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Núcleo de Imaginação, hospital de campanha e a traição com os urbanitários

Sexta-feira, 21 Janeiro de 2011 - 17:48 | Gérson Costa


A semana termina, obviamente, com as pérolas tascadas pelo senhor governador Confúcio Moura no blog pessoal, pequenos textos de suas “idéias geniais” que lhe renderam matérias na revista Isto É e no jornal Folha de S. Paulo. Um dos tópicos chamou atenção da sociedade e a notícia bombou no twitter durante a semana. O Núcleo de Imaginação Permanente  com direito a pessoal contratado em cargos comissionados foi formatado pelo chefe do Executivo para “ouvir dizer nas ruas” e levar os relatos ao Palácio Presidente Vargas. Se agradar ao governador, a idéia do cidadão será colocada em prática, claro tudo custeado com o dinheiro do contribuinte, mesmo o pior dos devaneios.

De prática nesses 21 dias de Governo, o Núcleo de Imaginação Permanente não sugeriu nada. Mas seus diretores, executores ou seja lá quem for está na folha de pagamento do Estado, cujos salários, salvo melhor juízo, deve ser pago até o fim do mês. Enquanto Confúcio se delicia com sua imaginação nas linhas do blog, setores vitais para a população continuam sem planejamento. A criminalidade em Porto Velho é assustadora. Todos os dias, os jornais estampam manchetes de homicídios, roubo a mão armada, furtos e estupros. O secretário, importado da Paraíba, não apresentou ao Governo um projeto para reduzir os índices de violência na cidade, abarrotada de trabalhadores das usinas de Jirau e Santo Antônio. Alguns deles trazidos do Maranhão e Pernambuco, demitidos por causa do vício das drogas, ficam perambulando pela cidade alcoolizados.



O Núcleo de Imaginação também não trouxe nada prático para saúde.  Depois do decreto de calamidade e perigo iminente, assinado por  Vossa Excelência, o Instituto Nacional de Traumatologia liberou equipes médicas para fazer cirurgias para reduzir o número de pacientes na fila de espera. Boa notícia, mas e depois? Se Confúcio Moura não tiver um planejamento adequado, os problemas continuarão os mesmos. Gente pelo chão do Pronto Socorro João Paulo II, prefeitos mandando pacientes pelas ambulâncias porque preferem empurrar o problema para o Estado e a ladainha dos políticos exigindo apoio da União. É fácil para o governador chamar a atenção da mídia nacional para a saúde, responsabilizar governos anteriores e depois ir a imprensa dizer que não pode ser atendido com Hospital de Campanha, na sua opinião e talvez do Núcleo de Imaginação, teria o condão de resolver todos os problemas do setor. O difícil é chamar a mídia e dizer que tem uma solução.

A bem da verdade, parece que Confúcio não estava preparado para ser governador de Rondônia. Sua equipe é tosca e sem o menor preparo para as responsabilidades com o Estado. Percebe-se que as ações foram voltadas para o benefício próprio como aumento do salário do governador, vice-governador , diretores e chefes de departamento. Na Caerd, a primeira promessa quebrada do chefe do Executivo foi o fim da gestão compartilhada. Na campanha, Confúcio garantiu aos urbanitários que manteria a parceria com o sindicato, mas voltou atrás e não permitiu que a entidade fizesse parte do corpo diretivo da Caerd, o que ocorria desde o ano 2000.

Parece cedo, mas Confúcio também não tem mais o controle absoluto do Estado. Seu cunhado, Francisco de Assis Oliveira, transita com se autoridade fosse, demitindo, admitindo, aditivando contratos, ameaçando, e agora negociando a futura Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Curioso que ele cai no ridículo quando joga dos dois lados. Toma café da manhã com Jesualdo Pires, almoça com Valter Araújo (não negue porque tenho provas) e nem fica vermelho quando o assunto em pauta é a futura vaga de conselheiro do Tribunal de Contas de Rondônia. Enfim, ou Confúcio Moura trata de fazer um planejamento, pensar o futuro de Rondônia, ou o Estado para de crescer.

*O autor é jornalista.

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