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Criadores de leite se unem em cooperativas e aumentam produtividade
Terça-feira, 15 Março de 2016 - 22:57 | Da Redacao
Criada em setembro de 2015, a Cooperativa dos Produtores de Leite do município de Ouro Preto do Oeste une 25 criadores em torno do objetivo de ganhar maior produtividade com o incremento da melhoria genética dos animais, promover a aplicação de calcário e insumos na terra, iniciar o piqueteamento do pasto para manejo rotacionado aumentando oferta de matéria verde ao gado e, por fim, discutir com laticínios o preço pago do litro in natura próximo da média nacional.
De acordo com os criadores, os laticínios instalados em Rondônia determinam o preço pago por litro de leite e esta realidade tem desestimulado muitos produtores a continuar nessa cadeia produtiva. Os 25 cooperados de Ouro Preto do Oeste produzem média próxima de 10 mil litros de leite por dia e já contribuíram para o preço não cair em boa parte do estado ao ganharem acréscimo de R$ 0,10 a R$ 0,20 por litro, no momento em que se anunciava uma baixa no preço. A união facilita a negociação mês a mês do valor do litro do leite entregue ao laticínio, e fica com o produto quem pagar o melhor preço.
O produtor rural Marcelino Erick Umbehaum, há 31 anos mora no sítio Iara, localizado à margem da RO-470, no travessão 08. Ele associou-se ao grupo, está empolgado e contabiliza os bons resultados. “Estou muito satisfeito. Em três meses os benefícios foram muitos, conseguimos o calcário a preço baixo e a assistência. Antes de entrar na cooperativa, eu recebia R$ 0,74 por litro de leite, no primeiro mês foi para R$ 0,95 e o segundo mês recebi R$ 1,00 pelo litro”, comemora o criador.
Através do incentivo técnico da Emater, que está empenhada na orientação de análise, adubação e correção de terra, o produtor Marcelino realizou a aplicação do calcário e agora vai misturar ao solo, para nova pastagem, o adubo granulado com fósforo, cloreto e outros nutrientes para fortalecer a terra. O produtor está no percentual dos 98% de criadores que lidam com o gado de leite em regime familiar.
ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Unidos, os criadores de leite de Ouro Preto contam com o apoio técnico da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (Seagri/RO) e Emater. Juntos, órgão e empresa fornecem um médico veterinário e dois técnicos em agropecuária para acompanhar individualmente as atividades elencadas em conjunto durante as reuniões mensais com os criadores. A associação também contratou um experiente técnico aposentado da Embrapa Gado de Leite de Minas Gerais para auxiliar os produtores.
Os técnicos do governo fizeram coleta de solo para análises no laboratório da Embrapa de todas as propriedades e os resultados demandaram para os criadores a necessidade de adquirir 200 toneladas de calcário para corrigir a acidez do solo. Os produtores associados pagaram apenas R$ 40 pela tonelada do calcário e o governo, através da Seagri, fez o transporte e o armazenamento do mineral em Ouro Preto.
A criadora Gertrudes Freire de Almeida, de 74 anos, da Linha 12 do travessão 22, também aderiu à associação e se mostra animada com os resultados. Ela propaga que mais criadores devem fazer parte das cooperativas que estão se formando no município para que todos ganhem força. “Sozinho ninguém chega lá. Tem que ter pelo menos um pequeno grupo. O primeiro resultado que eu percebi é que o preço do leite não caiu, e até melhorou para outros criadores”, observou Gertrudes.
MANEJO COM PIQUETES
Após a aplicação de calcário e outros nutrientes, alguns produtores associados iniciaram uma experiência com capim-Mombaça e braquiarão em sistema rotacionado. O resultado da melhoria no pasto é nítido, em especial nas áreas que foram desmatadas há mais de 30 anos. O manejo com piquete rotacionado de áreas vai assegurar comida suficiente e de melhor qualidade para os animais, principalmente no período de seca, não baixando a média de produção na propriedade.
COMERCIALIZAÇÃO
Com o resultado positivo imediato da primeira cooperativa de Ouro Preto, um grupo de 20 produtores de leite do travessão 20 da RO-470 está formando outra associação. Outros criadores estão se alinhando para fazer o mesmo. A intenção é criar mais associações para alcançar a média de produção diária de 30 mil litros de leite. Quando atingirem essa meta, os produtores pretendem se unificar através de uma grande cooperativa para arrendar uma planta industrial e contratar um executivo para administrar a industrialização e comercialização do produto.