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O cinema em defesa do meio ambiente latinoamericano

Segunda-feira, 15 Junho de 2009 - 10:17 | Altino Machado


O cinema em defesa do meio ambiente latinoamericano
O Fest Cineamazônia cumpriu mais uma etapa de sua mostra itinerante deste ano. Cerca de 2,5 mil pessoas prestigiaram na semana passada as projeções na Bolívia e nos municípios brasileiros de Guajará Mirim e Nova Mamoré durante a terceira etapa do projeto que promove a inclusão do cinema.



Todas as exibições foram em locais abertos ao publico e com entrada franca. Os filmes e vídeos da mostra foram selecionados entre os participantes do festival realizado em Porto Velho (RO). Na Bolívia, os filmes brasileiros foram projetados com legendas.

Filmes e vídeos latinoamericanos foram exibidos para o público da Bolívia, mas a iniciativa já esteve no ano passado no Peru, Colômbia e Portugal. Além dos principais filmes do festival, desta vez foi exibido um documentário em espanhol da mostra itinerante realizada no ano passado, em países da América Latina. O projeto busca a integração da arte e o estímulo para a produção cinematográfica na região.

A caravana do Fest Cineamazonia nos próximos dias vai descer o baixo Madeira, voltar ao Peru e seguir pelas capitais da região Norte. Na Bolívia, a mostra começou por Riberalta, passou por Cachuela Esperanza e Guayará-Merim. Do lado brasileiro da fronteira, esteve em Guajará-Mirim e Nova Mamoré. As exibições são abertas ao público como forma de inserção social do cinema.

- A integração é uma oportunidade para promover a discussão mais ampla da Amazônia, inserindo o debate sobre a utilização da floresta de forma sustentável e racional. A integração latinoamericana também incentiva a produção de novos vídeos e filmes com a temática ambiental - afirmam organizadores do festival, Jurandir Costa, Carlos Levy e Fernanda Kopanakis.

O Fest Cineamazônia Itinerante 2009 é patrocinado pela Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, da Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura. Tem como apoiadores a Santo Antônio Energia, Maporé, Governo de Rondônia, Prefeitura de Porto Velho, além da senadora Fátima Cleide e do deputado Eduardo Valverde.

- Nossa capacidade de reflexão se amplia, já impactados pelo que vimos e vivemos no ano passado. Foram mais de 33 mil quilômetros percorridos. O Festival foi visto por uma platéia de 10 mil pessoas, ao todo, mais de 150 horas de exibição. Estradas de chão, estradas de água, cruzamos o Oceano - afirma Jurandir Costa.

Neste ano, a mostra itinerante levou filmes e vídeos ambientais para um público estimado em três mil pessoas em oito distritos de Porto Velho (RO). Durante nove dias, ela percorreu nove distritos do eixo da BR-364 e da Ponta do Abunã. Os filmes e vídeos foram exibidos em locais abertos para os moradores. O projeto promove a inclusão do cinema em comunidades tradicionais e distritos.

A mostra passou pelos distritos de Jacy-Paraná, Mutum-Paraná, União Bandeirantes, Abunã, Fortaleza do Abunã, Vista Alegre, Extrema e Nova Califórnia. Na primeira etapa foram percorridos mais de 400 quilômetros em estradas asfaltadas e de terra. Em alguns lugares, a caravana do Fest Cineamazônia Itinerante passou por lamas e trechos acidentados.

Nas localidades sem espaço adequado, o projeto instalou uma tenda circense para abrigar o público. Por onde passou, a mostra conseguiu despertar os moradores para a discussão das questões ambientais. Porto Velho vem sendo considerado o município que com maior índice de desmatamento em Rondônia, nos últimos anos.

- Podemos ser utópicos, mas estamos promovendo uma nova consciência nos moradores, a respeito da preservação do meio ambiente - disse Jurandir Costa, um dos curadores do projeto.

Antes de cada exibição, acontecia um show circense. Os filmes e vídeos exibidos são de classificação livre, escolhidos entre os melhores do festival realizado em Porto Velho.

Por onde passa, a mostra consegue mobilizar a população presente em torno da discussão ambiental. Em Mutum-Paraná, o jovem Maic Castro Barbosa, que trabalha como garimpeiro e pescador, expressou a revolta pelo fim da localidade. Mutum será alagada pelo lago da Usina Hidrelétrica de Santo Antonio. Uma nova cidade será construída, mas para ele, a nova sede distrital não terá história.

- A nossa vida está aqui. O nosso passado será coberto pela água - lamentou.

No distrito de União Bandeirantes, a exploração madeireira está desordenada. Parte da extração vem ocorrendo em área de reserva ambiental. O funcionário público Sebastião Napoleão vê a mesma trajetória ocorrida no estado, na década de 1970, quando os colonos desmatavam as propriedades sem qualquer controle.

Darli Alves, que trabalha como marceneiro, considera que a exploração madeireira deva ocorrer de forma planejada para garantir o ciclo de vida da floresta.

- Se continuar assim, em pouco tempo não vai ter mais matéria-prima para o meu trabalho.

O servidor público Sérgio Augusto de Souza Lima, que reside em Abunã há seis anos, avaliou que a participação expressiva das crianças foi importante para educar a nova geração sobre a necessidade de preservação do meio ambiente.

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