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Pediatra, Professores e Crianças
Quarta-feira, 27 Maio de 2015 - 09:25 | Serafim Godinho
Preocupa-nos o futuro de nossas crianças, sem Pediatra para cuidar de sua saúde, sem Professores para lhes ensinar e sem os pais presentes, principalmente a mãe, em casa para lhes educar.
Faltam Pediatras, ninguém mais sonha em ser Professor. Entendo o porquê, mas as Autoridades que ditam o modelo no ensino, não entenderam que há algo de muito errado e ainda conseguem piorar, transformando a sala de aula em um campo de batalha em que o professor é sempre o vilão, e o consultório do médico Pediatra fica de cabeça para baixo, com o olhar complacente dos pais. A última que ouvi de um Jornalista, Alexandre Garcia, “ Milhares de livros estão sendo editados e distribuídos pelo Ministério da Educação orientando aos professores a não corrigir a criança que fala errado, pois estariam expondo-a à humilhação e sendo preconceituosos”. E comenta: “ Eu era chamado à atenção pela minha professora, toda vez que pronunciava uma palavra errada, ela estava me educando para a vida, para que no futuro eu pudesse ter uma profissão desejada que no meu caso foi a de Jornalista. Agradeço a minha professora”.
Entendo que as grandes mudanças pelas quais passou a sociedade nas últimas décadas acarretam, também, mudanças no modelo de educação dos filhos. Se antes uma criança era educada com base em medo e obediência, hoje é pautada pela confiança e escolha, priorizando a felicidade e a realização individual. Além disso, a possibilidade de escolha era mais reduzida. Hoje vivemos em uma sociedade que não valoriza a modéstia e sim a possibilidade e capacidade de consumo.
Entendo que a infância deve ser protegida inclusive com estatutos e leis específicas, pois elas são completamente indefesas e ingênuas, daí a necessidade do amparo do Estado.
Mas não entendo o exagero, quando o Estado se intromete no seio da família em demasia, cria a exemplo de Estados comunistas ou fascistas, a desconfiança entre familiares, a união da família que se baseia, sobretudo na confiança. Essa política de filhos denunciando pais não deu certo no Nazismo, no Comunismo nem no Fascismo. Sabemos que uma criança ao nascer é como um diamante a ser lapidado, é preciso educá-lo, impor limites, e quando necessário deve ser punido. Essa é uma função que cabe apenas aos pais, a ninguém mais. Acredito que o Estatuto da Criança e Adolescentes deve existir sim, mas tem que ser modificado; acredito que a lei da palmada deveria ter outro nome, pois uma simples palmada da mãe ajuda na educação do filho. Até a célebre palmada que os médicos aplicavam na nádega do recém-nascido para agilizar o choro, facilitando a expansão de seu pulmão, está proibida.
Como está, estamos correndo o risco de não ter mais professores. Atendo em meu consultório essa nobre, mas sofrida classe, todos com as mesmas queixas e sintomas: depressão, medo, traumas diversos, não conseguem mais conviverem com os constantes conflitos em sala de aulas, obrigados a tolerar o desrespeito e ameaças. Não concordam em ter que aprovar um aluno que nada sabe e, o maior sofrimento de todos, lidar com a lei que sempre favorece a criança e o adolescente, ameaçados sempre pelo todo poderoso conselho tutelar.
Quanto à extinção do pediatra, que cuida da saúde dos pequenos, engana-se quem pensa ser a causa questões de baixas remunerações; ao contrário, alguns convênios pagam mais alguns procedimentos de pediatria e nos particulares, qual pai que não faz qualquer coisa para tratar a saúde de seu filho? A verdade é outra. É o chamado efeito dominó, o que acontece com a professora em sala de aula esta acontecendo nos consultórios de pediatria. Crianças rebeldes, pais ansiosos, um estresse permanente.
Lembrando sempre que criança nenhuma aprende alguma coisa, o que quer que seja sem uma fonte que possa lhe servir de referência. Essa fonte pode ser um adulto, um irmão mais velho, a televisão, o computador...
Enganam-se quem considera aprendizado apenas as coisas úteis. Vale esclarecer que instrução, que é o meio pelo qual se aprende qualquer coisa, pode ser negativa ou positiva, e tudo isso é material cognitivo na mente imatura de uma criança. Informação cognitiva pode ser coisa inútil, ou útil, e tudo isso é instrução, orientação, sugestão de como fazer.
Vide o exemplo dos jovens, ou mesmo adultos, muitas vezes supostamente já esclarecidos, e ainda assim vulneráveis às correntes negativas, ainda sujeitos aos condicionamentos deformados, como os vícios pelas drogas, pelo jogo, e outros desvios morais. Agora imagine a mente de uma criança, um terreno vazio, sem discernimento algum, um livro com suas páginas ainda em branco, onde se pode escrever qualquer coisa.
Maus hábitos se aprendem primeiramente em casa, e depois são aperfeiçoados na rua. Sem predisposição para a coisa, o processo não vai adiante. Assim, tendo o exemplo, a sugestão, a referência, a incitação que surge ao seu redor, logo encontrará na rua o apoio que precisa para dar continuidade à prática na qual já foi iniciado.
Pais que não se posicionam abertamente contra um mau hábito diante dos seus filhos, sendo que eles próprios precisam servir de exemplo, também, de forma indireta, estão apoiando os desvios comportamentais. Se a ideologia praticada em nossa casa, pelos nossos pais e irmãos mais velhos não for coisa construtiva, logo, o mundo lá fora se encarregará de contaminá-las com suas idéias e posturas absurdas.
Com bom exemplo em casa, e nesse caso as palavras só não bastam, nada do mundo lá fora será capaz de desviar a conduta dos nossos filhos. Bom exemplo significa boa ética e atitude pessoal, firme posicionamento contra as deformações sociais e manias bizarras, e a presença diária no convívio com os filhos. Diante de tudo isso, eles estarão encapsulados, blindados, contra o forte assédio das influências negativas que brotam de todos os lados, na sociedade patológica onde vivemos. É importante que se aprenda de uma vez por todas- professor, escola é para ensinar, inserir. Educar é dever dos pais.
A primeira atitude a se tomar diante de um mau comportamento de uma criança ou um adolescente é analisar se tal atitude não é uma característica natural da idade. Muitos pais se desesperam porque o filho passou a ser mais teimoso ou fazer mais birras. Mas em determinadas idades é normal que a criança ou o adolescente aja dessa forma, até mesmo na escola. O que não significa que os pais devam ser permissivos e ignorar tais atitudes. Eles devem orientar e corrigir os filhos para que eles não acreditem que atitudes assim são aceitáveis.
O que pode se caracterizar como transtornos sérios, de fato, é a prolongação ou o agravamento do problema. Ou seja, se a criança está demorando demais para “melhorar” ou se as atitudes estão ficando mais constantes e sérias é sinal de que algo não vai bem. Então, os pais precisam urgentemente procurar um meio de descobrir as causas de seus problemas, bem como maneiras de solucioná-los.
E claro, os pais, bem como os professores, precisam aproximar-se sempre das crianças ou adolescentes com o intuito de conhecê-los e procurar entender seus conflitos. E antes de julgá-los por suas atitudes, devem tentar identificar a raiz do problema, para que ele não permaneça enraizado, ou não gere efeitos mais sérios no futuro.
Estudos sobre mau comportamento escolar mostram um fato preocupante: a educação do lar pode ser o fator principal. Afinal, as crianças refletem socialmente a maneira como lidam dentro de suas casas. No entanto, muitos pais ainda acreditam que a escola tem o dever de educar, quando na verdade ela tem o dever de ensinar.
O grande problema além das leis que tiram a autoridade do professor é a família, pois as relações vividas pelas crianças em casa refletem na sala de aula. Daí a importância dos pais se relacionarem com a escola, até para que possa ser “educados” no sentido de se relacionarem com seus filhos.
Temos um exemplo a ser seguido- o Japão. Lá toda a pessoa, inclusive Chefes de outros Estados, como ocorreu com o Presidente Americano, ao cumprimentar o Imperador fazem uma mesura, abaixando a cabeça. O único que tem o direito de cumprimentá-lo, sem fazer mesuras, olhando em seus olhos, é o Professor.
Pensamento da Semana
Memória é a relação entre o que vemos e o que lembramos, junção entre o presente e o ausente. Existe uma consciência que ocorre com a percepção e que nos mostra o mundo, evoca momentos passados, presente para mim, mas que percebe o que não é presente, agindo sobre o que já aconteceu. A memória é justamente o paradoxo inexplicável da presença do ausente, como, de alguma maneira, o passado está em nós. É importante no sentido que tendo a memória do passado, possamos viver melhor o presente e usar do conhecimento e experiência e planejar o futuro.