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O que restou depois da ressaca de carnaval?

Quinta-feira, 18 Fevereiro de 2010 - 14:59 | Walmir Miranda


Agora que o carnaval passou, as pessoas que brincaram ou não, estão contabilizando as coisas para terem uma noção real se ele foi bom ou ruim.


Agora que o “bolso” apresenta-se baqueado pelas branquinhas e loirinhas geladas frivolamente degustadas...
Agora que é preciso olhar para trás e ver se valeu a pena ou não ter esquecido de muitas coisas, abdicado das responsabilidades inerentes a cada um, assim como dos compromissos familiares e daqueles junto à sociedade...
Agora que o “bolso” apresenta-se baqueado pelas branquinhas e loirinhas geladas frivolamente degustadas...
Agora que o “espírito de rico” que baixou no corpo de muitos durante o carnaval dá lugar a realidade, ou seja, foi embora...
Agora que à consciência trás a lembrança dos amores novos conquistados...
Agora que vem o arrependimento pelos amores perdidos por causa de um instante fugaz da vida, ou seja, apenas quatro dias de carnaval...
Agora que em meio a tudo isso, ainda persista a alegria de ter visto sua escola de samba desfilar, seu bloco de rua ou grupo de amigos se esbaldar na diversão carnavalesca...
Agora que cada um está diante da dura e cruel realidade: passou o feriadão, passou o carnaval, passou o período do “fazer quase nada”...
Porque é necessário voltar ao “batente” e trabalhar duro outra vez, até que o carnaval retorne no ano que vem. Embora tenham as denominadas “micaretas”, ou seja, os chamados carnavais fora de época, criado pela imaginação fértil do povo brasileiro que, em termos dessas coisas é realmente muito criativo. Aliás, tem quem diga que a maioria dos brasileiros gostaria mesmo de não trabalhar nunca, e sim viver nas eternas brincadeiras embaladas pelo som estridente dos trios elétricos.
Só que alguém tem de trabalhar. O País não pode parar. É preciso assegurar o leite das crianças, bem como, um meio e uma forma decente de viver ou sobreviver.
Certamente que muitos podem afirmar que, o carnaval foi bom e deveras inesquecível. Disso não se tem a menor dúvida.
Mas também é certo que, muitos agora estão chorando lágrimas de arrependimento pelos excessos cometidos. Beberam demais. Correram de mais no trânsito. Abusaram da resistência do próprio corpo.
Outros se envolveram em confusões e foram parar na polícia ou em leitos de hospitais. Agora estão mais quebrados que arroz de terceira.
E ainda tem aqueles que saíram para brincar e nunca mais voltaram para o convívio de seus entes queridos... Foram tragados pela violência ou algum tipo de irresponsabilidade... Morreram e deixaram seus lares em luto e tristeza.
Porém, assim é a vida. Fazer o que?
Já outros preferiram os retiros espirituais. Fizeram um carnaval diferente. Alegraram-se com orações e cânticos religiosos. Emocionaram-se com as pregações evangélicas e com os depoimentos que lhes foram apresentados. Não precisaram gastar muito dinheiro. E, se choraram foi porque algo mais forte deve lhes ter tocado o coração, ou seja, sentiram-se amados e envolvidos pela presença de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Afinal de contas, a Fé é uma questão de decisão de cada um.
Essa gente fez um carnaval diferente mesmo.
Por isso, agora estão em seus lares, em seus locais de trabalho e junto aos amigos bem tranqüilos, serenos, irradiando um tremendo bem-estar. E, também, sem exalar qualquer cheiro de bebida alcoólica ou fermentada. É que nos “retiros espirituais de carnaval” as coisas acontecem de forma bem diferente. Ali, ninguém precisa encher a cara para deixar de ser “fechado ou acabrunhado”, ou para vencer a timidez. As orações e os cânticos, aos poucos tomam conta de todos, e ao final o que se vê é uma integração impressionante entre as pessoas participantes. Coisas de Deus. Portanto, eis aí uma forma diferente de se fazer ou brincar carnaval. Católicos e evangélicos fazem esses retiros todos os anos. Quem quiser experimentar esteja à vontade.
Porém, o mais  interessante nisso tudo é que, sabidamente, o carnaval é uma festa tradicional do povo brasileiro, em cujo espírito abunda a irreverência, onde ricos e pobres se igualam, nos mesmos espaços, sem qualquer preconceito social. Esse, sem dúvida é o lado bom do carnaval.
Entretanto, existem aquelas pessoas que não sabem se divertir, que quando bebem se transformam. Ficam iradas, violentas e findam por estragar a brincadeira alheia. Outras ficam cínicas, sem vergonha na cara e maliciosas. Desrespeitam as regras da brincadeira, se tornando totalmente inconvenientes. Findam sendo são retiradas dos ambientes onde se encontram, porque carnaval não é, e nunca foi ou será sinônimo de irresponsabilidade ou má educação de ninguém.
Agora é cair na real.
É enxugar as lágrimas ou reter o sorriso na face. É partir para a luta, ou seja, para o trabalho. E, se possível, tirar proveito tanto das coisas boas, quanto das coisas ruins que possam ter acontecido. O carnaval já era meu amigo. O carnaval já era minha amiga.  
É isso. A vida continua
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OUTROS REGISTROS DO CARNAVAL

•    Durante a quadra momêsca o trabalho da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros foi algo digno de elogios. A população agradece.
•    Com referência ao carnaval de rua portovelhense de 2010, pode-se dizer que foi um dos mais seguros e tranqüilos, sobre modo quando dos desfiles da Banda do Vai-Quem-Quer (com mais de 60 mil brincantes nas ruas) do “general Manelão e sua troup”, Galo da Meia Noite, Bloco do Alho, Us dy Phora, Bloco Canto da Coruja, e outros tantos.
•    Quanto as Escolas de Samba, a coisa continua na mesma: fantasias paupérrimas. Figurinos e fantasias diferentes nas mesmas alas revelando o péssimo gosto de seus idealizadores. Falta de sincronia nas alas de passistas. Algumas passistas sequer sabem sambar no pé. Outra coisa: os brincantes usam o tipo de sapatos que bem querem (como se fossem integrantes de blocos de rua). E como se fosse pouco, tem gente que desfila descalço. 
•    Já a maioria dos carros alegóricos jamais deveria ser chamada de tal (salvo raras exceções). São horríveis. Uns verdadeiros monstrengos. Mesmo assim o povo aplaudiu, porque é melhor aplaudir do que vaiar os brincantes, que não são culpados pela incompetência de ninguém. Todo ano é a mesma coisa. Parece que as diretorias dessas escolas de samba só sabem ficar esperando que a prefeitura e o governo do Estado lhes dêem grana para as suas despesas. Quer dizer: falta empreendedorismo. Lamentavelmente. Mas isso as Escolas de Samba podem aprender com os “donos” de blocos de Porto Velho, que a cada ano vendem mais abadas, além de obterem patrocínios importantes para as suas realizações carnavalescas.
•    Quanto aos sambas enredos, baterias e alas de baianas são o que realmente salvam as escolas de samba de Porto Velho. Esse pessoal deveria ter uma estátua em praça pública, por fazerem com dedicação e talento a descrição das nossas tradições históricas, bem como, a valorização dos nossos antepassados dentro do que preceituam a cultura, os hábitos e os costumes em nosso Estado, na Amazônia e no Brasil.

NOTA ZERO

Por fim, a que se dar nota zero ao poder público municipal e estadual que, por questiúnculas políticas continuam sem dar aos nossos valores culturais um sambódromo a altura de uma Capital de Estado como Porto Velho, que já conta com mais de 400.000 habitantes.
O local atual, além de pequeno e inadequado tem sido pessimamente iluminado e pessimamente decorado para o desfile oficial de carnaval. Aquela decoração que foi posta trata-se de uma brincadeira de mau gosto. Se é que se pode chamar aquilo de decoração carnavalesca.
Outra coisa: já é hora da Prefeitura Municipal adquirir um sistema de som verdadeiramente profissional, para que as escolas e blocos, quando dos desfiles oficiais, possam acompanhar e cantar seus sambas enredos em todo o trajeto do próprio desfile. É só uma dica.
Esses equipamentos podem ser adquiridos no Rio de Janeiro ou São Paulo. E não custam tão caros assim.
Mas quem sabe, um dia haverá paz entre os administradores estaduais e municipais. E aí, sim haverá maior reconhecimento e valorização aos nossos carnavalescos e brincantes... E principalmente, respeito aos nossos munícipes. Aí o nosso carnaval de rua, certamente, passará a ter um maior brilho.

Sem mais... Perdoem-nos pela sinceridade.

ATÉ A PRÓXIMA, PREZADOS LEITORES !!!
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