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Se toca, mulher! - Outubro Rosa
Quarta-feira, 17 Outubro de 2018 - 11:07 | por Juliana Maria de Oliveira
Outubro é mês de campanha de prevenção ao câncer de mama e de colo do útero. Voltada para a ampla divulgação a respeito de diagnóstico precoce, sintomas, recursos e locais de atendimento, seu objetivo é levar informações sobre atitudes e serviços que devem ser lembrados o ano inteiro. Esses dois tipos de câncer atingem, em sua maioria, o público feminino. O câncer de colo do útero é exclusivo do público feminino, porém o câncer de mama pode atingir também os homens, apesar de ser um fenômeno raro.
Assim como para outros tipos de câncer, o apoio psicológico é fundamental para que a paciente compreenda seu quadro e siga o tratamento corretamente. Podemos entender como apoio psicológico, o apoio da família, o de pessoas próximas e da equipe que lhe atenda e preste cuidados, além do acompanhamento de um profissional de psicologia, com a paciente e sua família.
O câncer de mama traz algumas especificidades, relacionadas à saúde emocional da mulher, que devem receber atenção. As mulheres são constantemente cobradas a seguir padrões de beleza e comportamento que podem dificultar a autoaceitação e isso pode influenciar negativamente em momentos de maior fragilidade. O câncer de mama afeta a feminilidade e podem surgir muitos medos relacionados à sua autoimagem, baixa autoestima, incerteza quanto ao futuro, dificuldades de relacionamento interpessoal, ansiedade e depressão.
Os tratamentos para o câncer, como a quimioterapia e radioterapia, podem levar a perda de peso, perda dos cabelos e a retirada do tumor através da mastectomia. Esses acontecimentos são carregados de emoções e sentimentos sobre o significado de vaidade, das relações e, principalmente, sobre o significado da vida.
Outro aspecto importante levantado pela campanha é o incentivo ao autoexame da mama, realizado pela mulher por meio do toque na região da mama. A importância do autoexame está ligada ao autocuidado e ao autoconhecimento. Além de proporcionar a possibilidade de monitorar o aparecimento do câncer de mama, o autoexame aproxima a mulher do conhecimento do seu corpo, que muitas vezes é negligenciado por vergonha de tocar-se e olhar-se.
O autoconhecimento corporal ainda é tabu entre as mulheres, pois remete a aspectos culturais que repreendem a sexualidade e a sensualidade da mulher. O momento do autoexame pode se constituir como um exercício de carinho, amor próprio, cuidado com a saúde e conhecimento de si. E caso a mulher observe que evita fazer o autoexame ou que sente alguma dificuldade em olhar-se e tocar-se, poderá investigar os motivos desse incômodo conversando com alguém em quem confie ou com algum profissional da área da saúde disposto a escutá-la, como os da psicologia.A campanha Outubro Rosa abraça, além do câncer de mama e de colo do útero, as temáticas do cuidado e do autoconhecimento como chaves para o bem-estar e qualidade de vida. Ainda que a mulher não tenha o câncer de mama e independentemente do estágio que esteja passando pela doença são muito importantes o conhecimento de si, a percepção de que a feminilidade não se resume a aspectos físicos e o cultivo de relações e vínculos saudáveis.
*A autora é Psicóloga CRP 20/04976. Formada pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Especialista em Gestão Organizacional e de Pessoas pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Atende atualmente na clínica Fábrica de Competências em Porto Velho