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Defesa de Lula a Sarney está fazendo o PT perder parlamentares importantes

Sexta-feira, 21 Agosto de 2009 - 17:54 | Walmir Miranda


A população brasileira certamente está decepcionada com a intromissão do presidente Luiz Lula da Silva nas atividades e responsabilidades do Congresso Nacional.



Pelo menos foi isso que restou entender após o inacreditável empenho do presidente da República para salvar a cabeça do seu aliado, José Sarney (PMDB), que preside aquela casa legislativa sob um mar de denúncias veiculadas na imprensa, em todos os quadrantes do País, por supostas irregularidades em uma fundação da qual é presidente de honra, nomeação de amigos da família para cargos no senado, além dos famigerados “Atos Secretos” que, por décadas, beneficiaram muitos apaniguados de senadores, deputados federais e altos dirigentes do próprio Senado.

A revolta contra José Sarney tem causado uma espécie de levante de diversos petistas dentro do Senado. Até mesmo aliados do governo não aceitam mais a presença de José Sarney no cargo de presidente.
Tanto isso é verdade que mais de uma dezena de denúncias foram apresentadas contra ele junto no Conselho de Ética. Porém, este as arquivou, sem maiores explicações a sociedade. Detalhe: o atual presidente da Comissão de Ética do Senado é outro que diz que não está nem aí para a opinião pública.

E, por incrível que pareça, o Partido dos Trabalhadores acatando recomendações de Lula, e contando com o apoio de parlamentares aliados do Governo no Conselho de Ética aprovaram o arquivamento de todas as denúncias apresentadas contra o cínico José Sarney, que apesar de tudo o que está acontecendo a sua volta, mostra-se agarrado ao cargo, numa demonstração inusitada de ganância de permanecer no poder, como jamais se havia de esperar dele.
É óbvio que a biografia de José Sarney deve ser considerada, sim.
Mas não para isentá-lo de responder por eventuais erros e ilícitos que possa ter cometido, bem como, por ter dado guarida a familiares e amigos “apadrinhados” em cargos no Senado, e em transações que envolveram altas somas de dinheiro público.

Conforme o que já foi publicado na imprensa, o filho de Sarney estaria metido nesse “imbróglio” até o pescoço, também.
A coisa ganha contornos de oligarquia familiar, vez que, Roseana Sarney, governadora do Maranhão, também enfrenta problemas com a Justiça.

Porém, até aqui, tem prevalecido à vontade do presidente Lula, que a todo custo quer salvar a cabeça do seu “fiel” aliado.
Nisso tudo nem Lula e nem José Sarney percebem um erro crasso que estão cometendo: estão rachando o Partido dos Trabalhadores e o PMDB, fragilizando-os às portas de uma nova eleição majoritária, que dentre outras coisas irá definir o sucessor ou a sucessora do próprio Lula. Só que o PT está resultando bastante chamuscado dessa confusão toda, enquanto o PMDB se mostra submisso aos intentos gananciosos de José Sarney e vai caindo de conceito junto a população brasileira, além de perder fôlego para tentar disputar a presidência da República em 2010.

Outra coisa: o racha nas bancadas do PT e PMDB já é fato notório dentro do Senado e na Câmara dos Deputados.
Isso desgasta o Congresso Nacional, jogando na vala comum todos os seus integrantes, como se ali todos, indistintamente, fossem corruptos - (isso não é verdade, pois existem exceções) -, num desprezo inusitado a inteligência da população em relação mediante o corolário de denúncias postas a público contra Jose Sarney, sem que nada seja apurado e os culpados responsabilizados e punidos com os rigores da Lei.

Completando a aparente perda de sua identidade política e partidária (o PT) se vê agora perdendo personagens importantes, que estão “pulando do barco”, antes que ele afunde de uma vez.
É o caso, da ex-ministra e senadora Marina Silva (AC), que acaba de deixar o partido (sem temer a perda de seu mandato), por discordar da forma como este vem conduzindo suas ações dentro e fora do Congresso Nacional. Particularmente no que concerne a política ambiental do País, que estava sendo conduzida por ela, enquanto titular do Ministério do Meio Ambiente.

Marina Silva militava no PT há mais de trinta anos.
Não é só isso, não.
A senadora Marina Silva ameaça se candidatar a Presidência da República pelo Partido Verde (PV).
É óbvio que as suas chances de vitória seriam muito pequenas. Porém, se isso se confirmar causará um enorme estrago na pretensa candidatura de Dilma Rousseff (ministra-chefe da Casa Civil), escolhida por Lula para disputar a sua sucessão em 2010. Disso não se tem a menor dúvida.

A situação ora protagonizada por Marina Silva é para muitos, a repetição do que em passado não muito distante ocorreu com a então senadora Luiza Helena, que após ser defenestrada do PT fundou o PSoL, e desde então tem sido uma “espinha” na garganta de Lula e seus correligionários.

Essa questão trás de volta, também, a lembrança do que o PT fez com o senador e ex-ministro da Educação, Cristóvão Buarque.

Lembram?

Buarque, também deixou o PT, e ingressou no PDT.
Até o diplomático Aluízio Mercadante perdeu a paciência com as intromissões de Lula e ameaçou deixar a liderança do partido no Senado. Porém, recuou diante de uma carta que o próprio Lula lhe enviou “implorando” para que não deixasse a liderança do partido no Senado da República.

Por sua vez, o senador Flávio Arns, (sobrinho do Cardeal e Arcebispo Emérito de São Paulo, Evaristo Arns), se mostra disposto a sair do PT, em decorrência do episódio Sarney e de outras “situações indigestas” que teriam sido criadas nas entranhas do partido (mensalão, dólares na cueca, etc).

Enquanto isso, alguns parlamentares federais do PT estão deixando claro que estariam envergonhados com os esforços de Lula, para que Sarney seja mantido na Presidência da Senado, quando é notório que ele perdeu o controle da situação perante parte de seus pares.
Piorando a situação Lula e Sarney tem mostrado lampejos de, se buscar uma forma de estudar a criação de uma “Lei de Mordaça” à imprensa, tal qual ocorreu nos tempos da ditadura militar. Assim, a população e a sociedade não “seriam tão bombardeadas” pelas revelações de escândalos e mais escândalos que ocorrem nas entranhas do poder, sobre modo, em se tratando de corrupção e desvio do dinheiro público.
Ambos esquecem que, sem a atuação da imprensa a população continuaria a não saber de absolutamente nada, e a corrupção continuaria a grassar impunemente no País.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e outros segmentos da categoria vêm se posicionando a respeito disso, posto que, a Imprensa é um dos principais pilares da democracia e da liberdade.
Portanto, de “episódio em episódio”, como o protagonizado atualmente por José Sarney, o PT parece mesmo estar se descaracterizando perante os seus seguidores e, principalmente, junto à população brasileira.

O PMDB, por sua vez, está no “olho do furacão”, sendo desgastado a cada dia que passa, porque, sabidamente é aliado de primeira hora de Lula.

Só que Lula não acena com a possibilidade de apoiar alguém do PMDB para a Presidência da República, ou seja, já decidiu que Dilma Rousseff é a “ungida”, para o lugar que ora ocupa pela segunda vez, e só não ficaria pela terceira porque o Congresso reagiu a tempo contra sua ganância pelo posto de presidente da República. Lula até tentou criar a possibilidade do terceiro mandato junto a alguns parlamentares. Mas não deu certo.

Quer dizer: para o PT, o PMDB é realmente muito valioso. Mas apenas na condição de “muleta”, de coadjuvante, desde que não queira alçar vôos mais altos, ou seja, ocupar a Presidência da República.
Será que após oito anos tendo o PMDB como coadjuvante o PT ainda sonha que o maior partido brasileiro se contente em apenas indicar (outra vez) um “VICE” para a chapa da ministra Dilma?
É a pergunta que está no ar.

Enquanto isso o Senado Federal apresenta-se esfacelado perante os olhos do País. A situação tende a piorar.

É o que alguns experts em política estão vaticinando.

Espera-se, entretanto, que a “pandemia sarneística” que ora assola o Senado não venha a contaminar a Câmara Federal, porque se isso vier a ocorrer à democracia, certamente, correria sérios riscos. E isso não seria bom para ninguém.

Que o diga os que foram presos, espancados, torturados e expulsos do País, quando do regime de exceção. E quase tudo era censurado. A liberdade e a democracia, durante a ditadura, viveram juntas sob o fio de navalha. Lembram?

Voltaremos ao assunto. Aguardem!

ATÉ A PRÓXIMA, PREZADOS LEITORES !!!

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