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Coronel Marcos abre conversações políticas

Sexta-feira, 02 Novembro de 2018 - 09:43 | por Sérgio Pires


Coronel Marcos abre conversações políticas

O governador Marcos Rocha se mexe nos bastidores. Além da montagem da equipe de transição e de convites que tem feito para compor seu secretariado (embora exija dos convidados, aceitem ou não, sigilo absoluto), o comandante eleito para o Palácio Rio Madeira/CPA também se mexe para ter uma maioria segura na Assembleia Legislativa, a partir do início do seu governo e da posse dos novos parlamentares. Ele assume em 1º de janeiro e os deputados que vão compor a nova legislatura tomam posse de suas cadeiras um mês depois, em 1º de fevereiro. Até agora, pelo menos, não se ouviu nenhuma das vozes entre os eleitos e reeleitos, que tenham decidido fazer oposição sistemática ao novo governante. A questão, contudo, vai passar pela eleição da Assembleia, já que o Coronel Rocha e seu grupo devem apoiar o nome do deputado mais votado na última disputa, José Lebrão, do MDB e isso pode trazer ainda conflitos futuros. Sabe-se por exemplo que há pelo menos dois outros parlamentares querendo entrar na disputa: Alex Redano, do Podemos e Jean Oliveira, do MDB. O novo governador anda conversando para formar sua base, sempre tendo o cuidado de, ao menos por enquanto, não criar confrontos políticos.

“Já combinou com os gringos? ”

Nessas negociações políticas que estão ocorrendo, caso mantenha o que disse na campanha e repetiu depois de eleito, Marcos Rocha não aceitará negociar cargos em seu governo. Seguindo o exemplo do seu guru e mentor, Jair Bolsonaro, eleito presidente, o Coronel Marcos Rocha tem repetido que “acabou a fase da troca de favores. Meu governo será composto por gente competente, especializada e ninguém será escolhido por indicação política, seja de que partido for”. Isso significa que muda mesmo a forma de fazer política no Estado, como está mudando em nível nacional. O que não se sabe ainda é como reagirão alguns dos eleitos e reeleitos que vivem de indicações políticas, de ocupação de espaços nas administrações e que não estão habituados a apoiar um governante que não lhe abra as portas para essas “parcerias”, que sempre tiveram como principal meta acertar a vida de amigos, correligionários e apaniguados, nunca os interesses maiores do Estado. Ou seja, traduzindo para a linguagem do futebol, a intenção do Coronel Governador é ótima. Mas ele já combinou com os gringos, como dizia Garrincha, ao receber instrução do seu treinador para driblar toda a defesa adversária e fazer um gol?

Socorro, presidente! Foram 29 brasileiros assassinados e seus matadores nem sequer respondem processo

“Excelentíssimo Senhor Presidente eleito, Jair Bolsonaro: venho a presença de Vossa Senhoria, em nome das famílias de pessoas brutalmente assassinadas no ano de 2004, na Reserva Indígena Roosevelt, localizada na cidade de Espigão do Oeste, estado de Rondônia e em nome das pessoas de bem dessa terra, que não aceitam essa doentia impunidade, que Vossa Excelência determine, com a máxima urgência, nova investigação sobre o caso. Para seu conhecimento, num trágico dia de abril de 2004, há quase 14 anos, portanto, 29 garimpeiros, que estavam irregularmente à busca de diamantes dentro da Reserva Indígena Cinta Larga, foram brutalmente mortos a golpes de tacape, facas, facões, flechas e tiros de espingarda. As fotos dos cadáveres, um ao lado do outro, formando uma enorme fila, chocaram qualquer cidadão de bem que as viram. Uma investigação, Senhor Presidente, foi feita sob o comando da Polícia Federal, à época. O processo, enorme, denunciou o envolvimento de pelo menos 100 pessoas, todas da aldeia, como participantes diretas ou indiretas na brutal série de mortes.

Esse sim foi um massacre!

Um grupo fortemente armado atacou, de tocaia, os invasores da área, matando-os a sangue frio e sem direito a qualquer defesa. Prova disso é que nenhum dos denunciados saiu sequer ferido no lamentável evento. Ora, se tivesse havido algum tipo de luta, se as vítimas tivessem tido tempo de reagir, ao menos alguns dos criminosos teriam sofrido algum tipo de ferimento. Nada disso ocorreu. Mais uma prova de que o ataque foi sorrateiro, de surpresa, sem dar chance de defesa ao grupo dizimado. Desde 2006, aproximadamente, Excelência, dormem em gavetas de órgãos federais, os processos contra os assassinos, todos índios. Como não há denúncia, não há julgamento. Como não há julgamento, o caso tem sido empurrado com a barriga, correndo risco de prescrição. Vossa Excelência sabe da celeridade com que um processo andaria, caso a vítima ou vítimas fossem índios. Mas não mexe num caso absurdo e doentio, que dizimou 29 seres humanos, como se eles nunca tenham existido, ou seja: dois pesos, duas medidas. Até o Conselho Nacional de Justiça, sempre ávido em atuar em casos como esses, também se cala até hoje! ”

“A partir de agora, Senhor Presidente eleito, o Brasil espera que a verdade sempre prevaleça, não importando as convicções políticas e as ideologias envolvidas. Vivemos uma grande mentira, durante anos, que nos colocou nessa terrível situação em que estamos, inclusive numa imensa e perigosa crise moral. A verdadeira Justiça é o que nos resta, para voltarmos a ser uma terra digna e uma sociedade sob a égide da mais pura democracia. Posicionamentos ideológicos, aparelhamento de instituições, decisões baseadas em partidarismos, legislação que protege apenas alguns em detrimento de outros, é o caminho mais curto para o caos. As mortes de Roosevelt podem parecer algo pequeno, no contexto dos 60 mil assassinatos anuais em nosso país. Mas ela é sintomática. Não se pede punição ou sentenciamento dos matadores, sem julgamento que lhes permita a mais ampla defesa. Pede-se, sim, que prestem contas à Justiça, apenas. E isso, tem sido negado às vítimas e suas famílias. Esperamos por sua intervenção no assunto. Assinado: jornalista Sérgio Pires”.

O Judiciário perde, mas o país ganha!

Não se pode ter tudo. Perde muito o Judiciário brasileiro, perdem muito as investigações da Lava Jato; perde também o combate sistemático à corrupção, já que os corruptos temem tanto a ele quanto o Diabo à Cruz. Por outro lado, ganha o Brasil, com a decisão do juiz Sérgio Moro em aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para ser o novo ministro da Justiça. Moro assumirá o posto ao menos até o final de 2019, quando Celso de Mello se aposentará e o ainda jovem magistrado será indicado para compor a Suprema Corte, sonho de qualquer magistrado. Depois de um encontro com Bolsonaro, quando o informou que aceitava o convite, Sérgio Moro lamentou deixar uma vida de mais de duas décadas como Magistrado, mas animou-se com a possibilidade de ser ministro da pasta que pode implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, “com respeito à Constituição, à lei e aos direitos”, conforme sublinhou. Claro que ele não tomou a decisão sozinho. Certamente ouviu todos aqueles que o ajudaram e apoiaram na batalha contra a roubalheira petista e a decisão de mandar o chefão para a cadeia. O Judiciário perde sim, até porque Moro passa a ser vidraça e os petistas vão tentar de tudo para destruí-lo. Mas o Brasil ganha muito. Bem-vindo, ministro!

Lições ideológicas na sala de aula

Tem vídeo e áudio. A professora entra na sala de aula de uma escola pública, na cidade de Palhoça, Santa Catarina, região metropolitana de Florianópolis. Os primeiros dez minutos da aula, em que ela é paga para ensinar e não para fazer discursos político-partidários, ela faz vários protestos contra quem votaria em Jair Bolsonaro (foi cerca de dez dias antes da eleição), berrando “Ele Não! ” E defendendo seu candidato, o petista Fernando Haddad. Foi mais longe. Disse que tinha brigado feio com seu pai, porque ele é eleitor do “fascista”, conforme se referia ao agora Presidente eleito. E disse mais. Afirmou que desafiou seu pai e que seus alunos, adolescentes, deveriam fazer o mesmo em suas casas. Não aceitar que os pais votassem num candidato que poderia, seguindo ela, “destruir o Brasil”. O vídeo existe e faz parte de uma série de outros absurdos, que a deputada estadual eleita de Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo, tem recebido de estudantes, mostrando que a ideologia petista tomou conta das salas de aula. Ao pedir novos depoimentos em áudio e vídeo de estudantes, Ana Carolina, do PSL, foi processada por tentar censurar os professores, em ações do Ministério Público, que jamais se pronunciou sobre a ideologia dentro das salas de aula. Inclusive nesse caso de Palhoça, que, por ilação, foi considerado normal pelo MP. Que cada um tire suas conclusões!

Bandido graúdo e rico no anonimato

Quando o Zé da Silva é preso por roubar galinhas ou praticar um furto; quando pega o celular de alguém ou rouba uma moto, o nome e a foto dele são estampadas com destaque na imprensa. E está absolutamente correto. Bandido tem que ser mostrado, porque, como será solto no dia seguinte, ao menos algumas pessoas, ao vê-lo a rua, saberão do risco que correm. Mas no Brasil, dependendo de quem é o sujeito, o criminoso fica no anonimato. Como ocorreu novamente nessa semana, quando a Polícia Federal conseguir prender um dos maiores traficantes de drogas de toda a região. Um riquinho desses aí, filhinho de papai, que prefere destruir a vida dos outros, vendendo ecstasy, maconha e LSD, entre outras drogas sintéticas, do que estudar e trabalhar, foi pego numa grande operação montada em Porto Velho, onde ele, chefe dos traficantes morava e em Alto Paraíso, onde vive um dos seus principais asseclas. Foram longas investigações e envolvimento de inúmeros policiais, apoiados também pela polícia civil e a militar, até que se chegasse ao final da ação, desbaratando um grande esquema de comercialização de drogas. E??? Nem sequer os nomes dos bandidos foram divulgados. São essas coisas que têm que mudar nesse país. Se o filho do seu Silva pode ser fotografado e ter seu nome divulgado por um crime menor, porque esses vagabundos da classe média alta e rica têm que ficar no anonimato? E então, PF, tem alguma explicação?

Horário, futebol e novelas

O feriadão de Finados (mais um, entre tantos outros no ano), traz também o chatíssimo horário de verão, que atrapalha a vida de todo o mundo nesta região norte. O Acre fica a três horas de Brasília e nós por aqui, a duas horas. O que nos afeta mais são as viagens de ônibus e avião, a programação de TV e horário bancário. Afora isso, quase nada mais. Para o centro sul, há sim alguma economia de energia, mas os transtornos são tão grandes que esse sistema anda sendo cada vez mais questionado. Há ainda o problema dos eventos nacionais, como o Enem, que acontece nesse final de semana e no próximo, que complica a cabeça dos estudantes. No Acre, os portões dos locais onde as provas serão realizadas fecham às 10 horas da manhã; em Rondônia às 11 da manhã e nas localidades que seguem o horário de Brasília, às 13 horas. No Brasil é assim: para que facilitar se pode complicar? Os tecnocratas, que vivem no mundo irreal, tomam suas decisões sem analisar todos os contextos, inclusive os que envolvem as pessoas. Daí, dá essa confusão toda. A única coisa que ajuda, nesse período, é para os apaixonados pelo futebol. Os jogos aqui começam e terminam bem mais cedo, principalmente aqueles onde os idiotas programaram o início das partidas para às 15 para as dez da noite, no horário de Brasília. Eles continuam fazendo calendários em função de novelas da Globo. Tudo indica, contudo, que isso também vai mudar, em breve.

Perguntinha

O que você acha da decisão do juiz Sérgio Moro, um dos magistrados mais aplaudidos pelos brasileiros, pela limpeza que fez na turma da ladroagem, ter aceito o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública do presidente Jair Bolsonaro?

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