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Revista VISÃO traz a expansão da soja em Rondônia

Terça-feira, 12 Abril de 2016 - 14:04 | Da Redacao


A revista VISÃO RONDÔNIA  chega à sua 6ª edição com reportagem especial de capa sobre o avanço da soja em Rondônia. Acompanhe o contéudo completo na única publicação mensal segmentada para o agronegócio. JÁ NAS BANCAS

A safra 2015/2016 da soja começou e terminou em meio a um cenário de incertezas gerado pela oscilação do dólar. Com os custos de produção elevados, o cultivo da oleaginosa foi recheado de fortes emoções.  Antes de colocar a sementadeira no campo, muitos produtores de Rondônia negociaram parte da safra em operações como o barter – troca de insumos por grãos. Daí em diante foi aguardar para que, no maior nível de pessimismo, houvesse margem de lucro reduzida.

Mas na microrregião de Vilhena um milagre veio do céu.  Chuva e sol na medida e momento certos fizeram a produtividade por hectare saltar para uma média de 67 sacas. A fazenda Independência, onde há agricultura de precisão, alcançou o patamar de 70 sacas.

Na propriedade do agricultor Nadir Comiram, bem na divisa dos estados de Rondônia e Mato Grosso, a colheita foi concluída no começo deste mês. Não houve comemoração porque a margem de lucro foi pequena, mas também não houve chororô porque a produtividade foi uma das melhores dos últimos anos.  “Tá bastante difícil a situação da agropecuária no Brasil. A soja é uma commodities. Chegou a bater em R$ 65,00. Hoje se falou em R$ 60,00. Para leigo esse valor pode ser visto como bom, mas pra nós que compramos fertilizante, semente, defensivo, tudo a preço de dólar, praticamente só paga a conta”, reclamou o agricultor, que também é presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Rondônia).

Nadir Comiram é um dos pioneiros da soja no estado. Saiu com a família da pequena cidade de Chopinzinho (PR), “fez um tour” pelo Brasil e, em 1998, fixou residência em Vilhena. Ele conta que o começo foi difícil. “Não tinha quase ninguém plantando soja para trocar experiência e os insumos eram muito caros”. Na fazenda dele, localizada bem na divisa dos estados de Rondônia e Mato Grosso, a área plantada é de 1.800 hectares. A colheita da soja começou em fevereiro e foi concluída no começo deste mês. A lavoura agora é de milho safrinha. “Nosso milho é de excelente qualidade. É colhido na seca”, orgulha-se.

Prevendo uma próxima safra com custos de produção elevados em 30%, o presidente da Aprosoja espera mudanças na política e economia do país. “Enquanto isso, nós vamos nos organizando. Oficialmente, a associação de Rondônia está saindo do berçário e tem um trabalho muito grande para ser feito a nível de estado. Depois que todo mundo terminar a colheita vamos iniciar assembleias nos municípios”, diz ele.

À frente das pesquisas da Embrapa Rondônia na área de culturas anuais, Vicente Godinho, corrobora a apreensão diária dos produtores de soja do estado, em especial, na região do Cone Sul. “Na cultura da soja a calça é muito apertada. Tem muita liquidez, mas a margem é extremamente pequena. Muitos produtores trabalham normalmente entre o lucro e o prejuízo”, diz Godinho.

Mesmo diante de tanta preocupação, a soja continua avançando em Rondônia. A safra 2015/2016 foi 6% maior que a anterior. A área plantada aumentou de 231,5 mil ha para 245 mil ha, de acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A Série Histórica de Produtividade da companhia estima a safra em 776,2 mil toneladas. Os números colocam o estado na terceira posição do ranking de maior produtor do Norte e a soja como maior e principal cultura anual, superando o café na representação do PIB. “Ela não está ocupando, está conquistando espaço. Já está em grandes áreas de vazio demográfico, onde o solo apresentava algum nível de degradação”, diz Vicente.

A facilidade de comercialização da soja e os benefícios que ela traz ao solo são fatores que vêm inspirando pecuaristas a investir na cultura. Mas, segundo Vicente Godinho, o máximo que Rondônia pode chegar a ter de área plantada não passa dos 2 milhões hectares, muito longe da realidade do Mato Grosso, onde a área chega a 6 milhões. “Vai ser um caminho longo até chegar a esses 2 milhões. O estado tem uma estrutura fundiária de pequenas e médias propriedades. A cultura da soja exige escalas maiores de produção. Tem que ter área grande. A gente vai atingir essa área, mas bem devagar ocupando espaço da pecuária sem comprometer a atividade que busca alguns complementares para ajudar na sustentabilidade”, avalia o pesquisador.

Série Histórica de Área Plantada

(mil/ hectares)                                           

SAFRA/ANO

2012/13

2013/14

2014/15

2015/16

ÁREA

167,7

191,1

231,5

245,0

Série Histórica de Produtividade

(kg/hectare)

SAFRA/ANO

2012/13

2013/14

2014/15

2015/16

KG

3.216

3.180

3.166

3.168

Fonte: Conab

Oscilação do dólar e ferrugem asiática...haja pesadelo

O sojicultor de Rondônia viveu uma safra - como diz a expressão regional – de muito perrengue. Iniciou o plantio com a aflição da instabilidade econômica e permaneceu até o final atento à ameaça de ferrugem asiática na lavoura. Segundo dados da CDAP (Coordenadoria de Desenvolvimento Agropecuário de Rondônia) dois terços da safra 2014/2015 foram atingidos pela doença.

Causado por um fungo que se transporta pelo vento, a ferrugem asiática apareceu pela primeira vez nas plantações do estado em 2001. Segundo o pesquisador da Embrapa Vicente Godinho, nesta safra a doença veio com baixa pressão e só no mês de janeiro. “A ferrugem é um dos fatores que mais oneram e restringem a produtividade da soja”, disse Godinho.

Para evitar a doença, o governo do estado tem sido feroz na fiscalização do período do vazio sanitário. Entre 15 de junho e 15 de setembro as lavouras de soja ficam terminantemente proibidas. Quem for flagrado com plantações nesse espaço de tempo está sujeito à sanção de multa pesada e gastos com maquinário para retirada de todas as plantas vivas, onde o fungo (parasita obrigatório) se instala e prolifera.

Mais cultivares, mais liberdade  de escolha

Há 12 anos trabalhando na área de genética e melhoramento da soja, o pesquisador da Embrapa Rodrigo Brogin comanda ensaios nos municípios de Vilhena, Castanheiras e Porto Velho. Fala da grande novidade lançada no mercado em 2015: o Sistema de Produção Cultivance®, uma nova ferramenta para rotação de tecnologias na cultura da soja.

A nova cultivar é a primeira transgênica 100% brasileira. Vem de estudos realizados ao longo de duas décadas pela Embrapa em parceria com a BASF, líder mundial da indústria química. A Cultivance Combina cultivares de soja geneticamente modificada. Tem grande potencial produtivo e resistência a herbicida para controle de plantas daninhas de folhas largas e estreitas de difícil controle. “É uma ferramenta para que o produtor tenha maior rentabilidade e uma atividade mais  sustentável”, diz Brogin.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária tem trabalhado para aumentar o portfólio de cultivares e dar opção de escolha ao produtor de soja. Além da Cultivance estão entre as variedades recomendas as transgênicas RR e a Intacta RR2 - cultivar resistente ao herbicida a base de glifosato.

Em relação às variedades de soja convencional, a Embrapa trabalha com o programa “Soja Livre”, levando ao produtor as diversas opções de sementes. “Há três safras, nossa lavoura era 100% formada com a soja convencional. Essas variedades tem preço diferenciado em muitos países da Europa”, afirma Rodrigo Brogin.

De acordo com a Embrapa, o sistema de produção de soja convencional passou por grandes inovações. Atualmente, as cultivares apresentam alta produtividade, têm competitividade, estão livres da taxa tecnológica dos OMG´s (organismos geneticamente modificados), além de bonificação.

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