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Picareta foge deixando rombo na cidade e desfalca campanha de ex-prefeito
Segunda-feira, 05 Dezembro de 2011 - 11:01 | Dimas Ferreira
(Alexander Pope )
AH, PÁRA, OW!
A coisa anda encalacrada para o lado do ex-prefeito Melki Donadon (PTB), que se prepara para tentar voltar ao poder no ano que vem. Não bastasse o prefeito Zé Rover (PP) seu provável adversário, andar ciscando entre seus aliados, sua campanha sofreu uma baixa inesperada: o principal candidato a vereador de sua coligação, Adelson Mouri, o Batoré, sumiu da cidade após aplicar golpes em meio mundo.
QUE ALÍVIO...
Embora as picaretagens de Batoré, que atuava como garagista, tenham lesado gente que deu duro para comprar seu carrinho, há quem tenha ficado aliviado com sua fuga. Já imaginou se esse miserável se elege..., argumenta um eleitor, diante da possibilidade de o mala ter levado adiante sua candidatura e, após a vitória, estabelecer na Câmara a mesma ligeireza que o consagrou no comércio.
TERRA DE OTÁRIOS
Este, infelizmente, não é o primeiro caso de empresário que deixa a cidade após passar a perna em credores. Anos atrás, o aparentemente próspero Josué Forte, dono de uma sólida empresa de auto-peças, vazou no meio da noite e largou por aqui um rombo milionário. Recentemente, na surdina, foi visto na região por antigos conhecidos, mas sumiu tão logo sua presença foi informada às vítimas do calote coletivo, que atingiu principalmente agiotas.
PRECAUÇÃO
Para algumas pessoas, a operação da Polícia Federal que culminou na prisão do deputado Valter Araújo (PTB) acabou sendo didática. Dizem que, em Vilhena, um figurão acostumado a discutir questões nada republicanas em seu próprio escritório, teria passado a receber os interlocutores dentro da piscina de sua casa. É um lugar onde dificilmente a PF conseguiria instalar escutas ambientais, como as que desgraçaram o presidente da Assembléia.
NAVALHADA
Está na mesa de um dos promotores de Vilhena a denúncia de uma mulher, cujo neto morreu em Porto Velho, após ter a saúde supostamente comprometida por duas médicas locais. Sempre empacado para denunciar médicos que submetem pacientes da região a desgraças irreversíveis, de repente o MP se comove com o drama do garotinho, que morreu nos primeiros dias de vida, vitimado pela alegada incompetência profissional das especialistas.
VIDA DURA
É de dar pena a situação psicológica do deputado Valter Araújo, há duas semanas trancafiado e sendo ouvido pela Polícia Federal em Porto Velho. Pessoas que visitam o parlamentar deixam a carceragem impressionadas com o abatimento dele, que chora copiosamente a todo instante e apresenta visíveis sinais de que está também com a saúde física debilitada. Há quem diga que, no estado em que se encontra, Valter vai aceitar, facilmente, fazer um acordo de delação premiada, que é exatamente o que a policia quer.
VÊ SE PODE...
Barrado pelo Ficha Limpa e depois liberado, o ex-deputado Kaká Mendonça não vai encontrar vida mole na justiça eleitoral durante a próxima campanha. Mas, se nos tribunais o rapaz, que é suplente de deputado e continua, mesmo sem mandato, dando as cartas na Assembleia, encontra obstáculos, junto ao eleitorado, seu prestígio sem mantém quase intacto. É o que revela uma pesquisa eleitoral encomendada pelo PMDB e feita pelo Irpe, de Vilhena: a sondagem indica que se as eleições para prefeito de Pimenta Bueno fosse hoje, Kaká seria eleito com o dobro de votos do segundo colocado. Difícil vai ser registrar a candidatura...
DEBANDADA
Os treinamentos que os homens da Força Aérea Brasileira fazem em Vilhena provocaram um incidente dias atrás. Na mesma manhã em que a Polícia Federal invadiu a Assembléia um helicóptero da FAB pousou bem ao lado da Câmara de Vereadores. Como a Casa é habitada por gente que tem rolo de tudo quanto é tipo da justiça, a correria foi grande. Há relatos de que um vereador foi parar em Chupinguaia e de lá só retornou quando ficou esclarecido que o pouso da aeronave era só uma manobra militar mesmo.
CADÊ A PROVA?
Este colunista já foi tão aporrinhado com a mesma história que resolveu torná-la pública: faz meses que gente pedindo sigilo aparece denunciando o prefeito Zé Rover (PP) por estar construindo um hotel milionário em Cuiabá (MT). Nenhum dos que fazem a acusação apresentam uma mísera prova de que o mandatário está mesmo executado o empreendimento que, aliás, não tem nada de ilegal. Fica o aviso, então: quem quiser dar visibilidade à suposta malandragem do alcaide, que traga fotos, documentos, testemunhas... Estamos conversados?
CARA DE UM...
Pouco conhecido em Vilhena até assumir interinamente a presidência da Assembleia Legislativa, o deputado Hermínio Coelho (PSD) passou a ser protagonista das principais discussões nos meios políticos locais. Entre uma previsão e outra sobre o futuro do parlamentar, um gaiato saiu com essa e estragou um papo que era sobre coisa séria: Já repararam como esse Hermínio é a cara do Beato Salú?. Referia-se ao personagem meio maluquete da inesquecível novela global Roque Santeiro.
BAZAR DE DOIDO
Outra do repertório do escalafobético repórter Carlos Macena: Essa é pra ganhar Leão de Ouro de mídia alternativa em Cannes: um carro de som berrava, Major afora na manhã de quinta-feira, as vantagens de uma sex shop da cidade, onde há itens, segundo o locutor, adequados para você, seus amigos e todos seus familiares! Não contente com o descaramento da sugestão, o sujeito emendava: E também trabalhamos com artigos para festas infantis!! Óia óia óia... Vai que a propaganda funciona (nesse mundo tem doido pra tudo mesmo...), o telefone dispara e um funcionário distraído confunde os pedidos e manda apito, língua-de-sogra e balões para um motel? Ou faz pior: despacha um kit vibrador-boneca inflável-gel-calcinha mastigável para enfeitar um aniversário de cinco anos? Já imaginou o rolo? Ia bombar no YouTube...
ACONTECEU
O DIA EM QUE VEREADOR ENGRUPIU PREFEITO
No início de 1998, o então prefeito de Vilhena, Melki Donadon, marcou um ato público na Câmara de Vereadores, onde apresentaria sua renúncia ao mandato, que assumira no ano anterior, para disputar o Governo do Estado. O local estava apinhado de gente, muitos numa espécie de transe, hipnotizados pelo jovem mandatário, que apelava para questões religiosas a fim de justificar aquela ousadia política.
Todos os que discursaram elogiaram a coragem de Donadon, que resistira às pressões do governador de então, Valdir Raupp, para permanecer no cargo. Quando chegou a hora do vereador João Batista Gonçalves, o Cabo João, o parlamentar exagerou:
- Essa cidade está muito pequena para o Melki. Ele tem vocação para governar é o nosso Estado...
E passou meia hora desfiando as supostas virtudes do futuro adversário, já que seu candidato naquela ocasião era o senador José Bianco. Aliás, até amigos estranharam a postura de João:
- Qualé, Cabo... Vai roer a corda com o Bianco?
- Nada: foi o próprio senador quem mandou eu encher o Melki de graveto...
- Hein?
- Ele vai se lascar na campanha e ainda atrapalhar o nosso verdadeiro adversário, que é o Raupp!
Não deu outra: apesar do barulho, Donadon não chegou ao segundo turno, e de quebra ainda liquidou as chances do governador de derrotar Bianco no mano a mano.