O RETORNO DO REI! - Por Ivonete Gomes

Outrora, dona Maria recebeu a alcunha de Delegada. Dizem ex-acadêmicos da Faculdade de Direto da USP que a mulher tem postura rígida e competência ímpar. Foi vice-presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e escreveu várias obras, entre elas o Código de Processo Penal e sua Interpretação Jurisprudencial e Justa Causa para a Ação Penal.

A “Delê” - como o Wikipedia diz ser carinhosamente chamada por alunos - está lá no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Foi ela que neste 7 de dezembro surpreendeu negativamente a opinião pública rondoniense ao acatar pedido de liminar para tirar da cadeia o presidente da Assembléia Legislativa, Valter Araújo. E quem somos nós, pobres brasileiros leigos, para questionar a sapiência da ministra?!

A dona Maria Thereza Rocha de Assis, certamente verificou os requesitos da prisão preventiva. Viu ali, em anásile acurada de Habeas Corpus impetrado pelos advogados de defesa em Brasília, que o cidadão Valter não vai continuar a praticar crimes; não vai atrapalhar o andamento do processo, ameaçando testemunhas ou destruindo provas; não vai fugir e estará a espera da pena imposta pela sentença.

Está em liberdade um homem acusado de chefiar esquema para desviar dinheiro da falida saúde de Rondônia e armar emboscada para agentes federais em serviço de investigação. “Buena gente”, entendeu assim a “Delê”.

E dá-lhe água fria no desembargador Sansão Saldanha e dá-lhe banho nos promotores e procuradores do Ministério Público e dá-lhe desgosto aos 300 da Termópolis.

Agora, é esperar o retorno do rei. Mas, não pense o leitor em rápida aparição pública do presidente Valter. Astuto como ele só, não deve ser visto nas próximas semanas. Não por vergonha do pacífico eleitor, mas por ocultação: o ex-hóspede do presídio federal está careca. Considerando pesquisas científicas de que o cabelo cresce em média 1,5 cm a cada 30 dias, Valter Araújo estará de volta após o recesso parlamentar para continuar protagonizando essa cabeluda saga da política de Rondônia.

E viva a impunidade!