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O Prefeito não tem todas as culpas
Sábado, 15 Novembro de 2014 - 09:03 | David Nogueira
Inaceitável! Essa é a palavra mais apropriada para descrever a realidade circundante. Putz, fala sério! Eu gosto muito de nosso Estado e de minha cidade, mas cá entre nós... vivemos numa capital muito sofrida, feia, maltratada, abandonada por anos a fio... viciada por práticas políticas nada salutares. Sabemos (e até os candirus do Madeira sabem) das mazelas administrativas que nos cercam, não obstante, é impossível creditar toda essa lambança apenas aos políticos de plantão... é falso, esconde parte do problema e, laconicamente, é cômodo.
2. Não me pertence
O infeliz do cidadão (ou da cidadã) não vê a cidade como extensão de sua casa. Um espaço de uso comum onde a vida social se materializa com a existência de atividades de interesse de alguns ou de todos. É incapaz de gestos mais amplos visando à construção (e à manutenção) de paisagens agradáveis aos olhos e aos sentidos. Provavelmente, falta massa cefálica aos quilos a todos nós. Parece ter sido perdida na primeira dose da vacina de febre amarela tomada em Vilhena... há muitos anos atrás.
3. Para poucos
Peço desculpas antecipadas aos que não se enquadram na definição de suínos (nem tantos assim); no entanto, caso o nobre “cara-pálida” duvide de minhas palavras ácidas, convido-o a fazer um passeio pela cidade com os olhos mais atentos. Não é preciso muito, apenas se despir do anestesismo no qual já nos habituamos e ver, ver a “pintura caótica”!!! As ruas e as calçadas são, em sua grossa maioria, sujas, imundas, irregulares, rachadas, desniveladas, esburacadas. Ao desfilarmos pela cidade com os olhos um pouquinho mais atentos, constatamos o quanto estamos distante de sermos racionais com nós mesmos.
4. Massificar uma nova consciência
O infeliz do morador é incapaz de fazer (e manter) uma calçada minimamente decente ou ter seu terreno limpo. É desprovido de total iniciativa em varrer a frente do seu “ninho”, limpá-lo, lavá-lo, perfumá-lo, engraxá-lo... sei lá, fazer algo com o propósito de melhorar a aparência do seu refúgio de descanso e segurança. Simplesmente, terceiriza ao Prefeito, ao Governador, à Presidenta, ao Papa de plantão toda a responsabilidade pelo ambiente coletivo ao seu redor. O cidadão não se sente dono da rua, do bairro, da cidade... ele age como passageiro omisso e relapso. Quase um nômade, cujo objetivo único é o de ficar alguns dias, encher o bucho e partir para outras paradas repetindo a prática.
5. Sócio na cidade
A máquina da prefeitura tem trabalhos gigantescos a serem feitos todos os dias. Para tal, dispõe de recursos sempre aquém do necessário. Perde dindim e tempo enormes fazendo e refazendo coisas que deveriam ser responsabilidade dos munícipes (sócios prioritários da cidade). Tal constatação é entristecedora! Vivemos hoje na capital mais desleixada do país... poluída visualmente e sofrida por erros diversos. Há de se parar com esse processo de morte anunciada e estarmos dispostos a reverter a pintura dantesca. Precisamos reconstruir relações afetivas com nossa terra e nosso chão. Isso se faz com mídia, educação solidaria e, principalmente, com gestos positivos nos microespaços vividos por nós.
Hoje, não esperarei por ninguém e limparei a frente de minha casa... só para começar!