nos mortais, capazes de arrancá-los de suas casas e jogá-los em aventuras turísticas inimagináveis? A base de cálculo quantitativo da OMT se deu a partir do número de chegadas internacionais em portos, aeroportos e estações mundo afora. Assim, temos a lista das paragens mais visitadas:
1º França, com 83 milhões de visitantes;
2º Estados Unidos, com 62,7 milhões;
3º China, 57,7 milhões;
4º Espanha, com 57,1 milhões;
5º Itália, 46,3 milhões;
6º Turquia, com 35,7 milhões;
7º Alemanha, 30,4 milhões;
8º Grã-Bretanha, com 29,2 milhões;
9º Rússia, 25,7 milhões;
10º Malásia, com 25 milhões de visitantes por ano.
... 44º Brasil, com 5,67 milhões de turistas!!!
3. Realidade a ser mudada
Nesse celeiro rico chamado turismo, o Brasil ainda está num cenário particularmente medíocre, considerando-se o seu potencial. Sem ufanismo exagerado, somos um país de tamanho continental, possuímos paisagens variadíssimas, diversidades culturais interessantes, climas distintos, gastronomia apetitosa e um povo acolhedor, que faz muita diferença na hora de consolidar diferenciais. Não obstante essa enxurrada de adjetivos, estamos muito atrás de países como o México e Canadá, para falar das Américas, ou do pequenino Portugal, que recebe mais de 11 milhões de turistas por ano. O que aqueles países fizeram ou fazem para que aqueles tais sonhos sonhados, germinados nos inconscientes humanos distantes, tenha a direção de suas terras, suas paisagens e, principalmente, seus cofres???
4. Fazer ou não fazer algo para buscá-los?
Turismo gera negócios, renda e trabalho para bastante gente nos locais que tratam do tema com profissionalismo. Numa visão ampla da OMT, em cada 12 empregos existentes, 1 está direta ou indiretamente ligado ao setor. Ocupar esse espaço demanda investimentos, visibilidade ampla, persistência, talento, qualidade e preço. O Brasil prepara-se forte e ousadamente para abocanhar um naco generoso desse mercado. Para isso, primeiro passo é mostrar ampla e massivamente o “produto” que se tem. Para mostrar um país de forma positiva, atrair gente endinheirada e curiosos em busca de novidades é fundamental a realização de eventos de interesse planetário ou transnacionais. Sediar Conferências Internacionais, Copa do Mundo de futebol ou receber uma Olimpíada de Verão são ações incrivelmente eficazes. Bilhões de pessoas estarão olhando para o Brasil sob uma ótica positiva. Mostrar competência, compromisso, responsabilidade e, acima de tudo, apresentar um país vivo, dinâmico cheio de oportunidades diversas, são os grandes objetivos desse esforço nacional.
5. Todos querem uma fatia maior
O turismo é uma atividade econômica complexa, estratégica e em expansão. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), os dados fechados referentes a 2012 revelaram que o setor mobilizou U$1,04 trilhão de dólares por pessoas felizes e dispostas a repetir, com a frequência possível, outras viagens amadurecidas em novos sonhos. Para os técnicos, o setor deve manter taxa de crescimento mundial de 3,8% pelos próximos dez anos. Fomentar essa atividade é uma tarefa ampla e precisa envolver os Estados e alguns municípios, dependendo do foco, da clientela e dos objetivos específicos. Eu quero gringos, em minha região, levando picadas de mosquitos, conhecendo o gigantismo da Amazônia, aprendendo com seus saberes e vivendo o seu exotismo verde com digno respeito. Quero vê-los pescando “candirus”, tucunarés e comendo tambaquis assados tais quais crianças encantadas com o novo. Não somos um povo excêntrico e nem engraçadinho, mas uma nação em busca de ocupar espaços nos mercados globais com planejamento e objetivos claros. O resto... o resto é complexo de “Gata Borralheira”!!