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Empoderamento Materno
Quinta-feira, 17 Maio de 2018 - 10:59 | por Juliana Maria de Oliveira
O dia das mães já passou, porém não se pode deixar de falar dessa data tão bonita e importante. É costume nas confraternizações que se parta do questionamento “O que é ser mãe?” e como resposta temos muitos pressupostos sobre como deve ser a atuação de uma mãe, por exemplo: “ser forte para superar os problemas do dia a dia”; “ser um bom exemplo para os filhos”; “estar presente nos momentos importantes”; “ser carinhosa e educar bem os filhos”; “amar incondicionalmente”. É comum também a associação da mãe a alguém com superpoderes, aquela mãe que sabe todas as respostas, que faz tudo e de tudo. Tornar-se mãe é uma grande responsabilidade e toda homenagem é válida, porém é importante lembrar que mães são humanas e não são perfeitas e não tem superpoderes.
Um tema que tem se destacado no meio da maternidade é o Empoderamento Materno. Empoderamento é um termo que significa dar poder a si ou a alguém, passar a ter domínio sobre a própria vida, ou seja, tornar-se consciente de seus atos e escolhas e também de seus resultados. No contexto da maternidade essa discussão surge devido a multiplicidade das mães de hoje. Podemos dizer que antigamente as mães dedicavam-se integralmente aos cuidados da casa e da criação e educação dos filhos. Hoje elas se veem divididas entre estudos, trabalho, lazer, sonhos e filhos, além de serem tia-mãe, avó-mãe, mãe por adoção, mãe biológica, mãe solteira, mãedrasta, entre outros.
As mães convivem com a existência de uma cobrança da sociedade para que sejam boas mães, devem acertar sempre no cuidado dos filhos e se algo der errado, “é culpa da mãe”. Esse padrão é responsável por gerar grande sentimento de culpa e insegurança, que pode acarretar abalos na saúde mental da mulher principalmente nos primeiros anos de convivência com os filhos. É normal sentir aquela dorzinha no peito ao ver seu filho chorar depois de corrigi-lo ou proibir-lhe algo ou pensar que errou ao ser questionada por alguém. Por isso, é necessário que as mães estejam preparadas para lidar com uma enxurrada de opiniões alheias, métodos de criação, questionamentos, culpas, inseguranças, medos. Parece fácil?
O Empoderamento Materno se preocupa com o “Como?” as mães tem agido quanto a criação de seus filhos, com o “Como?” desejam agir e “Como?” poderão fazer isso, dando suporte para que sejam protagonistas da sua história. E o início da resposta para essas perguntas está no autoconhecimento. O autoconhecimento tem duas etapas importantes, a primeira é a auto-observação, em que é necessário olhar para si mesma, perceber como tem lidado com as demandas de seus filhos, quais são as suas expectativas sobre si e como tem se sentido, e a segunda é o autoquestionamento, ou seja, perguntar para si mesma se tem atuado como deseja, se tem alcançado suas expectativas como mãe. Esse é um movimento constante da vida, a partir disso é possível definir quem somos e quais são nossos objetivos. O autoconhecimento é a base do empoderamento, pois dá autonomia para que cada mãe se reconheça em sua singularidade e tenha segurança para agir de acordo com as suas necessidades e de seus filhos.
Mães são pessoas, filhas e mulheres. Erram, acertam, sentem medo, hesitam e se precipitam. A responsabilidade é grande e a cobrança é maior ainda, pois elas estão formando cidadãos para a sociedade. O apoio muitas vezes é escasso e o reconhecimento pode parecer raso. A maternidade não é a transformação instantânea para a sabedoria, é a construção contínua de um ser humano que tem a oportunidade de mostrar para seus descendentes o que é, de fato, ser humano.
*Juliana Maria de Oliveira é Psicóloga, formada pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Especialista em Gestão Organizacional e de Pessoas pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Atende atualmente na clínica Fábrica de Competências em Porto Velho